As antigas locomotivas, o apito na estação, o sacolejar dos vagões. Viajar de trem carrega uma nostalgia que o tempo, ainda bem, modernizou. Na Europa, composições a mais de 200, 300 quilômetros por hora percorrem uma rede ferroviária tão extensa quanto integrada – e que em nada lembra os tais antigos e resfolegantes comboios.
Da Côte d’Azur aos Alpes Suíços, da Península Ibérica à Polônia, vilas encarapitadas, picos nevados e baías charmosas se desenham na janela, transformando a própria viagem em um grande programa. O trem é pontual e você costuma sair e chegar no centro da cidade. A seguir, tire suas dúvidas sobre viagens em trens europeus:
Viajar de trem ou de avião?
O trem é um meio seguro, confortável, econômico e eficiente, mais ainda na Europa, com sua extensa rede ferroviária. Viajar sobre os trilhos é também uma forma mais ecológica de se deslocar, já que a pegada de carbono é menor que a dos voos. De qualquer forma, é preciso considerar algumas variáveis para decidir entre trem ou avião.
Se o destino estiver a uma curta distância, digamos até 4 ou 5 horas, o trem será sempre o mais indicado. Você sairá do centro de uma cidade e chegará ao centro de outra. O deslocamento entre Barcelona e Madri, por exemplo, leva 2h30 de trem.
Nessa caso, quando você coloca na balança o deslocamento até o aeroporto e os procedimentos de embarque no avião, percebe que chega mais rápido se for de trem. A mesma lógica vale para viagens pinga-pinga, quando o tempo que você passa em cada cidade é curto. Um bom exemplo é o trajeto Madri-Valência-Barcelona: você pode perfeitamente cobrir o mesmo trecho de avião, mas se o tempo em cada cidade for curto, mais vale ir de trem e economizar no deslocamento para o aeroporto.
Já para viagens de longa distância, ou seja, acima de cinco horas de trem, prefira os aviões. É menos cansativo, quase sempre sai mais em conta – confira as companhias low cost europeias, como a irlandesa Ryanair e a britânica easyJet – e você poupa tempo. De Amsterdã até Berlim, a viagem de trem sem paradas leva 5h52, já de avião, 1h20. No site FlightConnections você consegue saber quais voos partem de um determinado destino e eventuais conexões.
Trens noturnos
Os trens noturnos (ou sleeper trains) voltaram com força na Europa nos últimos tempos. A modalidade de transporte que estava quase extinta no continente está com cada vez mais rotas entre diferentes países. A demanda por viagens e deslocamentos mais sustentáveis é uma das principais razões. Pondere se você consegue ter uma boa noite de sono levando em conta os sacolejos, paradas nas estações, anúncios da tripulação e o entra e sai de passageiros. Considere também que em um mundo onde cada vez mais o check-in em hotéis e Airbnbs começa a partir das 14h, às vezes a partir das 15h, e você terá pisado no seu destino cedo pela manhã, poderá ser uma espera longa. Outra questão a se ponderar é o custo, nem sempre mais barato a ponto de justificar uma economia real. Saiba mais sobre os trens noturnos aqui.
Para facilitar os cálculos na hora de decidir o que vale mais a pena, você pode acessar o site da Omio, que compara tempo de viagem e preços de trem, ônibus e avião.
Onde comprar a passagem?
O Trainline concentra grande parte das rotas entre os países europeus. No site, é possível comparar os preços das companhias ferroviárias para uma mesma viagem – as tarifas para viagem de ônibus também estão disponíveis – e marcar assento. Outra opção é comprar diretamente no site das companhias ferroviárias que operam a rota. Compare os preços do Trainline com o site da companhia ferroviária para ver o que vale mais a pena. As principais empresas são:
Alemanha: Deutsche Bahn e Flixtrain
Áustria: ÖBB, WestBahn e RegioJet
França: SNCF, Ouigo, TGV Lyria e Eurostar
Reino Unido: National Rail, Eurostar e Lumo
Suíça: ÖBB, SBB, TGV Lyria e WestBahn
Comprar com até 4 meses de antecedência costuma garantir promoções nos trens de alta velocidade, mas não tem para onde fugir no caso de trens regionais, que costumam vender passagens a preço fixo. Para trens noturnos, consulte o mapa com todos os percursos no site da Back on Track. As principais companhias são Nightjet, European Sleeper, Caledonian Sleeper e a low cost Intercités.
Algum cuidado no embarque?
Não é preciso fazer check-in, mas seja pontual: trens não costumam atrasar e param por pouco tempo nas estações. Com exceção de viagens da Eurostar, que encerra o embarque 30 minutos antes da partida e indicaa que se chegue na estação com antecedência entre 60 e 120 minutos, no geral recomenda-se chegar pelo menos 30 minutos antes para localizar a plataforma e não chegar esbaforido, principalmente no caso de grandes estações. A dinâmica para encontrar o local de embarque é a mesma de aeroportos: localize o número do trem nos painéis eletrônicos com horários e depois siga as placas.
Um funcionário deve conferir sua passagem durante a viagem, então deixe-a em um lugar de fácil acesso, seja impressa ou e-ticket.
Como proceder com a bagagem?
Geralmente não há limites restritivos e você leva a quantidade de malas que desejar, mas é importante conferir as regras de cada companhia.
Nos trens, não existe despacho de bagagem: você tem de carregar as menores o tempo todo e encaixá-las no compartimento sobre os bancos, como no avião, enquanto as maiores ficam na entrada dos vagões. O ideal é se contentar com uma mala média e uma boa mochila.
Quais são as facilidades a bordo e nas estações?
Nos trens de alta velocidade, há carros-bar e restaurante, e alguns poucos têm carrinhos de bebidas e lanches que circulam pelos corredores. Esses serviços não costumam ser oferecidos nos trens regionais, mas em todas as viagens é permitido levar alimentos e bebidas.
É liberado o uso de celular e alguns trens têm rede wi-fi (apesar do sinal muitas vezes instável), tomadas e entradas USB. As estações podem ter tantas comodidades quanto os aeroportos.
Como desembarcar?
Nem sempre os trens tem painéis que anunciam as estações, então familiarize-se com o itinerário. Como os comboios são pontuais, é possível se preparar para descer de acordo com o horário previsto de chegada que está no cartão de embarque.
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