O basicão
Que é bom saber antes de virar volunturista
O que é volunturismo?
É um tipo de turismo responsável e sustentável – que combina um período de trabalho social em organizações beneficentes sem fins lucrativos com passeios por destinos no geral pouco explorados pelo turismo de massa.
Como é um dia de viagem típico?
As atividades de voluntariado costumam ocupar metade do dia quando são realizadas em cidades grandes e deixam a outra parte do dia para que o viajante possa explorar o lugar. Já os programas que acontecem em lugares mais isolados, como reservas de conservação natural, preveem trabalho o dia todo, mas com folgas aos finais de semana.
As tarefas realizadas pelos turistas variam, mas quase todos os projetos podem incluir trabalhos mais braçais, como no setor de manutenção ou limpeza da associação beneficiada, em determinado momento. O dia de trabalho começa bem cedo e pode totalizar entre quatro e oito horas de labuta, dependendo do programa.
O que está incluído?
As refeições estão quase sempre incluídas e costumam ser feitas ou dentro do projeto social, ou na acomodação coletiva, junto com outros participantes. Não é raro encontrar pacotes em que o próprio voluntário é responsável por cozinhar.
A hospedagem faz parte de todos os programas. Algumas acomodações podem ser em casa de família, em quarto compartilhado, outras podem ser em residência estudantil e existem ainda as que reservam um alojamento ou uma casa alugada apenas para os voluntários. Todas as acomodações serão básicas e o banheiro é, na maioria dos casos, compartilhado.
A passagem aérea nunca está incluída no valor anunciado. Alguns programas têm passeios guiados, enquanto outros deixam os dias livres à disposição do volunturista, que pode organizar suas viagens por conta própria ou até contratar excursões.
Quais são os pré-requisitos?
Para se candidatar a um programa de trabalho voluntário nas agências brasileiras é preciso ser maior de idade, apresentar uma ficha de antecedentes criminais e uma apólice de seguro-viagem.
A grande maioria dos programas também exige que o candidato tenha conhecimento intermediário de inglês – em alguns programas, essa habilidade pode ser substituída por espanhol básico.
Grande parte dos destinos de volunturismo está em zonas tropicais onde ocorre febre amarela. Nesses lugares o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), emitido pela Anvisa, é uma exigência para ingressar no país.
Por que pagar para trabalhar?
Quem escolhe fazer volunturismo quer fazer uma viagem com um propósito, uma causa – e parte do princípio de que conhecer os lugares ajudando outras pessoas é uma experiência altamente transformadora.
A presença de um viajante, mesmo voluntário, em suas dependências gera custos para a organização beneficiada. Gastos com alimentação e hospedagem de voluntários, por exemplo, podem representar uma boa parcela da despesa de várias organizações.
Para não diminuir os investimentos em melhorias para a comunidade, as ONGs repassam às agências de viagem os custos de manutenção desses trabalhadores temporários. A maioria dos programas também inclui uma doação generosa ao projeto escolhido, que tem liberdade para gastar os repasses como bem entender. Em destinos onde raramente há incentivos de empresas ou governos locais, as taxas são essenciais para viabilizar as atividades das entidades.
Dá pra ir por conta própria?
Sim, é possível organizar uma viagem de voluntariado por conta própria, mas o auxílio de operadoras de intercâmbio pode ser essencial para salvar o viajante de cair em uma fenomenal enrascada. Não são raros os relatos na internet de pessoas que vão parar em organizações que vendem gato por lebre.
Na África do Sul, por exemplo, há notícias de supostas reservas de preservação de leões que na verdade não passam de criadouros de animais para caça esportiva. Já no Camboja houve casos de orfanatos que ludibriaram famílias locais a deixarem seus filhos na instituição apenas para atrair voluntários de outros países.
As operadoras de intercâmbio cobram taxas de serviço, o que pode encarecer o programa, mas a vantagem é que elas garantem a idoneidade das organizações selecionadas. Se ainda assim você preferir se candidatar sem o auxílio de uma empresa brasileira, verifique com bastante atenção o histórico da ONG escolhida.
Para localizar oportunidades confiáveis, procure em sites como o Worldpackers, que oferece, além dos já famosos intercâmbios de trabalho em hostels, oportunidades de voluntariado em instituições de impacto social e em projetos ecológicos. Ou o WWOF, que reúne fazendas orgânicas onde é possível trabalhar como voluntário.