Guia de destino

Chicago

Por Bárbara Ligero | mar 2025

Chicago renasceu das cinzas. Pode parecer chavão dito assim, mas a devastação de boa parte da região central durante o Grande Incêndio de 1871 foi o que levou a cidade a se reconstruir com os primeiros arranha-céus dos Estados Unidos. Hoje, gigantes de aço e concreto criados por nomes como Frank Lloyd Wright e Mies van der Rohe fazem o visitante torcer o pescoço. 

O conjunto é complementado por obras de arte a cada esquina. Nas ruas e praças, há esculturas de artistas como Picasso e Miró e de outros mais contemporâneos, como Anish Kapoor – sua escultura Cloud Gate, no Millennium Park, é um dos pontos mais fotografados da cidade e está reluzindo depois de passar por uma restauração entre 2023 e 2024.

Outros atrativos de Chicago ficam mais escondidos. Afinal, a cidade que já foi dominada por gângsters, Al Capone entre eles, aprendeu a viver à espreita. Na década de 1920, a Lei Seca fez fervilharem speakeasy – na época, estabelecimentos escondidos onde os moradores podiam beber longe dos olhos atentos da polícia; hoje, bares para lá de charmosos.

Chicago também é uma das melhores cidades para comer nos Estados Unidos. Essa faceta gastronômica vem chamando mais atenção desde o lançamento da série O Urso (disponível na Disney+), sobre uma lanchonete que vende italian beef sandwiches, receita criada na cidade por imigrantes italianos. Mas os italianos não foram os únicos a fazer suas contribuições: a metrópole que recebeu imigrantes de várias partes do mundo tem ótimos restaurantes étnicos, muitos deles listados pelo Guia Michelin.

QUANDO IR

O inverno é rigoroso, com temperaturas despencando vários graus abaixo de zero e muita neve. A estação mais fria do ano traz consigo feiras natalinas, decorações festivas e patinação no gelo no Millennium Park. Entre janeiro e fevereiro, a Chicago Restaurant Week tem promoções em restaurantes e a Chicago Theatre Week, descontos nos ingressos de espetáculos. 

As celebrações do St. Patrick’s Day se estendem por todo o mês de março, mas o ápice é o Chicago River Dyeing, no sábado anterior ao dia 17 de março: o Rio Chicago é tingido de verde e acontece uma parada pelas ruas do centro.

As temperaturas começam a ficar mais agradáveis na primavera, entre maio e junho. Em julho, a agenda cultural da cidade ferve. Alguns dos destaques do mês são a Chicago Pride Parade, uma das maiores paradas LGBTQIAP+ do mundo, e o Chicago Blues Festival, com programação gratuita de grandes nomes do blues.

No verão, as temperaturas beiram os 40ºC e a lista de eventos continua longa. Fique de olho no lineup do Lollapalooza e do Chicago Jazz Festival, que acontecem em agosto, e no festival de comida e música Taste of Chicago, em setembro.

Volta a esfriar bem no outono, mas os termômetros geralmente ficam acima dos 0ºC. As árvores com folhas amareladas dão um charme único à cidade. Nessa época acontece a Maratona de Chicago (em outubro), além de eventos de Halloween.

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ONDE FICAR

O endereço mais cobiçado para se hospedar em Chicago é a Magnificent Mile, forma como é popularmente chamada a porção da Michigan Avenue que vai da Oak Street Beach, praia do Lago Michigan, até a DuSable Bridge, ponte sobre o Rio Chicago. 

Bem na ponta norte da Magnificent Mile, praticamente de frente para a Oak Street Beach, está o The Drake, um clássico da cidade. Inaugurado em 1920, o hotel já foi cenário de filmes como O Casamento do Meu Melhor Amigo e recebeu famosos como Frank Sinatra e Princesa Diana. A VT se hospedou no The Drake, veja como foi.

A partir dali começam a se enfileirar hotéis de luxo. O melhor hotel da cidade é o Peninsula, que se destaca pelos quartos tecnológicos e pela piscina no 19º andar: veja o relato de como é se hospeda no Pensinsula. Também estão por ali o Four Seasons, o Park Hyatt e o Ritz-Carlton.

Mas basta se afastar uma ou duas quadras da Michigan Avenue para encontrar opções um pouco mais em conta. Um exemplo é o Freehand, que tem decoração ousada em tons escuros de madeira e azul. Há quartos com beliche que acomodam até quatro pessoas.

Já na ponta sul da Magnificent Mile, o elegante The Langham ocupa os treze primeiros andares de um edifício que é um marco arquitetônico da cidade, o 330 North Wabash —  ainda chamado de “prédio da IBM”, apesar da empresa de tecnologia ter se mudado de lá em 2005.

Ao atravessar a DuSable Bridge e chegar à outra margem do rio, já não se está mais na Magnificent Mile e as lojas começam a dar lugar a escritórios e bancos. Mas a localização continua sendo excelente, com o Millenium Park e o Art Institute a quinze minutos de caminhada. 

Uma opção por ali é o LondonHouse, com uma vista incrível do Rio Chicago, que pode ser apreciada do bar no terraço ou dos “Vista Rooms”, com janelões de vidro que vão do chão ao teto. Um pouco mais adiante, o Pendry não passa despercebido: o hotel ocupa um edifício art deco de 1929 cheio de detalhes em dourado. 

Já o Palmer House, que hoje pertence à rede Hilton, é nada menos que o mais antigo hotel em funcionamento contínuo nos Estados Unidos.

Mais ao sul, a uma quadra do Grant Park, o HI Chicago Hostel é uma opção econômica: além dos dormitórios femininos e masculinos compartilhados, há opção de quartos privativos.

Tem uma localização especial o Sable, que flutua sobre o Lago Michigan no Navy Pier, onde há roda-gigante e uma porção de restaurantes. Com vista para uma imensidão azul, os quartos dão a impressão de estar hospedado em um navio. Em alguns casos, há vista também para o skyline de Chicago, ao longe. Andando, são cerca de vinte minutos até a Magnificent Mile

Também pode ser interessante se hospedar em West Loop, o novo bairro da moda. A região cresceu muito nos últimos anos graças à transformação de antigos armazéns em alguns dos restaurantes mais badalados de Chicago, atraindo um público descolado na faixa dos 30 anos. Algumas opções de hospedagem por ali incluem o sofisticado Nobu e o bom custo/benefício Hotel Chicago West Loop.

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ONDE COMER

Magnificent Mile 

Uma das comidas mais icônicas de Chicago, a deep dish pizza é uma pizza de massa grossa, borda alta e recheio generoso que lembra bastante uma torta. Algumas das melhores pizzarias para provar a receita têm unidades em torno da Magnificent Mile, como é o caso da Pizzeria Uno, da Lou Malnati’s, da Gino’s East e da Giordano’sfomos em busca da melhor deep pizza de Chicago e temos um veredito. 

Também vale procurar restaurantes dentro dos hotéis de luxo que se enfileiram pela avenida. No terraço ao ar livre do Peninsula, por exemplo, está o Shanghai Terrace, um dos melhores restaurantes chineses da cidade. Não deixe de provar os dumplings à Xangai e o pato à Pequim.

Por fim, em plena Magnificent Mile está o maior Starbucks do mundo. A Starbucks Reserve Roastery ocupa um prédio de cinco andares e serve cafés e comidinhas exclusivos: contei como é a visita nesta outra matéria.

River North

A oeste da Magnificent Mile, o bairro de River North guarda dois bons endereços para experimentar o italian beef sandwich, sanduíche que leva finas fatias de carne e uma conserva de legumes: o Al’s e o Mr. Beef. Este último inspirou a série O Urso (disponível no Disney+) – estivemos lá e contamos como foi em detalhes

Outra comida que os chicagoans se orgulham de ter criado sua própria versão é o hot-dog. Ele é servido à moda da cidade, com salsicha, mostarda, relish de pepino, pimenta, tomate em fatias, cebola picada e picles num pão com semente de papoula. E sem ketchup, por favor, que é uma ofensa local. Toda esquina tem quem o faça bem, mas a rede Portillo’s é um clássico e tem uma unidade em River North.

Também fica por ali o Frontera Grill, do chef de origem mexicana Rick Bayless, uma das steakhouses mais recomendadas de Chicago.

Loop

No Loop, o The Gage faz uma boa combinação com o The Art Institute of Chicago, que fica praticamente do outro lado da rua. De culinária norte-americana, o menu traz clássicos como salada caesar, flat iron com batatas fritas, hambúrgueres e sanduíches como lobster roll e BLT. 

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Não muito longe dali, vale provar as carnes da Morton’s, uma instituição na cidade.

Para uma refeição com vista, vá ao Beatnik on The River. Com um terraço coberto que praticamente se debruça sobre o Rio Chicago, serve pratos com influências da culinária do Mediterrâneo e do Norte da África. Daí os vários condimentos, acompanhamentos e pratos da cozinha árabe que aparecem no cardápio, como zaatar, babaganoush, fattoush, kebab, tagine…

West Loop

O West Loop concentra alguns dos restaurantes mais badalados de Chicago. A começar pelo Au Cheval, cujo hambúrguer já foi eleito o melhor do país pela Bon Appétit e que acumula filas de espera — a estratégia é visitá-lo no almoço e durante a semana, quando consegui uma mesa de imediato. Os dois discos de hambúrguer são acompanhados por american cheese, molho de maionese e mostarda, picles, duas fatias grossas de bacon e um ovo frito com gema mole (“au cheval” significa “a cavalo”). 

Dica: uma versão similar, porém menor, é vendida no restaurante-irmão Small Cheval. Há várias unidades pela cidade, incluindo uma em West Loop

Hambúrguer nunca é demais para você? Então inclua ainda uma passadinha no The Loyalist. Seu famoso “OG Cheeseburguer” vem ganhando o coração dos locais graças ao combo pão com gergelim, picles e cebola em quatro versões – cebola grelhada, cebola em conserva, manteiga de cebola, maionese de cebola.

O Oriole conquistou duas estrelas pelo Guia Michelin com um menu degustação surpresa do chef Noah Sandoval, que entrega pratos minimalistas utilizando ingredientes premium.

O Monteverde é um dos melhores italianos da cidade. 

Já o Saigon Sisters é um um dos representantes da grande comunidade vietnamita que se instalou na cidade na década de 1970, após a Guerra do Vietnã. Comandado por duas irmãs e sua mãe, o restaurante serve rolinhos primavera, banh mis (sanduíches na baguete), phos (sopa com macarrão à base de arroz) e baos (massas cozidas no vapor).

Lincoln Park

A gastronomia de Chicago transita bem da comida de rua à alta cozinha, com 20 restaurantes estrelados pelo Guia Michelin em 2024/2025. Nesse sentido, é impossível não começar falando do Alinea, instituição gastronômica da cidade que ostenta três estrelas (a pontuação máxima). A refeição idealizada pelos chefs Grant Achatz e Nick Kokonas é uma experiência sensorial e teatral: tem até sobremesa em formato de balão transparente.

Ainda em Lincoln Park, outra excelente opção é o Galit, detentor de uma estrela, que serve pratos do Oriente Médio em uma refeição dividida em quatro etapas.

Logan Square

O Rio Chicago separa Lincoln Park de Logan Square, onde o Akahoshi serve um dos lámens mais famosos da cidade.

Outros bairros

Para quem tem a gastronomia como prioridade na viagem, pode valer a pena se afastar do centro de Chicago em busca de preciosidades. Um bom exemplo é a Birrieria Zaragoza, com unidades em Uptown e Archer Heights, que está na lista de Bib Gourmands do Guia Michelin, que são restaurantes de boa qualidade e bom preço. 

A família de proprietários segue uma receita de cem anos e tem a sua própria criação de cabras, cuja carne é temperada e cozida por várias horas antes de ser servida sobre tortillas artesanais. Ficam à disposição guarnições como cebola, coentro, pimenta e limão para incrementar os tacos, que são prova de que o segredo para uma boa comida muitas vezes reside no simples.

No bairro conhecido como Ukrainian Village, o Kasama, com uma estrela pelo Guia Michelin, vem chamando muita atenção pela  fusão entre as culinárias americana e filipina. Durante o dia, o estabelecimento serve brunch e algumas das melhores “pastries” de Chicago. À noite, o menu degustação é uma jornada pelos sabores das Filipinas. 

Já a região de Near West Side (ao sul de West Loop) tem entre as boas opções o hot-dog do Jim’s Original Hot Dog e o italian beef sandwich do Carms.

O QUE FAZER

Magnificent Mile e Navy Pier

Chicago é a típica cidade para bater perna, melhor forma de apreciar a arquitetura, os parques e as obras de arte espalhadas pelas praças e ruas.

A caminhada pode começar na Magnificent Mile, como é apelidada a porção da Michigan Avenue que vai da Oak Street Beach, praia do Lago Michigan, até o Rio Chicago. Equivalente de Chicago à Quinta Avenida de Nova York, a via concentra grifes e lojas de departamento.

A principal atração por ali é o 360 Chicago, observatório que fica no 94º andar do John Hancock Center, o quarto prédio mais alto da cidade (com 344 metros de altura). Como o nome já indica, a vista é de 360º: de um lado, vê-se a imensidão do Lago Michigan; do outro, o mar de arranha-céus. Contei mais sobre a visita nesta outra matéria.

Pertinho do 360 Chicago, o Museum of Contemporary Art é um espaço de experimentações artísticas e recebe ótimas exposições (confira a programação).

Da Magnificent Mile, faça um desvio em direção ao Navy Pier. O píer avança sobre o Lago Michigan como um espaço de lazer, com lojas e uma roda-gigante. Durante os meses mais quentes, de junho a agosto, há shows de fogos de artifício às quartas-feiras e aos sábados.

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Loop

A Magnificent Mile termina na DuSable Bridge, a principal dentre as mais de vinte pontes que cruzam o Rio Chicago, dando um charme extra à cidade. Ao atravessá-la, você estará no Loop, o centro financeiro.

O programa imperdível por ali é percorrer o Chicago Riverwalk, gostoso calçadão à beira d’água onde se enfileiram restaurantes e bancos para se sentar. Mas, como o rio é um ótimo ponto para observar arranha-céus emblemáticos, vale também fazer um passeio de barco. 

Os tours mais interessantes e completos são realizados pela Chicago Architecture Foundation, com arquitetos liderando os grupos, contando sobre a formação da cidade e dando informações técnicas dos edifícios icônicos. Os cruzeiros são operados pela companhia Chicago’s First Lady Cruises, partindo ao pé da DuSable Bridge

A três quarteirões dali está o Grant Park, que é, na verdade, um conjunto de parques. O mais visitado é o Millennium Park, que guarda o cartão-postal da cidade: a obra Cloud Gate do artista Anish Kapoor. A escultura prateada, que os locais chamam carinhosamente de “feijão”, está reluzindo depois de passar por uma restauração entre 2023 e 2024. 

Logo ao lado dele fica a pista de patinação no gelo montada no inverno; o impressionante Harris Theater, a céu aberto; e as Crown Fountains, obra interativa do artista espanhol Jaume Plensa em que imagens de duas bocas em telas de LED cospem água – no verão a criançada se esbalda.

Basta atravessar a rua para chegar ao Art Institute of Chicago, um dos museus mais incríveis do mundo. Para dar uma olhada nesse mastodonte cultural, com mais de 300 mil obras em seu acervo, reserve no mínimo duas horas – mas ratos de museu podem passar facilmente um dia inteiro perambulando pelos corredores das galerias.

Fundado em 1879, o museu segue desenvolvendo novos tentáculos e se expandindo. Além das coleções grega, romana, bizantina, de arte islâmica e asiática, algumas obras mundialmente famosas estão no instituto, como A Pequena Bailarina de 14 Anos, de Edgar Degas; O Quarto de Van Gogh em Arles, do próprio Van Gogh; e Lírios de Água, de Claude Monet.

O Grant Park é delimitado ao sul pelo Museum Campus, onde mais quatro atrações aguardam. O Field Museum é um interessante museu de história natural, com fósseis, espécimes e representações de milhares de espécies que já passaram pelo planeta. 

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Aberto ao público em 1930, o Shedd Aquarium foi o primeiro aquário do interior do país e hoje é um dos melhores dos Estados Unidos. Ocupa um imponente edifício de mármore com colunas gregas, um domo de vidro e muita pompa.

Já o Adler Planetarium possui três salas onde são projetados filmes sobre o universo, além de espaços interativos. Em um deles, os visitantes podem olhar os astros através de um telescópio.

Por fim, no Museum Campus está também o estádio Soldier Field, que recebe partidas de futebol e futebol americano, além de shows: vale ficar de olho na programação.

Dividindo espaço com os edifícios imensos do Loop, alguns dos teatros mais prestigiados da cidade mantêm a elegância da época. Afinal, não é só na Broadway que se assistem a musicais, não. Quem se lembra da história de Velma Kelly e Roxie Hart do musical Chicago vai saber que a tradição dos palcos começou aqui, nos anos 1920. 

É o caso do luxuoso Chicago Theatre, construído em estilo barroco francês. Com uma escadaria bonita inspirada na Ópera de Paris, ainda ostenta o luminoso escrito “Chicago” na fachada. Contemporâneos a ele, o antigo Oriental Theatre é decorado com tema asiático e teve o nome mudado para James M. Nederlander Theatre; e o The Cadillac Palace também continua na ativa.

Para ver tudo isso de cima, o Loop possui um mirante para chamar de seu. Cenário de Curtindo A Vida Adoidado, o Skydeck ocupa o 103º andar da Willis Tower, que com 442 metros de altura é o edifício mais alto da cidade (e o 25º mais alto do mundo). 

Seu diferencial são os cubos de vidro encaixados para fora do prédio, que dão a sensação de flutuar. Nos lados sul e oeste, predominam construções baixas, e por isso a paisagem é um tanto sem graça. Nos lados norte e leste, porém, é possível ver o azul do Lago Michigan e a porção onde estão os arranha-céus que mais se destacam arquitetonicamente. Contei mais sobre a visita nesta outra matéria.

Lincoln Park

Ao norte da Magnificent Mile, o Lincoln Park é um dos bairros mais caros para se morar em Chicago. Para o turista, rende um ótimo passeio gratuito e ao ar livre. 

No verão, a extensa North Avenue Beach fica lotada de gente nadando, tomando sol e praticando esportes. O cenário é tão tipicamente praiano que você até esquece que aquela imensidão não é o mar, e sim o Lago Michigan. 

Da praia para dentro está o parque que dá nome ao bairro, uma gigantesca área verde que abriga o zoológico Lincoln Park Zoo e o jardim botânico Lincoln Park Conservatory, ambos com entrada grátis.

Logan Square

De Lincoln Park, basta atravessar o Rio Chicago para encontrar uma atmosfera totalmente diferente no bairro de Logan Square.

Desde a década de 1980, quando começou uma batalha visual com tags de gangues rivais, a cena da arte de rua tornou-se relevante e hoje estão espalhados pelos muros elaborados grafites. 

A relação da administração da cidade com as obras sempre foi conturbada. Em 1992, passou até por uma proibição de qualquer pintura com spray nas ruas. Mas, nos últimos anos, as coisas se modificaram.

A área acabou despontando como a mais descolada de Chicago. Ganhou boas lojas, restaurantes, bares e baladinhas e virou o jogo a favor dos grafiteiros. Hoje, caminhar a esmo por ali rende um passeio artístico cheio de surpresas. Há também vários passeios guiados com foco nos murais.

West Loop

Como o nome já indica, West Loop é o bairro que fica a oeste do Loop. Por ali, rolou um fenômeno parecido com o Meatpacking District em Nova York: a região, que concentrava matadouros e frigoríficos, passou a ter uma das cenas gastronômicas mais interessantes de Chicago. Prédios baixos de tijolos vermelhos são hoje ocupados por restaurantes badalados, como o Au Cheval (saiba mais em ‘Onde Comer’), além de algumas galerias de arte.

Nas bordas do West Loop está a casa do Chicago Bulls. O time local do coração existe desde a década de 1960, mas só virou a coqueluche do basquete e alcançou fama global a partir de 1984. Isso é culpa da estrela maior das cestas, o genial jogador nova-iorquino Michael Jordan.

O time abocanhou seis campeonatos da NBA na década de 1990 e parecia imparável. Dessa época data o estádio United Center, sede dos jogos dos touros na cidade.

Além de assistir a uma partida da liga na quadra oficial, é possível comprar produtos licenciados do Bulls na loja e, se a idolatria for realmente grande, tirar uma foto com a estátua do Jordan que fica na porta.

Mas, se você estiver em Chicago fora da temporada de jogos, cheque a agenda de eventos no site do estádio mesmo assim. O lugar costuma receber shows de superbandas.

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Bares

Há uma interessante cena etílica em Chicago. Cervejarias como a Goose Island e a Half Acre Beer surgiram como brewpubs na cidade. Fundada por John Hall há quase três décadas, a Goose se tornou uma potência, mas sua alma continua a de um beer geek: a fábrica na descolada vizinhança de West Loop abriga um tap room com cervejas saindo pelas torneiras fresquinhas. Ali também é possível fazer um tour guiado com degustação.

A pouco mais de um quilômetro fica um dos melhores bares de coquetelaria de Chicago, o The Aviary, criado por Grant Achatz, um dos chefs mais famosos da cidade, que comanda a cozinha do Alinea (saiba mais em ‘Onde comer’). Sua fachada um tanto industrial não deixa antever o clima meio balada do lugar. De seu balcão não poderia sair nenhum drinque convencional, é claro: uma das criações envolve uma garrafa com um gelo em formato de navio pirata que vai derretendo conforme o tempo passa.

Dica: escondido embaixo do The Aviary há o speakeasy The Office, que recebe no máximo 21 pessoas por vez.

O The Violet Hour, em Wicker Park, foi um dos precursores em resgatar a coquetelaria clássica na cidade no início dos anos 2000. Ali, todas as preparações são servidas à perfeição: uma das especialidades são os coquetéis à base de gim.

Um speakeasy a ser descoberto é o The Drifter, em River North. Cem coquetéis estão listados em cartas de tarot customizadas e, a cada dia, os funcionários sorteiam algumas delas para compor o menu da noite. Dessa forma, cada visita é única.

Entretanto, se a ideia é não se prender tanto pelo primor dos drinques e escolher o destino pela música, não faltam bares de blues e de jazz para visitar em Chicago. Os mais tradicionais, como o Jazz Showcase e o Buddy Guy’s Legends, no Loop, recebem músicos de primeira todas as noites para shows memoráveis e possuem aquela atmosfera de locação de cinema noir. 

No Green Mill, frequentado em sua época por Al Capone, o clima é introspectivo, de piano-bar, e a música é excelente, mesmo que os drinques não honrem a fama da casa – melhor mesmo é optar por uma garrafa de cerveja local. Fica em Uptown.

Também merece uma menção especial o Chicago Magic Lounge, mistura de bar speakeasy e show de mágica no bairro de Andersonville. O lugar resgata uma antiga tradição da cidade, os “bares de mágica”, em que as performances aconteciam bem pertinho dos olhos dos clientes: os ilusionistas faziam seus truques no balcão ou até mesmo nas mesas. Contei como é a experiência nessa outra matéria.

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Como chegar

Apenas a United tem voos diretos do Brasil para Chicago, saindo de São Paulo. Chicago também recebe voos de praticamente todas as grandes cidades dos Estados Unidos, México e América Central.

O Aeroporto Internacional O’Hare fica a 25 quilômetros do centro de Chicago. A opção mais econômica é ir de trem: dentro do aeroporto há uma estação onde é possível pegar a Blue Line (a passagem custa US$ 5). Desça na estação Lake para fazer uma baldeação para a Red Line North, cujas estações Grand e Chicago ficam a duas quadras da Michigan Avenue.

De carro, o trajeto pode levar uma hora ou bem mais do que isso a depender do trânsito. A corrida de Uber, que funciona bem na cidade, custa pelo menos US$ 50. Caso prefira reservar um táxi ou contratar um carro privativo, consulte os preços da Airport Express

Como circular

Transporte público

Chicago possui o segundo maior sistema de transporte público dos Estados Unidos. A principal forma de circular pela cidade é usando o “L”, forma como é popularmente chamada a rede de trens que circulam por trilhos elevados. 

As linhas são identificadas por cores. As principais são a Blue Line, que conecta o centro ao Aeroporto Internacional O’Hare, e a Red Line, que corta a cidade de norte a sul. Para chegar aos lugares que o “L” não alcança, há uma boa oferta de ônibus.

As passagens de ônibus custam US$ 2,25 e as de “L”, US$ 2,50 (com exceção da viagem para o aeroporto, que custa US$ 5). Dentro de um período de duas horas, é possível fazer até duas baldeações gratuitamente. 

Para economizar, vale adquirir um passe que dá direito a usar o transporte público quantas vezes quiser. Custa US$ 5 para um dia, US$ 15 para três dias, US$ 20 para sete dias, e US$ 75 para 30 dias.

Os passes devem ser carregados em um Ventra Card, que também aceita carga de passagens avulsas. Vendido em máquinas de autoatendimento presentes em todas as estações, o cartão custa US$ 5. 

Depois de adquirir a versão física, é possível fazer um cadastro para utilizar o Ventra Card digitalmente no celular, através do Google Pay ou da Apple Wallet.

Caso você não tenha um Ventra Card em mãos, as catracas dos ônibus e das estações da “L” também permitem fazer pagamento por aproximação usando o celular: o valor de uma passagem avulsa será cobrado diretamente no cartão de crédito cadastrado no seu Google Pay ou Apple Wallet. 

Os ônibus até aceitam pagamento em dinheiro vivo, mas nesse caso a tarifa aumenta de US$ 2,25 para US$ 2,50.

O site do Chicago Transit Authority traz mais informações sobre os horários, mapa das linhas e tarifas

Bicicleta

Chicago também está no caminho de se tornar uma das melhores cidades dos Estados Unidos para pedalar. São quase 500 quilômetros de ciclovias e cerca de 600 estações da Divvy, serviço de bicicletas compartilhadas. A empresa cobra US$ 1 pela retirada + US$ 0,18 por minuto ou então US$ 18,10 para pedalar por três horas dentro de um período máximo de 24 horas.

Carro

Uber e Lyft funcionam bem na cidade, mas tenha em mente que o trânsito é intenso durante boa parte do dia. Por esse mesmo motivo, não vale a pena alugar carro.

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Documentos

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Dinheiro

A moeda dos Estados Unidos é o dólar. Em Chicago, é crescente o número de estabelecimentos que não aceitam pagamento em dinheiro vivo. Por isso, vale ter sempre consigo um cartão de crédito ou um cartão de débito internacional.

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