Vem pra Nova York

Rogéria Vianna é publicitária e vive em Manhattan há mais de 10 anos, onde faz produção executiva para programas de TV como o "Entre Mundos com Pedro Andrade", na CNN. Aqui ela não vai poupar sola de sapato nem MetroCard para provar que Nova York é muito mais do que a Times Square
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Os melhores endereços do East Village, em Nova York

Caldeirão étnico de Manhattan, esse pedaço do Lower East Side reúne uma seleção fascinante de restaurantes, bares escondidos, brechós e clubes de jazz

Por Rogéria Vianna
Atualizado em 24 jul 2023, 11h26 - Publicado em 23 jul 2023, 23h48

Não faltam dicas, fotos e histórias sobre a Times Square, o Soho ou outras vizinhanças badaladas de Nova York. Já o Lower East Side é muitas vezes injustamente deixado de lado nos roteiros de quem visita a cidade. Talvez até mesmo você que me lê pode estar se perguntando: onde raios fica? Pois eu vou te contar.

Antes de mergulhar no East Village, falemos um pouco da macro área onde ele está inserido: o Lower East Side. A região fica ao sul de Manhattan e margeia o East River. O traçado começa na Manhattan Bridge, emenda com a Canal Street até encostar na Avenida Broadway e depois sobe até a 14th Street. Esse pedaço abarca áreas como Alphabet City, Chinatown, Bowery, Little Italy, NoLita e, claro, o East Village, um enclave cheio de charme, fama e personalidade. 

East Village faz fronteira com a Bowery e a Third Avenue a oeste, a 14th Street ao norte e a Houston Street ao sul. Esse mini bairro floresceu na década de 1960 graças à presença de artistas que fugiam dos altos aluguéis e se mudaram para lá com telas, pincéis e sprays. Muitos deles foram atraídos também pelas influências multiculturais, resultado de fortes ondas migratórias.

Para se ter uma ideia, no início dos anos 1980 as galerias de arte no East Village foram umas das primeiras a apresentar exposições de artistas como Jean-Michel Basquiat e Keith Haring, que eram moradores do bairro. A região foi também o berço do punk dos anos 1970 e 1980 e do new wave que fizeram história no lendário – e hoje já extinto – bar CBGB, templo da música fundado em 1973 onde pisaram nomes como Ramones, Blondie, Talking Heads, Misfits, Television, Patti Smith Group, The Dead Boys, The Dictators, Joan Jett e outros. Até hoje o bairro leva a boemia muito a sério e segue sendo destino para animadas noitadas. 

A área está repleta de bares despretensiosos, livrarias, estúdios de tatuagem, lojas de discos e outros cantinhos tão ecléticos quanto fascinantes. E ainda é reduto de comunidades de imigrantes alemães, chineses, japoneses, irlandeses e ucranianos – existe até uma Little Ukraine por lá. 

A razão para o East Village ser tão subestimado? Nem eu sei. Faço aqui minha parte. Minha intenção nem é querer convencer, mas provar como o East Village vale a pena. No final você encontra um mapa com todos os lugares indicados. 

Partiu, East Village

A primeira coisa que você precisa saber é que a St. Mark’s Place é a rua mais famosa deste pedaço. Nas décadas de 1950 a 1970, ela foi a casa de vários artistas e músicos,  que se apresentavam por ali mesmo. Hoje em dia, continua sendo um ponto central com vários bares, restaurantes e lojas, e a vibração de seus tempos áureos ainda pode ser sentida. Outro local de destaque é a Astor Place, uma rua de apenas um quarteirão onde fica o teatro do The Blue Man Group, a casa de show Joe’s Pub e a Cooper Union, prestigiada faculdade de arte, arquitetura e engenharia.

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Para comer e beber

Veselka (144 2nd Street) Desde 1954, esse tradicional e familiar restaurante serve culinária ucraniana. O destaque são os pierogis, borscht (sopa de beterraba) e outros pratos típicos, que também são vendidos para levar. 

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Streecha (33 East 7th Street) – Escondidinho no térreo de um pequeno prédio, esse modestíssimo restaurante ucraniano dá a sensação que estamos na casa de alguém. O lugar arrecada fundos para a Igreja Católica de St. George e é administrado por voluntários da comunidade e membros da paróquia. Se der sorte, você ainda pode ver de perto a preparação dos pierogis (veja na foto abaixo) e, se quiser aprender, poderá até agendar uma aula.

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Momofuku Noodle Bar (171 1st Avenue) – Comandado pelo chef celebridade David Chang, essa rede elevou o noodle a outra categoria. Não deixe de experimentar também o pork bun, prato icônico de Chang. Além da qualidade de sua comida, tem uma vibe descontraída e preços acessíveis. O sucesso fez a rede expandir, com outras unidades em Nova York e também em Las Vegas e Los Angeles. Mas a do East Village foi onde tudo começou.

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Tompkins Square Bagels (165 Avenue A) – Uma verdadeira instituição do bairro, seus bagels estão entre os mais famosos e são 16 combinações diferentes. Também vende sanduíches e mais de 20 variedades de cream cheese. Peça para viagem (take away) e coma do outro lado da rua, no Tompkins Square Park.  

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Cafe Mogador (101 St Marks Place) – Fundado em 1983, é um sucesso com sua culinária de inspiração marroquina. Seus tagines (veja foto abaixo), couscous e outras delícias justificam as filas que se formam na porta. Vale cada minuto de espera. 

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Death & Company (433 East 6th Street) – A fama deste cocktail bar elegantérrimo extrapolou fronteiras e filiais foram abertas em Denver, Los Angeles e Washington D.C. A matriz, no entanto, é a unidade do East Village. O lugar é uma verdadeira instituição dos coquetéis, graças à criatividade de seus mixologistas que elaboraram um cardápio de enlouquecer (eu sempre sofro quando tenho muitas opções). É um drink melhor que o outro. 

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Tim Ho Wan (85 4th Avenue) – Eu sou uma cliente assídua dessa rede especializada em dim sums, que são petiscos de Hong Kong servidos em pequenas cestas de bambu ou em pratos pequenos. A maioria deles é cozida no vapor e as porções são de três a cinco unidades. O mais famoso é o dumpling, da família da guioza japonesa. Mas o que torna esse lugar tão popular, além da qualidade, é o preço: as porções custam em torno de US$ 8. Em 2010, o lugar ficou conhecido como o “restaurante com estrela Michelin mais barato do mundo”. Há filiais em vários países da Ásia e da Oceania.

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McSorley’s Old Ale House (15 East 7th Street)We were here before you were born: “nós estávamos aqui antes de você nascer”, diz o slogan. Estamos falando, afinal, do pub irlandês mais antigo da cidade. Inaugurado em 1854, ele não mudou muito ao longo dos anos e mantém seus velhos pisos de madeira cobertos de serragem, recortes de jornais antigos nas paredes, bartenders que parecem personagens de filme e uma clientela figuraça. Curiosidade: só vende sua própria cerveja, a McSorley’s Ale, clara e escura, e isso faz parte da magia do lugar. 

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Please Don’t Tell (113 St Marks Place) – O “Por favor, não conte” é um speakeasy famoso por seus coquetéis e, veja só, por ser difícil de achar. Anote aí: ele fica escondido atrás de uma cabine telefônica na famosa lanchonete de cachorro-quente Crif Dogs. Mais que isso, não conto. Cabe a você conferir pessoalmente. 

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Bar Primi (325 Bowery) – Um restaurante italiano com preparos básicos, convidativos e que faz valer aquela ideia do “comfort food”. Das massas aos molhos, tudo é produzido na casa e a decoração faz você se sentir na Itália. Vai por mim: peça o negroni e o tiramisù. 

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Spot Dessert Bar (13 St Marks Place) – Imagine um bar que só tem sobremesas no cardápio. O Spot é especializado em tapas (porções) de doces, com opções como lava cake, cheesecake, cookie gigante com sorvete e outras delícias. Ficou em dúvida do que pedir? Então mande ver no omakase, um combo de três a seis itens acompanhado de chá e cookies. Se para você a sobremesa é tão importante quanto o prato principal, esse lugar é o paraíso. 

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Para se divertir

Mona’s Bar (224 Avenue B Unit 14) – Tenho amigos que me fizeram prometer que eu jamais compartilharia essa dica no meu Instagram, com medo de que uma multidão invadisse esse pequeno refúgio de diversão. Desculpaê, pessoal, mas lá vai. O Mona’s é simples e despretensioso e atrai fãs de música ao vivo. Nas noites de segunda-feira, rola um bluegrass, estilo do sul dos Estados Unidos (veja no vídeo abaixo). Mas eu adoro mesmo as noites de terça-feira, quando por volta de meia-noite músicos de jazz se reúnem para tocar old-time jazz madrugada afora. Esse lugar é um dos segredos mais bem guardados de Nova York. Ou melhor, era, porque agora já dei com a língua nos dentes. 

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Barcade (6 Street Marks Place) – Eu sou da geração do Atari (agora entreguei a idade) e fico toda nostálgica quando vejo aqueles videogames do passado. Se você também quer matar a saudade dos jogos de arcade e reviver sua infância, esse bar tem mais de 40 fliperamas e máquinas de pinball, principalmente do período clássico da década de 1980, como Pac-man, Donkey Kong e Tetris. A única diferença é que hoje você pode jogar tomando uma gelada – ou várias, já que eles têm cerca de 30 cervejas artesanais no cardápio. 

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Webster Hall (125 East 11th Street) – O lugar já foi um speakeasy, um clube de rock e hoje é uma casa de shows e eventos. Construída em 1886, é uma das mais antigas e famosas da cidade. Recentemente reformada, tem uma vibe renascentista e um grande salão de baile. Foi lá que vivi um dos momentos inesquecíveis da minha vida em Nova York, quando assisti a um show intimista do Metallica, só para convidados. Mesmo que não seja um acontecimento desses, vale conferir a programação, pois sempre tem apresentações de bandas ótimas. 

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Nublu (62 Avenue C e 151 Avenue C) – O Nublu tem uma forte conexão com a cena musical brasileira, inclusive leva o nome de um festival que acontece há quase dez anos no Sesc Pompeia, em São Paulo. E vira e mexe tem algum músico brasileiro se apresentando no East Village. Fora isso, o lugar tem uma agenda interessante de festas com DJ’s, shows e jam sessions. Mas o ponto alto é o seu festival de jazz, que acontece anualmente e sempre reúne grandes nomes. A casa tem duas unidades, bem próximas uma da outra: o Nublu e o “new” Nublu. 

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Para comprar

Tompkins Square Farmer’s Market (Tompkins Square Park) – Todos os domingos, a Tompkins Square recebe o seu greenmarket, onde fornecedores locais vendem produtos orgânicos, frutas, flores, ovos, leite, queijo de fazenda, carne, assados, mel e outros. Mesmo se não for comprar, é uma delícia de passeio. 

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Book Club Bar (197 East 3rd Street) Essa livraria independente é um espaço aconchegante com cara de sala de estar onde há estantes lotadas de livros criteriosamente selecionados, cadeiras e poltronas confortáveis para sentar e curtir a leitura. Dá pra ficar melhor? Dá, sim. Tem ainda um bar abastecido de vinho, cerveja, café e lanches. Eles também organizam eventos como noites de poesia, apresentações de música e palestra com autores.

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L Train Vintage (204 1st Ave) – Tenho que confessar que não sou uma entusiasmada frequentadora de brechós, mas quando cismo de ir a algum, é nesse que eu vou. A L Train Vintage é uma rede de brechós bastante conhecida no Brooklyn (o metrô L é o que serve a região de Williamsburg e Bushwick, daí a inspiração do nome). Essa é a sua única loja em Manhattan e atende pelo nome de No Relation Vintage. Tem dois pisos enormes com araras bem organizadas onde é possível garimpar peças ótimas a preço de banana. 

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Para relaxar

Anthology Film Archives (32 Second Avenue) –  Esse é um centro internacional de preservação, estudo e exibição de filmes e vídeos. Se você é cinéfilo, é a sua chance de mergulhar na maior coleção mundial de livros, periódicos, fotos e materiais relacionados ao cinema independente, experimental e de vanguarda. 

St. Mark’s Yoga (12 Street Marks Place) – Esse é um dos estúdios de yoga mais famosos da cidade e oferece aulas diárias da manhã até a noite por apenas US$ 10. As aulas duram de 60 a 75 minutos e são a maneira perfeita de colocar seu corpo em movimento, se desconectar do mundo e se conectar com o divino que habita em você. Namastê. 

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The Ukrainian Museum (222 East 6th Street) – Honrando a comunidade do bairro, esse museu explora a história da Ucrânia e é considerado o maior museu dos Estados Unidos a exibir e preservar artefatos, artigos e arte do país. Mais do que nunca, pelas atuais circunstâncias da guerra, vale a visita.

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Houston Bowery Wall (76 East Houston Street, esquina com a Bowery Street) A esquina da Houston Street com a Bowery é endereço de um dos murais mais famosos da cidade, que já abrigou obras de alguns dos mais renomados artistas de rua do mundo, como Keith Haring, OsGêmeos, JR., Banksy e por aí vai. As obras ficam expostas por até quatro meses e eu sempre fico animada para ver qual vai ser a próxima.

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Russian & Turkish Baths (268 East 10th Street) – E depois de tanto bater perna por esse bairro apaixonante, a gente merece um relax. O Russian & Turkish Baths é uma tradicionalíssima sauna russa em operação desde 1892 e que até hoje faz parte do dia a dia de muitos nova-iorquinos. Ela oferece saunas seca e a vapor, piscina de imersão fria, deck na cobertura e restaurante. Se quiser caprichar, você ainda pode contratar serviço de massagem, tratamentos com sal e lama e a famosa platza, tratamento em que o terapeuta “bate” no cliente com uma vassoura feita de folhas frescas de carvalho, encharcada com sabão de azeite. Encararia?

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Veja a localização dos lugares mencionados na matéria no mapa abaixo:

Como chegar ao East Village: De metrô, pegue a Linha 6 até estação Astor Place, Linha R até a estação 8th Street-NYU ou Linha F até a estação 2nd Avenue.

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