Mykonos, uma das ilhas mais populares do Mar Egeu, se tornou um dos principais destinos turísticos na Grécia. Os navios de cruzeiro aportam ali depositando milhares de viajantes por dia, aos quais se somam jovens em busca da vida noturna agitada, casais ávidos por praias paradisíacas e famílias hospedadas em resorts.
Nos últimos anos, a ilha ganhou fama de não dormir, estar sempre lotada, ser muito cara e ter se rendido a um turismo mais massivo. Alguns restaurantes e hotéis, porém, têm buscado mudar essa imagem e mostrar que antes da alta temporada de verão chegar com o sol a pino e muitos estrangeiros em busca das tardes largas que demoram a virar noite, Mykonos pode ser um oásis de sossego e boa gastronomia.
O Santa Marina é um dos mais antigos resorts da ilha — antes mesmo desse tipo de hotel virar febre. A propriedade do empresário grego Elias Papageorgiou foi estabelecida em 1979, quando ele adquiriu o terreno e foi construindo ali tudo o que poderia haver em um pequeno vilarejo: uma pequena capela, um moinho de vento e quartos para receber amigos.
Mesmo tendo sido comprado pela Marriott em 2012, quando Elias faleceu, o hotel permaneceu sendo gerido pela família. Hoje, é sua filha Christiana quem está à frente do Santa Marina, mantendo o clima familiar do resort onde muitos funcionários têm uma relação de longa data com os Papageorgiou.
Mas, como um vilarejo, tudo ali é pensado para o sossego: é o único na ilha com uma praia particular, que se transformou numa espécie de clube onde é possível tomar sol, ler um livro ou ficar observando ao longe os praticantes de windsurf que aproveitam os ventos das Cíclades para praticar o esporte.
O hotel também oferece serviço de barco para quem quiser visitar ilhas próximas. É o caso Delos, onde reza a lenda que nasceu Apolo. No caminho, se desfruta de um almoço local a bordo, com queijo feta fresco, gremista (os famosos tomates e pimentões recheados de arroz e especiarias) e garrafas de vinho rosé grego — cada vez melhores.
Mas a verdade é que faltam motivos para sair da propriedade de oito hectares que, muito além do ruidoso Buddha Bar, tem dezenas de refúgios de silêncio e tranquilidade: do excelente — mas caro! — spa, até coisas que não custam nada (além da diária, claro) como deitar na grama para ouvir o barulho do mar, ouvir música escondido na sombra de uma das cabanas ou relaxar na piscina de cima onde quase nunca tem ninguém.
Mas talvez nada possa promover maior paz do que a ideia de ficar hospedado dentro do moinho de vento que foi reformado para virar um quarto no meio da propriedade, com sala de estar e um charmoso terraço: as janelas dão para Baía de Hornos, onde vê-se os pequenos barcos lotarem o mar calmo. O luxo à Don Quixote custa tanto quanto sonhar em ter um espaço assim — no mínimo de 700 euros por dia.
Mas uma das melhores opções do hotel, entretanto, é a sua comida. Esqueça o menu “internacional” do Buddha Bar: melhor ficar pelo bar da piscina ou reservar uma mesa no Beach Lounge, que serve mais pratos de estilo taverna, que podem ser surpreendentemente difíceis de encontrar na superlotada Mykonos. Há também um ótimo menu de coquetéis inventivos onde experientes bartenders preparam drinks a partir dos gostos pessoais dos hóspedes e visitantes.
A outra opção é o Elais, o restaurante batizado com o nome da avó de Apollo, charmoso e elegante, que fica de frente para a praia e onde também se come comida típica grega mais refinada, como pede a atmosfera com um relaxante jardim construído de frente para o mar que serve de salão do espaço.
Mas não se engane com as mesas excessivamente decoradas: a cozinha grega com influência do Mediterrâneo é representada por pratos brancos que honram receitas autênticas, como o cordeiro cozido lentamente, o polvo grelhado ou o clássico horiatiki (a tradicional salada grega). A seleção de vinhos privilegia uvas e produtores gregos.
Antes da chegada do verão e das altas temperaturas, os dias de sol e fins de tarde de brisa fresca são as melhores razões para visitar Mykonos antes que a ilha fique quase intransitável nas ruas estreitas ou nas praias apinhadas. As outras são todas aquelas que se pode encontrar à mesa.
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