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Rafael Tonon colaborou com Anthony Bourdain no site Explore Parts Unknown e coordena o Mestrado em Comunicação Gastronômica do Basque Culinary Center, no País Basco. Autor do livro 'As Revoluções da Comida', vive hoje entre Portugal e Abu Dhabi – e viaja o mundo para comer
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Em Portugal, o Porto se consolida como destino para quem ama comer bem

Três novos restaurantes onde chefs estrelados dão às receitas tradicionais portuguesas um toque mais contemporâneo, inventivo e até oriental

Por Rafael Tonon
Atualizado em 12 Maio 2023, 22h02 - Publicado em 12 Maio 2023, 10h26

Para muitos brasileiros, uma viagem a Portugal pode começar e terminar em Lisboa. Mas para aqueles que viajam para comer — como eu — não estender a visita ao Porto pode ser um grande erro.

Isso porque ao Norte, na segunda maior cidade do país, a comida é farta, autêntica, tradicional… e cada vez mais diversa. Chefs premiados e novas aberturas têm comprovado todo o potencial do portuense para comer (e beber) muito bem.

Nem só de francesinha e tripas vive a cidade, como muitos pensam. Cozinheiros de grande talento, imigrantes de todas as partes do mundo e jovens empreendedores têm transformado o panorama gastronômico da cidade.

Cozinha das Flores

Largo de São Domingos, 62 – Porto

O grupo dos cozinheiros de grande talento, aliás, é um dos que têm olhado para o Porto com mais atenção. Nuno Mendes, um dos mais famosos chefs do país, que nos últimos anos construiu uma carreira consolidada em Londres, onde opera o restaurante Lisboeta, voltou a Portugal para abrir o seu novo projeto.

No Largo de São Domingos, na Baixa portuense, a Cozinha das Flores é um restaurante que busca nas tradicionais receitas portuguesas uma inspiração para pratos mais contemporâneos — uma espécie de assinatura do chef.

Usando ingredientes do Norte e um bocado de criatividade, Mendes serve um pastel de nata salgado feito com nabos e caviar ou um tartar de carne de vaca com molho de caldo verde (sim, a famosa sopa portuguesa) e chouriço. 

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No menu, pode haver porco com molho de cozido português, arroz caldoso de lavagante azul (um clássico das marisqueiras) e peixe com algas cozidas ao estilo bulhão pato (com alho, azeite, coentros e limão). Uma cozinha criativa, sim, mas ainda muito portuguesa.

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Vinha

Rua Quinta Fonte da Vinha, 383 – Vila Nova de Gaia

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A cozinha criativa também determina o trabalho de outro chef, o lisboeta Henrique Sá Pessoa, no seu restaurante portuense. Inaugurado dentro do hotel boutique de mesmo nome, em Vila Nova de Gaia (do outro lado do rio Douro), o intimista e imponente Vinha tem nos produtos portugueses a sua base. Mas com um sotaque asiático que Sá Pessoa — do premiado Alma, com duas estrelas Michelin, em Lisboa — quis imprimir nos pratos servidos. 

Há a opção de pedir a la carte, mas o menu degustação (110) é uma boa escolha para conhecer o trabalho do viajado cozinheiro, que também tem restaurantes em Amsterdã (ARCA) e Londres (JOIA).

Assim, pode-se provar mais coisas, como o tartar de camarão com curry e leite de coco, o salmonete braseado com migas (feitas a base de pão alentejano) e o porco com pimentão e berinjela mais ao estilo árabe. Um pouco como pegar carona com os portugueses nas embarcações nas quais desbravaram o oriente há alguns séculos.

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Mira Mira 

Rua do Choupelo, 39 – Vila Nova de Gaia

Também do outro lado do rio, em Vila Nova de Gaia, está o Mira Mira, um dos 12 restaurantes que fazem parte do complexo de entretenimento WOW, um verdadeiro parque temático em torno do vinho. Esse é o mais gastronômico deles, onde o chef Ricardo Costa, que também mantém duas estrelas no famoso guia Michelin por seu The Yeatman, supervisiona todo o menu.

São dele as criações como a lagosta à Brás (como no caso do bacalhau, aqui substituído pelo cobiçado crustáceo), a carne de vaca com nata ácida e especiarias e o lagostim com maçã verde e pele de frango para dar alguma crocância. São pratos inventivos, em que os ingredientes têm maior protagonismo.

Mas um outro grande diferencial do restaurante é a vista para o Douro e para a Ribeira do Porto: no terraço externo, debruçado sobre Gaia, ou até mesmo no arejado salão interno com grandes janelas de vidro, é possível contemplar a cidade e ver no horizonte como ela tem se expandido. Mais uma justificativa (se é que alguém ainda precisasse) para incluí-la no roteiro por Portugal

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