Imagem Blog Sem perrengue Um pouco de São Paulo, Floripa e onde mais o editor da VT estiver. Dicas para seguir, roubadas a evitar
Continua após publicidade

Lançado e-book do norueguês que viajou todos os países do mundo

A tradução foi feita por uma neurocientista gaúcha que soube do feito através de uma reportagem da Viagem e Turismo. Os dois viraram grandes amigos

Por Fabricio Brasiliense
Atualizado em 26 jun 2021, 10h28 - Publicado em 16 jun 2021, 15h50
Foto capa 198
(Amazon/Divulgação)

O psicanalista Contardo Calligaris, falecido em março, disse em uma das suas últimas aparições que é muito difícil provocar encontros. Para que um encontro aconteça, precisa existir uma dimensão de acaso que foge totalmente do nosso controle. Isso não quer dizer que devemos esperar sentados e que uma hora o encontro cairá do céu, muito pelo contrário. O empurrão, na imensa maioria das vezes, tem que vir de nós mesmos. Sem sair de casa, o máximo que baterá à porta serão os boletos. Segundo Contardo, para atravessar o dito “portal do encontro” é preciso uma ação específica, que é a coragem de entrar só. “Ninguém encontra ninguém a não ser sozinho”, disse o psicanalista.

Tudo isso para dizer que a neurocientista Tatiana Luft, de Porto Alegre, parece ter exatamente essa disposição que Contardo menciona. Anos atrás, ela leu uma reportagem aqui na Viagem e Turismo sobre um norueguês, o Gunnar Garfors, que tinha entrado para Guinness por ter pisado em todos os países do mundo. Ela entrou no Instagram do cara, começou a segui-lo e vida que segue.

Anos depois, Tati descobre pelo Insta que estava na mesma cidade que ele, Londres. Coincidência, poderia ter parado por ali. Mas não. Ela decidiu entrar em contato, eles saíram para tomar uma pint, ficaram amigos, tempos depois viajaram juntos e, mais recentemente, ela se ofereceu para traduzir o livro que Gunnar tinha escrito e que acaba de ser lançado em português no formato e-book. A história inteira, narrada pela Tati, você lê a seguir:

“Li uma reportagem sobre o Gunnar Garfors, um cara que viajou todos os países do mundo e que foi publicada na Viagem e Turismo. Na hora comecei a segui-lo no Instagram e por anos viajei nas fotos que ele publicava.

Continua após a publicidade

Anos depois, numa segunda-feira de 2019, estava vendo meu Instagram e apareceu o @garfors fazendo uma selfie em Londres. Eu também estava em Londres estudando para o meu pós-doutorado. Pensei: “Quando eu estarei no mesmo país e na mesma cidade que esse cara que já viajou duas vezes para todos os países do mundo?” Num impulso, curti a foto e mandei uma mensagem, dizendo que eu gostava muito de viajar e que, se ele tivesse meia hora para conversar comigo sobre viagens, eu adoraria. 

Uma hora depois recebi uma mensagem dele dizendo que estaria liberado na quinta-feira. Nos encontramos e falamos por horas sobre tudo, heranças culturais, Londres e eu fiz a pergunta que absolutamente todas as pessoas fazem a ele: “Qual o teu país/lugar preferido?” E pela milionésima vez ele respondeu que um viajante não tem um país ou lugar preferido, são vários lugares que marcam, seja a paisagem, a companhia, o povo, ou seja, um conjunto de elementos variadíssimo.

Tati e Gunnar
Gunnar e Tati em algum lugar da Noruega (Tati Luft/Arquivo pessoal)
Continua após a publicidade

Naquela época, eu estava lendo o livro que Gunnar escreveu, 198 – How I Ran Out Of Countries (só havia as versões em inglês e norueguês na época) e então perguntei se ele tinha intenção de publicá-lo em português, ainda mais por ter muitos seguidores brasileiros. Ele disse que não tinha encontrado ninguém para traduzi-lo e então eu me ofereci. Ele adorou a ideia e me deu carta branca.

Ficamos amigos e ele foi meu companheiro de viagens desde então, mesmo quando não estava de corpo presente. Sempre que eu ficava com alguma dúvida no itinerário, ele me ajudava. Quando eu ficava insegura de ir sozinha para algum lugar, ele me convencia que ia dar tudo certo e que eu ia adorar. E de fato isso sempre acontecia. Nos encontramos pessoalmente depois em Bruxelas, Oslo e em 2020 passei um tempo com ele lá na Noruega.

Quando conheci o Gunnar, ele estava terminando a revisão do segundo livro dele, Ingenstad (com versão somente em norueguês). O livro fala sobre os 20 países menos visitados do mundo. Eu não entendi nada além do nome dos países e o número de habitantes, mas uma foto vale mais que mil palavras: vi ele sentado numa cadeira dentro de uma água turquesa com um bangalô do lado. Lugar incrível! Era Kiribati, um país na Oceania composto por 33 ilhas no Oceano Pacífico. Aquela imagem me marcou tanto que um ano depois eu estava lá. E todas as dicas vieram do Gunnar. E, sim, é o lugar mais lindo dos 77 países que eu conheço até agora.

Continua após a publicidade
Tati em Kiribati
Tati caindo de amores por Kiribati (Tati Luft/Arquivo pessoal)

Depois de dois anos, terminei a tradução, que acabo de lançar. E, na mesma época, o terceiro livro dele também ficou pronto. Como ele não podia viajar durante a pandemia, resolveu escrever sobre o país dele, a Noruega. E ficou lindo! Ele rodou quase 50 mil quilômetros, foram mais de 200 fotos dos lugares mais incríveis da Noruega. Dá vontade de conhecer tudo. 

E o Gunnar continua me dando ideias. Ele foi tão importante sendo meu parceiro nas viagens, mesmo não estando junto, que eu resolvi fazer o mesmo: fiz um site onde divulgo as minhas histórias de estrada e adoro trocar dicas com outros viajantes, virou um hobby pra mim.”

Continua após a publicidade

Livro: 198: Como eu conheci todos os países do mundo, em e-book. O prefácio é do Anderson Dias, primeiro brasileiro que viajou para todos os países do mundo.

Publicidade