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Editora de Arte, Ana Claudia Crispim sai todo dia do sossego de sua casa com pomar para deixar lindonas as edições da VT
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Quando a gente chora de emoção

Não adianta negar, todo mundo tem seus segredinhos! Confesse: você já chorou de emoção em alguma viagem, não chorou? Normal. O choro de viagem (este é o nominho que eu dei pra ele) é quase sempre inesperado, traiçoeiro e faz a gente se surpreender e nem sempre ter palavras pra explicar exatamente o porquê daquele derrame […]

Por Ana Claudia Crispim
Atualizado em 27 fev 2017, 15h10 - Publicado em 10 fev 2016, 13h37

Não adianta negar, todo mundo tem seus segredinhos! Confesse: você já chorou de emoção em alguma viagem, não chorou? Normal.

O choro de viagem (este é o nominho que eu dei pra ele) é quase sempre inesperado, traiçoeiro e faz a gente se surpreender e nem sempre ter palavras pra explicar exatamente o porquê daquele derrame de emoções.

Esta semana mesmo, ouvi duas confidências de choro de viagem, achei curioso…

Uma foi em Nova York. O moçoilo estava na cidade havia dias, realizando um grande sonho de infância. Tudo estava bem, a viagem estava ótima, até ele pisar na ponte do Brooklin, dar aquele click e cair em prantos de emoção. Achei bonitinho.

A outra história foi em Santorini, outro rapaz. Ele me disse que aquilo foi demais pra ele, que nada se parecia com aquilo na vida e simplesmente caiu no choro.

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Eu sou chorona, foram muitas vezes que o sorriso não bastou.

Era Roma, eu estava no metrô vindo direto do aeroporto e ainda sem ver a cara da cidade. Quando subi as escadas da estação Colosseo, dei de cara com  Coliseu em pessoa. Foi uma surpresa tão boa! Meu primeiro Coliseu foi uma coisa embaçada, tentei disfarçar, não rolou. 

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Na mesma viagem (sim, foi a viagem do chororô), a Fontana di Trevi estava fechada. Sim, caros amigos, fechada. Perdi a esperança, aceitei Roma sem Fontana, é a vida. Meu marido, num acesso de romantismo e se aproveitando da minha total falta de orientação geográfica, teve mais esperança. Em outro momento da viagem me fez perder a noção de onde estávamos, e, sendo guiada cegamente pelas ruazinhas do centro de Roma, me vi dentro do filme Elsa & Fred.

Sabe aquele momento em que a Elza começa a ouvir o barulhinho da água da fonte e o barulho vai aumentando conforme ela chega mais perto? Foi assim. E foi quando de repente não mais de repente que a fonte apareceu na minha frente, linda, novinha em folha. Me senti a Elza! Me senti a Sylvia de La Dolce vita! Chorei, claro. Seria desrespeito não chorar.

A mais inesperada de todas foi em Cuba. Não era viagem sonho da vida, era apenas um destino legal, barato (sim, era época de dólar baixo…).

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Vislumbrei ali uma opção de viagem sem ter que vender um rim. Apenas.

Isso até entrarmos no táxi no aeroporto, começar a tocar o – mantra, hino, clássico dos clássicos – Chan Chan com o Buena Vista Social Club, na mesma hora em que o Che Guevara (de quem nem sou fã) estilizado na fachada do prédio da Plaza de la Revolución aparece pelo vidro fumê do carro. Foi muita informação, muita casa colorida e velha, muita gente linda passando pela janela, muita viagem no tempo. Tudo muito. Transbordou. Nascia ali um amor incondicional por um lugar que nem estava na lista de coisas pra fazer antes de morrer.

É, caros viajantes, às vezes acontece. Até um coração peludo como o meu tem lá seus momentos. E aí, já chorou? 

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