Rio que Shake As descobertas, as furadas, as novidades e o eterno do Rio e cercanias por Letícia Sorg. Paulista do interior que vem "cariocando" há 3 anos
Continua após publicidade

Rio de Janeiro: hotel Vila Santa Teresa surpreende com vista irretocável

É mesmo de tirar o fôlego – mesmo para uma cidade como o Rio, pródiga em mirantes e paisagens deslumbrantes

Por Leticia Sorg
Atualizado em 3 dez 2021, 14h27 - Publicado em 17 mar 2021, 16h38
Pão de Açúcar é um cartão-postal à beira da piscina no Vila Santa Teresa
Pão de Açúcar é um cartão-postal à beira da piscina no Vila Santa Teresa. Crédito: (Vila Santa Teresa/Divulgação)

– Nossa, não imaginava que existia isso aqui em cima! Que coisa linda! Obrigado por me trazer aqui!

Publicidade

Pode parecer estranho, mas foi assim que o motorista do aplicativo se despediu ao me deixar à porta do hotel Vila Santa Teresa. Isso mesmo depois de passar um bom tempo perdido para achar a entrada e subir uma inesperada ladeira.

Publicidade

De fato, não é tão simples chegar lá pela primeira vez. Não há placa com o nome do lugar. É preciso saber para onde se está indo e observar a discreta sinalização de que o número 2305 fica depois de um pesado portão, no alto da pequena rampa que brota abruptamente da Avenida Almirante Alexandrino, a principal do bairro.

Do lado de dentro, a pista tortuosa vai subindo por gramados, uma mansão, uma horta. Uma paisagem campestre que sempre surpreende num dos principais bairros de uma metrópole. E prenuncia uma visão arrebatadora.

Publicidade
Continua após a publicidade

Da pandemia de então para a de agora

Com seus 80 mil metros quadrados, a propriedade não chega a ser um segredo. Mas não deixa de ser uma surpresa num bairro tão conhecido por suas histórias e belezas. Casarões, ateliês, vistas deslumbrantes. São muitos os predicados dessa vizinhança cuja ocupação se consolidou num período de epidemia. Foi em 1850, quando a cidade foi devastada pela febre amarela.

Acossados pelos mosquitos que levavam a doença para a região central, os habitantes mais abastados de São Sebastião do Rio de Janeiro decidiram subir o morro. O regime de ventos e a temperatura mais amena repeliam os mosquitos e atraíam famílias em busca de um refúgio, inicialmente, sanitário.

Publicidade

Foi assim que uma família austríaca se estabeleceu num dos pontos altos de Santa Teresa, em uma mansão em estilo clássico. A mesma que, em 1936, foi reformada e ampliada pelo novo dono da propriedade, Joaquim Monteiro de Carvalho. Ali, passou a viver com sua família. Pelo menos na metade do ano. Na outra, era provável estarem em Paris.

Continua após a publicidade

De lá, aliás, foi trazida grande parte dos itens de acabamento e decoração da residência, como mostra um livro exposto na segunda das quatro casas da propriedade, a que abriga o hotel-boutique. É ali que hóspedes e visitantes podem conhecer um pouco o modo de viver e receber dessa tradicional família carioca.

Publicidade

Luxo que acolhe

Construída na década de 1970 por Sérgio Alberto Monteiro de Carvalho, filho de Joaquim, a residência ocupa um ponto privilegiado do terreno. As janelas frontais e o terraço com piscina têm uma das vistas mais espetaculares do Rio: toda a baía de Guanabara. Com direito ao Pão de Açúcar, claro.

É mesmo de tirar o fôlego – mesmo para uma cidade como o Rio, pródiga em mirantes e paisagens deslumbrantes. E só ter a experiência de estar numa casa de onde se tem essa vista todo santo dia já valeria a visita. Mas ir ao Vila Santa Teresa é mergulhar num Rio silencioso e exclusivo, com experiências cuidadosamente preparadas por Eva Monteiro de Carvalho, que administra o hotel.

Publicidade
Continua após a publicidade

Foi ela que, em 2010, conversando com um hoteleiro francês, teve a ideia de receber hóspedes na casa onde cresceu com os irmãos Astrid, Letícia e Joaquim. Embora o local estivesse vazio há algum tempo e tenha passado por várias reformas, a sensação é de que nunca deixou de ser um lar.

A biblioteca repleta de livros, muitos raros, e aconchegantes móveis em couro. A sala com poltronas confortáveis e uma bandeja estratégica com bebidas. A sala de jantar, hoje restaurante, com talheres e louças da família. Os itens são cuidadosamente escolhidos, mas não gritam grifes. E esse é o tom do lugar.

“É o conceito do pós-luxo. A sensação importa mais do que a grife”, explica Eva. “É aproveitar o prazer do momento, da descoberta, da autenticidade para criar memórias marcantes”.

A proposta é que os hóspedes de cada uma das sete suítes, cada uma com decoração própria, sejam tratados pelo nome e sintam-se à vontade para circular descalços pela casa e pelo extenso gramado do entorno. Que aproveitem a experiência de tomar um café na horta, com itens cultivados ali mesmo, ou então um piquenique de fim de tarde preparado com os itens de sua preferência.

Continua após a publicidade

Chama a atenção um detalhe no tratamento dos hóspedes. Ao chegar, eles recebem um token, espécie de chaveiro onde podem acionar o atendimento do hotel. Foi a maneira encontrada por Eva para garantir atenção e, ao mesmo tempo, manter a privacidade das pessoas.

Descoberta carioca

De 2017, quando começou a funcionar, até agora, a maior parte dos hóspedes do Vila Santa Teresa era estrangeira. Mas o cenário mudou com o início da pandemia. Seja porque ficou complicado vir ao país, novo epicentro de casos de coronavírus. Seja porque, presos em apartamentos por meses, os brasileiros começaram a redescobrir as próprias cidades.

Além das diárias – que custam a partir de R$ 1.300–, há outras maneiras de experienciar o lugar. O day use custa R$ 850 para duas pessoas (mais 10% de serviço e 5% de ISS) e inclui recepção com uma taça de espumante e almoço. Os visitantes têm acesso à piscina e ao jardim.

Outra opção (que não permite aproveitar a piscina, porém) é a reserva para almoço ou jantar (este apenas quando o decreto municipal de combate à pandemia permitir). O menu, com entrada, prato principal e sobremesa, sai por R$ 180 por pessoa – um preço honesto para a qualidade do que é servido. São poucas e boas sugestões para cada curso. A comida, embora saborosa, é coadjuvante. Ir ao Vila Santa Teresa não é ir a um restaurante. É todo um programa.

Continua após a publicidade

O brunch aos domingos já é tradicional e pode ser degustado numa mesa do terraço. Para não perder a vista de tirar o fôlego. Mas não vejo a hora de poderem ser retomados os jantares da Lua cheia. As imagens dão uma ideia de quão especial é o lugar para apreciar esse fenômeno natural. A Lua, de cera forma, é como o Vila Santa Teresa. Convida a viver o momento, que é mais bonito que todas as fotos que possamos tirar até com o melhor celular.

Serviço

Diária: a partir de R$ 1.300 mil; reservas aqui
Day use: R$ 850 + 10% de serviço + 5% de ISS para duas pessoas (com taça de espumante e almoço em três cursos)
Almoço ou jantar (quando for permitido): R$ 180 por pessoa (com entrada, prato principal e sobremesa)
Brunch: R$ 160 por pessoa
Aviso: são permitidos hóspedes com mais de 18 anos

Leia tudo sobre o Rio de Janeiro

Busque outras hospedagens em Santa Teresa e além

Publicidade
Publicidade