Por dentro do mais novo hotel 5 estrelas do Porto
Fomos conhecer o Maison Albar Le Monumental Palace, em plena Avenida dos Aliados, um super-hotel de sotaque francês no coração da cidade
O nome não poderia fazer mais jus à causa. Chegar ao Maison Albar Le Monumental Palace é como desembarcar em um autêntico monumento. Mais precisamente um monumento dos anos 1920, de elegantes ares art deco, impecavelmente restaurado. Melhor dos mundos: um monumento para dormir.
Em plena Avenida dos Aliados, no coração do centro histórico do Porto, o palacete reabriu nos últimos meses depois de quatro décadas em abandono e 2,5 anos de reformas meticulosas. Manteve a fachada, alguns elementos do interior e recuperou o famoso café que funcionou por anos e anos ali, desde 1930 – e que, agora, novamente nos holofotes, empresta o nome ao hotel.
O Le Monumental se faz de detalhes. Que nem são tããão detalhes assim. O teto abobadado dos corredores, que simulam locomotivas de luxo. O tapete alto e macio que conduz aos quartos e nos faz parecer flutuar. As portas pesadíssimas que nos trazem de volta à realidade – para depois nos abstrair dela novamente. O pé direito altíssimo de todas as acomodações. As janelas e varandas de algumas delas. A televisão camuflada no espelho. O frigobar. Aaah, o frigobar.
Tenho uma confessa obsessão por frigobares de hotel. Resquícios da infância, eles me atraem como ímã assim que entro no quarto. E aqui é uma deliciosa caixinha de surpresas, toda embutida numa cômoda cheia de gavetas. A parte fria, propriamente dita, tem abertura no topo e uma coleção de garrafas-perdição geladinhas. Depois, outras gavetas guardam uma seleção incrível de mimos. Batatas fritas trufadas. Potinhos coloridos de balas. Biscoitos. Chocolates de embalagem tão linda que dá vontade de comer (a embalagem). Garrafas de vinho guardadas em compartimentos aveludados. Golpe dos golpes: taças finas e lindos (e pesados) copos todo trabalhados. No topo, máquina de café expresso.
Eu poderia ficar horas entre um café e outro, uma espiada na varanda e um mergulho nos muitos travesseiros, mas logo depois do check-in eu tinha uma massagem relaxante (em dupla!) agendada no spa. Não sei se foram as mãos mágicas da Rita ou o cansaço extremo dos últimos dias, mas fiquei o tempo todo “no limbo”, como ela mesma “diagnosticou” – cheguei a ter espasmos!
Aos fatos: o ritual já começa hipnotizante, com uma toalha quente para massagear os pés. Segue com movimentos ritmados e aplicação de óleos mornos. E termina com um revigorante despertar nas costas, com socos e batidinhas. Nessa altura eu já nem sabia mais onde estava. O relax posterior, acompanhado de um chá, é à beira da piscina interior, aquecida a 28-29ºC (o ambiente está sempre a 30ºC). Todos os produtos usados são da marca francesa Nuxe. Além das duas salas de massagem (uma single e uma double), tem ainda uma sala de duchas vichy. Os tratamentos custam desde € 60.
À noite fomos conhecer o famoso Monumental Café, que nesta encarnação assume um gostoso clima de brasserie francesa, com mesas pequenininhas e vista para a praça (as mesas ao ar livre, no melhor estilo parisiense, prometem ser um must no auge do verão). No menu, para começar, steak tartar com batatas fritas e foie gras mi-cuit ao vinho do Porto. Mas tem também outros clássicos como rilettes e escargots. Entre os pratos principais, escolhemos um mignon ao molho de pimenta (e também um pouquinho de Béarnaise, que o chefe de sala Diogo não nos deixou não provar), acompanhado de um levíssimo gratin dauphinois, e uma criação Portugal meets France: um incrível bacalhau fresco com espuma de mexilhões. No final, um carrinho de sobremesa faz a festa à moda antiga, com tortinhas deliciosas. Prove a de limão.
O nome por trás das criações é Julien Montbabut, dono de uma estrela Michelin no Le Restaurant, em Paris. Esse é, aliás, um dos objetivos do hotel: alçar a cozinha de seu restaurante principal, o Le Monument, à categoria de estrelado em breve. Infelizmente, no dia da minha visita, o restaurante estava fechado… Mas, a quem interessar possa, ele só abre ao jantar, tem apenas 40 lugares e serve dois tipos de menu degustação: um com quatro pratos (€ 85) e outro com seis (€ 105). As respectivas harmonizações com vinhos custam € 45 e € 60. Entre as receitas, aspargos verdes defumados com poejo, iogurte e gema de ovo de codorna, barriga de atum marinada com melancia e flor de sabugueiro e leitão com especiarias, morcela e baby acelgas.
O hotel tem ainda um agradável bar especializado em coquetéis, onde há apresentações de piano todos as quartas-feiras ao final do dia. Detalhes que fazem a diferença: o corrimão da escada que leva à biblioteca, ao fundo do bar, todo em madeira, é original. Por todo canto, fotografias do Porto antigo decoram as paredes. E bonitos objetos de arte trazidos de viagem pelos decoradores (caso do belo vaso japonês que está na sala de TV) dão personalidade aos diferentes ambientes do hotel.
O café da manhã é para ser tomado sem pressa – inclusive por não hóspedes (€ 25 por pessoa). Há opções quentes a la carte e um bufê com uma variada seleção de frios, frutas, iogurtes, granolas, frutos secos e quetais. Destaque para os queijos e para a delicada viennoiserie – não estivéssemos em um hotel de sotaque francês! O mini muffin de noz pecan, molhadinho e cremoso, deixou saudades eternas. Não sei se fui mais vezes ao bufê que os hóspedes habituais, mas o fato é que a minha pilha de pratinhos e talheres usados não foi notada pelos garçons até o fim. O serviço, ainda um pouco inconsistente, é o único detalhe que tenho a apontar, ao lado da cama de casal que era, na verdade, duas de solteiro reunidas, sem um pillow top. Mas são meros detalhes que, dentro do monumento, passam quase despercebidos.
Anote aí: as diárias do Maison Albar Le Monumental Palace custam desde € 250, com café da manhã. O hotel tem uma pequena garagem para os hóspedes (providencial no centro do Porto!), ao custo de € 25 por dia. É preciso reservá-la com antecedência. Reserve a sua estadia aqui.
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