Além-mar

Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, mais de dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
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Estoi: viagem a um Algarve que já não existe mais

Uma vilinha encantadora a apenas 10 quilômetros de Faro e que guarda um palácio onde é possível passar a noite

Por Rachel Verano
Atualizado em 15 mar 2022, 13h37 - Publicado em 14 Maio 2018, 06h20
A fachada rosada do Palácio de Estoi: joia rococó no coração do Algarve
A fachada rosada do Palácio de Estoi: joia rococó no coração do Algarve (Bruno Barata/Reprodução)

Nas últimas décadas, o Algarve se transformou no destino queridinho de hordas de turistas vindos dos recantos mais ao norte da Europa em busca de calor, sol e mar (algo que por aqui tem-se quase o ano inteiro). Aos poucos a região foi se moldando para recebê-los. E viu nascer enormes resorts, campos de golfe, pubs em cada esquina das cidadezinhas, restaurantes com menus em 10 idiomas. A fama cresceu, o mundo descobriu o Algarve e pronto: estava criado um imenso balneário.

Os lindos jardins do palácio, com a vilinha a seus pés
Os lindos jardins do palácio, com a vilinha a seus pés (Bruno Barata/Reprodução)

Mas e aquelas vilinhas de casinhas brancas, ruelas estreitas e tortuosas, uma pracinha principal, cafés parados no tempo, moradores na janela vendo a vida passar? Quase já não se vê mais.

Feirinha e ritmo interiorano no centro de Estoi
Feirinha e ritmo interiorano no centro de Estoi (Bruno Barata/Reprodução)
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E então eu descobri Estoi, uma joia de apenas 3.500 habitantes a meros 10 quilômetros de Faro, a capital algarvia. A vila é uma deliciosa viagem no tempo rumo a este Algarve de outras épocas. Está lá a ruinha principal, a feirinha de rua, as conversas de café, a Matriz do século 15 (cujo altar foi construído com madeira vinda de embarcações).

A Matriz da cidadezinha, do século 15
A Matriz da cidadezinha, do século 15 (Bruno Barata/Reprodução)

E está lá a grande pérola local: o Palácio de Estoi, erguido em estiulo rococó no século 18. Por trás de sua bela fachada cor de rosa, é recheado de jardins espalhados em diferentes níveis, interligados por escadarias, com fontes e esculturas.

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Os suntuosos salões do palácio
Os suntuosos salões do palácio (Bruno Barata/Reprodução)

No terraço inferior há um belo painel de azulejos em branco e azul assinados pelo artista Pereira Junior, concebido entre os anos 1899 e 1904. Os salões históricos são ricamente decorados com estuques, pinturas nos tetos e nas paredes e móveis de época. Há uma capelinha Luis XV nas suas premissas. E um gostoso café para curtir tudo isso com calma.

Precisar nem precisava, mas Estoi tem ainda outro segredo: as Ruínas Romanas de Milreu, que reúne os vestígios do Império Romano mais bem preservados do Algarve, datados desde o século 1. O antigo acampamento agrícola do século 1 foi convertido em vila de luxo nos anos seguintes e hoje se vê lindos mosaicos onde seriam as termas.

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A piscina do palácio em sua área moderna: pousada
A piscina do palácio em sua área moderna: pousada (Bruno Barata/Reprodução)

Aceita um conselho? Deixe-se ficar. O palácio é hoje uma das Pousadas de Portugal, e é possível passar a noite ali, como reis e rainhas. Seu restaurante é delicioso e especializado em cataplanas, o prato típico do Algarve, herdado dos mouros. Os quartos foram construídos em uma ala moderna com uma piscina providencial – afinal, estamos no litoral, ainda que a 10 quilômetros do mar.

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