Além-mar

Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, mais de dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
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12 novidades de um ano pandêmico em Portugal

Boas novas que vieram para ficar no dia a dia

Por Rachel Verano
Atualizado em 18 jun 2021, 11h46 - Publicado em 31 dez 2020, 12h43
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Pandemia em Portugal: novos cenários (Portuguese Gravity/Reprodução)

Teve confinamento, teve cancelamento, teve estado de emergência (sete!), teve live, teve verão, teve campanha política, teve Natal, não vai teve réveillon, teve vacina. 2020 já foi tarde, mas trouxe mudanças que vieram para ficar, para provar, para refletir, para ressignificar. Muita coisa ruim aconteceu, é inegável. Muitos negócios fecharam, há desemprego como nunca, a economia está gritando por socorro. Mas, para seguir o clima otimista que toma conta de todos nós nesta época do ano, eu fico pelas coisas boas. Eu poderia listar milhares, mas aqui vão 12 mudanças que aterrissaram em Portugal com a pandemia:

1) As compras online finalmente vieram para ficar
É quase surreal dizer isso, mas até bem pouco tempo comprar pela internet simplesmente não era um hábito em Portugal. Consequentemente, as opções eram mínimas (basicamente as grandes marcas e só). Quando foi decretado o primeiro lockdown, os supermercados enlouqueceram. Tinha filha até para conseguir navegar nos sites, de tão sobrecarregados que estavam (e estou falando das maiores redes!). Os pedidos eram agendados para entregas em 15 dias, 3 semanas, um mês (?!?). Mas a revolução foi rápida. Hoje o comércio virtual já é uma realidade que funciona bem por aqui.

2) Os serviços de entrega em casa foram incrementados
Aqui não estou falando de Glovos, Uber Eats e quetais. Muitos restaurantes começaram a oferecer serviço próprio de entrega – e a prezar por uma qualidade acima da média. A oferta mais do que dobrou. Iniciativas como a Tudo em Casa, de Cascais, reuniram produtores artesanais incríveis e viabilizaram o delivery de produtos especiais como as kombuchas da HomeLab, os doces da Gávea Sweet, as flores da Karla Lamounier… Atualmente é possível pedir praticamente tudo em casa (nos grandes centros, claro).

3) O nomadismo digital floresceu
O home office foi, sem dúvida, uma das maiores conquistas no mundo inteiro. Finalmente as pessoas descobriram que as reuniões presenciais intermináveis não são necessárias, que os escritórios gigantescos custam caro, que quase tudo, em determinadas áreas, pode ser feito à distância. Resultados imediatos: custos operacionais mais baixos e muito menos trânsito. Os hotéis em Portugal aproveitaram a onda para se adaptar e oferecer promoções tentadoras para quem quer mudar de ares. E mesmo quem nunca ouviu falar em nomadismo digital de repente se viu fechando negócios e tomando decisões importantíssimas de frente para o mar, com o pé na areia ou depois de um banho de rio.

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4) A cultura do brunch pegou
Força das circunstâncias. Nos últimos meses do ano, o governo restringiu o funcionamento dos restaurantes aos finais de semana e feriados: nada podia funcionar depois das 13h na maioria do país (que foi dividido de acordo com a gravidade da pandemia). Resultado: impossibilitados de servir almoços e jantares nos dias de maior movimento, os restaurantes das grandes cidades começaram a servir brunch. E a moda pegou.

5) Os aluguéis ficaram mais baratos
Isso vale especialmente para os maiores destinos turísticos, que já vinham vivendo um processo de gentrificação, com boa parte dos imóveis nos bairros de maior interesse virando Airbnbs e expulsando a população local. Com o turismo praticamente a zero, os proprietários tiveram que mirar o mercado interno. E os valores baixaram para aluguéis de longa temporada – sem contar a oferta, que aumentou significativamente.

6) Surgiram novos restaurantes e negócios de comidinhas
Falo de Lisboa e arredores, que foi onde acompanhei de perto. Capitaneados por empreendedores corajosos, muitos restaurantes abriram as portas – caso do Zunzum Gastrobar, da chef Marlene Vieira; do Drogaria, do empresário Paulo Aguiar, com cozinha incrível de David Casaca; do OTRO, que tem Vítor Sobral como sócio (o chef também abriu o Dom Roger); da Tozzi Forneria Moderna, que veio se somar a um novo cenário de pizzas realmente boas na capital… e tantos outros. No universo das comidinhas, empreendedores brasileiros fizeram toda a diferença: Juliana Penteado e sua Baru Pastry, de doces artesanais elaborados e maravilhosos, feitos com óleos essenciais, que em breve vai ganhar loja física em Santos; Adriana Moraes e sua Puddino, uma boutique de pudins maravilhosos no bairro de Campo de Ourique; Giuliana Zoratti e sua Lisbela, que entrega boxes de comidinhas gourmet deliciosas (e feitas artesanalmente por ela!)…

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7) Os pães de fermentação natural viraram estrelas
A moda mundial já tinha vindo parar aqui, mas com o confinamento os pães “de verdade” roubaram a cena. Em Lisboa, o delicioso Pão do Pastor é imperdível, e a Gleba e a Padaria da Esquina, absolutamente incontornáveis. A Gleba, aliás, cresceu e apareceu (ainda mais): agora ocupa um galpão maravilhoso em Alcântara, onde pretendo peregrinar toda semana (resolução de ano novo). Parêntese para o melhor panettone que Portugal já viu. O creme de pistache feito por eles também é um espetáculo. Em Cascais, a Cria Padaria Artesanal é O lugar.

8) Nunca foi tão barato viajar dentro do país
Embora alguns hotéis tenham se unido para não baixar as tarifas, eles foram uma minoria. Abundaram as promoções de diárias extras, de cashback (quando você recebe um percentual para gastar no próprio hotel), de períodos mais longos a preços mais baixos (pensando no home office), de diárias muito mais baratas agora (ou até de graça) para quem reservasse o verão de 2021.

9) As diárias em casas de temporada incríveis estão mais baixas do que nunca
Tive a oportunidade de descobrir verdadeiros achados com diárias tentadoras, caso deste estúdio fofo na Nazaré onde paguei menos de € 40 por noite para ficar a poucos passos da praia; deste apartamento superbem localizado no Porto com diárias a € 30 (e geladeira Smeg!); desta casinha de cinema debruçada sobre a praia nas Azenhas do Mar, por cerca de € 60; e desta cabana de sonhos em que me encontro neste momento na Carrapateira, uma vila minúscula toda branquinha a poucos minutos de algumas das praias mais lindas e bem preservadas do país, onde vim quarentenar na passagem do ano com diária a € 76 nesta época (tem piso aquecido, piscina e um terraço divino!).

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10) Os produtos locais ganharam protagonismo
A feirinha de orgânicos e de comidinhas artesanais estão mais valorizadas do que nunca (viva a lisboeta Comida Independente!). Comprar do vizinho também. Tenho percebido, ainda que sutilmente, um pequeno movimento real no sentido de valorizar o que é local. Vida longa a projetos maravilhosos como o Portugal Manual, capitaneado pela incrível Filipa Belo, que reúne artistas de todo o país com uma curadoria maravilhosa – e que agora tem uma pop-up no Centro Cultural Belém!

11) A burocracia deu uma leve desburocratizada
Para a coisa mudar de verdade é preciso passar muita água debaixo da ponte, mas a flexibilidade com a data de documentos foi uma conquista bem prática para um dia a dia em que não é possível renovar tudo com a agilidade de sempre.

12) Surgiram novos serviços para simplificar o dia a dia
O que mais amei veio do meu seguro de saúde: consultas imediatas através de videochamadas através do aplicativo. Melhor ainda: de graça em tempos de pandemia. Todos aqueles motivos não graves que nos levariam a emergências de hospitais passaram a ser resolvidos em poucos minutos com uma chamada médica no celular e uma receita aterrissando segundos depois no email.

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