Trem até Paranapiacaba: 11 atrações pra curtir a vila britânica em SP
Destino do trem turístico da CPTM, a cidade tem construções de madeira, museu ferroviário, trilhas e cachaça
1. Big Ben genérico na vila coberta de cerração
Devoto de Woody Allen que sou, chegar a Paranapiacaba, distrito de Santo André, remeteu a Meia-Noite em Paris, película na qual Gil (Owen Wilson) é transportado para uma capital francesa a pulsar em pleno 1920. Ele depara com Ernest Hemingway, Salvador Dalí… Paranapiacaba não lembra em nada Paris, mas é uma vila de áurea britânica no cume da Serra do Mar, que foi fundada em 1860, durante a feitura da ferrovia São Paulo Railway, para servir de morada para os operários ingleses que trabalhavam na obra.
Há certo descuido tupiniquim em parte das casas, com blocos sem reboco e janelas de alumínio. As ruelas estreitas de cascalho, o casario de madeira e a neblina, porém, criam um ambiente bacana permeado por lojas de artesanato, museus e pelo relógio da estação, espécie de minirréplica do Big Ben. A torre que imita o cartão-postal de Londres foi inaugurada em 1898 com um legítimo relógio Johnny Walker Benson, cujas badaladas regulavam trens fornidos de café, que paravam por ali enquanto iam de Jundiaí ao Porto de Santos, isso na primeira metade do século 20.
2. Pi-u-i abacaxi saindo da Estação da Luz: ói, olha o trem
Dá para ir de busão ou de carro a partir da Rodovia Anchieta, mas a tal viagem ao passado é plena no Expresso Turístico que aos domingos parte da Estação da Luz, região central paulistana. O trajeto, a bordo de uma locomotiva da década de 1950, passa pelos municípios de Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires. São R$ 44 (ida e volta, ou R$ 77 para duas pessoas) bem pagos. As passagens podem ser adquiridas na bilheteria da Estação Luz localizada no Saguão 1, em frente à SSO da CPTM, que funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados e domingos, das 7h às 9h. Compre o ingresso com antecedência, pois a procura é grande sobretudo nas férias. Mais informações aqui.
3. Museu Ferroviário do Funicular, o resgate
Já que as belezas de Paranapiacaba estão mais para Burnley ou Birmingham que para Londres, a pontualidade e a história das Marias-Fumaças podem ser contempladas no Museu Ferroviário do Funicular. Com acesso pela passarela que liga as partes alta e baixa de Paranapiacaba, reúne fotos e equipamentos explicando como o sistema de cabos movimentava os trens em planos inclinados. Funiculì, Funiculà, Funiculì, Funiculà!!!! Aos domingos e feriados, uma locomotiva de 1867 faz um passeio, onde percorremos 700 metros em 15 minutos ao redor do museu.
4. Castelinho vitoriano, a casa do chefe inglês no alto da colina
A casa do engenheiro-chefe da antiga ferrovia, Frederic Mens, virou o Museu Castelo (Rua Caminho do Mendes). Construída em 1897 no alto de um morro, se transformou em um mirante onde é possível ver toda a vila, isso se a neblina deixar. Era dali que o chefe vigiava o proletariado, por isso a casa fica lá no alto. Tem umas coisas do Frederic lá, é tipo o museu da galera que morou na vila.
5. Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba, o outro marco
Além do Big Ben, essa edificação erguida em 1889 é o outro marco referencial na paisagem local.
6. Hora de comer peixes de águas frias e fundas
Não há gastronomia estrelada nem fish and chips. Uma boa é o eclético e variado Vila Inglesa (Avenida Fox, 438, 11/4439-0190). Comida simples e caseira, cuja estrela é o salmão defumado.
7. Clube União Lyra Serrano e a velha high society que rolou ali
Na esquina das avenidas Fox (a do restaurante acima) e Antônio Olyntho, essa construção de madeira, outra herança dos ferroviários ingleses, já foi palco de óperas, peças de teatro e outros espetáculos. Ainda hoje, sedia importantes eventos e festivais (como o Festival de Inverno, a Feira Literária e o Encontro Brasileiro de Ferromodelismo). O Lyra Serrano resulta da fusão de duas entidades: o Serrano Futebol Clube, dedicado ao esporte bretão, e o Lyra da Serra, às artes. Restaurado em 2005, sedia ali 400 troféus, mesas de sinuca e gamão e painéis fotográficos com eventos sociais dos velhos tempos.
8. Festival de Inverno de Paranapiacaba gratuito em julho
Shows de música popular e clássica, peças teatrais, sessões de cinema e até oficinas de cerâmica foram desfrutadas por 151 mil pessoas na edição passada, que ocorre geralmente nos três últimos fins de semana de julho. Já rolou até Milton Nascimento por ali.
9. Cambuci de comer e de beber
Point de motoqueiros e dos 1 300 moradores de Paranapiacaba (nenhum é inglês, ao menos não descobri nenhum), o Bar da Zilda é um reduto para abusar do cambuci, fruta abundante na Mata Atlântica. Com ela a gente faz sucos, doces e a tradicional cachaça de cambuci. Docinha, é na medida para requentar o corpo nessa friaca.
10. Trilhas para todos em Paranapiacaba
Existem mais de 100 trilhas na região, que podem ser rasgadas a pé ou de bike. É importante ter sempre a companhia de um guia. O Centro de Informações Turísticas (11/4439-0237) agenda passeios monitorados. Os caminhos levam a 23 cachoeiras, sete mirantes (três com vista para o mar), quatro cavernas, rios, lagos e vales porretas. Cinco dessas trilhas estão no Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba (Rua Direita, 371, 11/4439-0321). Tem para todos os níveis de dificuldade: caso da Trilha dos Gravatás, percorrida em 30 minutos, que é considerada fácil, com declives de até 15º. Já a Trilha da Comunidade, com 1 569 m de extensão, requer 2h, difícil por causa do desnível de 276 m de descida com inclinações acima de 30º, mas dá de brinde lindas bromélias e orquídeas. No alto do morro, encontram-se ruínas que já foram uma comunidade hippie.
11. Mercadão que foi do rango à cultura
De 1899, ele foi erguido na Avenida Fox como uma quitanda de secos e molhados, aí virou lanchonete e faliu, restando anos fechado. Restaurado, converteu-se num centro multicultural e com exposições e atrações do Festival de Inverno.
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