São Francisco Xavier: um dossiê sobre o descolado refúgio que você tem de (re)visitar
Era impensável há cerca de uma década e meia imaginar São Francisco Xavier tão cool como está. A 159 km da capital, esse distritinho de São José dos Campos, assim como Caçapava, não era alvejado por holofotes, mesmo com cachoeiras e vistas de babar. Mas a coisa começou a dar uma bombadinha (sem muvuca, é bom dizer) com a chegada de pousadas charmosas, em sua maioria voltada para casais.
O pico hoje é um descolado e romântico refúgio de serra, que não tem a pompa das rivais da Mantiqueira como São Bento do Sapucaí e Campos do Jordão.
Geralmente é assim: de dia, os visitantes curtem as trilhas, as cachoeiras e os esportes de aventura, e/ou vão aos ateliês do Circuito das Artes, com acesso pela estrada para Joanópolis. À noite, o point é a Rua 15 de Novembro e adjacências, com bares, restaurantes e lojinhas.
Pena que o governo estadual tenha acabado, após 8 anos, com o Festival da Mantiqueira, espécie de Flip Paulista que trazia autores porretas. Mas isso está longe de deixar o rolê menos interessante.
A seguir, um guia que você tem que considerar caso queira ter uma bruta. Experiência logo ali.
São Francisco Xavier: como chegar
Fica a 159 quilômetros de São Paulo. Pegue a Ayrton Senna, depois a Dutra em direção a São José dos Campos e siga pela sinuosa SP-050 até Monteiro Lobato, de onde sai o acesso por estrada municipal. Aí a gente vê a profusão de colinas nos arrebaldes de São Xico.
Pedágio: R$ 11,80 por trecho.
São Francisco Xavier: onde ficar
Uma das que têm melhor custo/benefício é a Pouso do Rochedo, com tirolesa, rapel, oito cachoeiras, quatro trilhas e um mirante a 1800 metros de altura. Os chalés contam com lareira – os apartamentos, não. Ali paga-se uns R$ 400 o casal.
Negócio mais em conta se faz na Pousada Kolibri, que hospeda donos junto com cães no quarto: custa desde R$ 130 a diária do casal, mais R$ 40 por cão. Ali há uma cachoeira com piscina natural, mas lembre-se de que o dog deve ser obediente para não entrar em lugares perigosos.
Afastadona do pedaço urbano, mais precisamente a 10 quilômetros do Centro por uma estrada de terra fácil de cruzar, A Rosa e o Rei, com diárias desde R$ 550, é para se isolar. Escolha suas acomodações: na parte alta do terreno os chalés têm ofurô no quarto e visão para as montanhas. Tem também os que estão no meio da mata, com o plus do ofurô num deque privativo na área externa, é pra ficar ali ouvindo o som das duas cachoeiras que dão nome à pousada.
Algo mais central e ainda assim bucólico? A Chapéu de Palha, com diárias a partir de R$ 750, guarda seis cabanas com vista estupenda para um vale, que deixa feliz os casais que lá se hospedam, aliás, é o público-alvo. Atenção para a cabana Vó Cida, com cama king e lençóis de algodão egípcio de mil fios.
São Francisco Xavier: Cachoeira do Roncador
Com 45 metros de queda e poço para banho, a Cachoeira do Roncador vive onde se beijam o Rio do Peixe e o Ribeirão Roncador. Ali tem umas árvores com macacos muriquis, que aparecem com mais frequência em dias quentes.
Vá de carro até o estacionamento da Pousada Cachoeira do Roncador e pague o ingresso: os R$ 69 garantem uma lugar na piscina (dispensável, ora, e a cachoeira?) e o almoço. Por desde R$ 220 você dorme na pousada de sábado a domingo, vale mais a pena.
São Francisco Xavier: trilhas, tirolesa… uma penca de turismo de aventura
Quem curte tirolesa deve rumar à pousada da Márcia, a Portal do Equilibrium, que reserva uma sequência de duas tirolesas em meio ao frescor da Serra da Mantiqueira, além de duas trilhas.
Trilhas mais parrudas têm início na Fazenda Monte Verde, a 5 km do Centro. A subida de cinco horas (12 km) até a Pedra da Onça, a 2 000 m de altitude, vale pela vista. Até Monte Verde, o trekking de oito horas (22 km) passa por riachos e bosques, esse é para os mais escolados. Iniciantes podem vagar por três horas (6 km) até a Toca do Muriqui: no caminho dá para observar a espécie de macaco que dá nome à toca. Preços entre R$ 70 e R$ 170 por pessoa (os tempos e distâncias são de ida e volta). Mais informações no CAT, Centro de Apoio ao Turista (12/3926-1279).
No CAT também dá pra se informar sobre a subida até o Pico Focinho D´Anta (1 712 m) e sobre o Aquaride no Rio do Peixe, com opções para novatos em botes.
São Francisco Xavier: onde comer
Principal artéria, a Rua 15 de Novembro concentra restaurantes como o Yoshi (Nº 345, 12/3926-1806), com suas paredes vermelhas e lanternas japonesas e, no menu do chef Thompson Lee, combinados de sushis e sashimis, pratos chineses e tailandeses.
Outro bem bacana na rua e que também faz papel de empório é o variado João de Barro, que funciona numa casinha de adobe e barro.
Na estrada para Monteiro Lobato há o Pesqueiro Pantanal, dentro de um pesque-pague. As mesas estão numa choupana vizinha ao lago. Bom para provar a tilápia criada ali mesmo. Depois do meio-dia no fim de semana o bicho pega pra arranjar uma mesa, pois, claro, os preços são matadores.
Não perca ainda o bucólico Serra da Águas, que fica no trutário homônimo, área verde delícia entre dois riachos.
São Francisco Xavier: onde passear e relaxar
Sítio cheio de canteiros de flores e ervas, Bruxinhas do Mato tem salas de massagens, lojinha com produtos terapêuticos e um terraço onde são servidos chás. Nas salas de banho (uma individual e outra para casal), a imersão em água com ervas calmantes ou afrodisíacas dura trinta minutos.
Fica na mesma Estrada do Machado onde se situa o Rancho São Xico, com bar e sofás. Dali partem para cavalgadas guiadas, como a que percorre a zona rural.
São Francisco Xavier: onde comprar
Na Rua 15 de Novembro, camuflada atrás do restaurante João de Barro, a Maly Caran vende (dá pra comprar online) óleos e sabonetes à base de ervas e flores que crescem na fazenda da família.
O forte de SFX, porém, são os bucólicos ateliês em estradas de terra. O Atelier de las Máscaras, que vendia máscaras à Carnaval de Veneza, fechou, mas há outros excelentes.
Destaco o Arte na Roça, terreno no qual o professor de história Carlos Eduardo Finochio pinta. Nos fins de semana, em seu sítio, vende telas de inspiração cubista a partir de uns R$ 120. E o Manacá da Serra, da ceramista Camila Giffoni, cujo acesso rola pela estrada para Joanópolis. Há peças utilitárias/decorativas, com belos tons berrantes e design modernão, como os pequenos bowls (saem por R$ 45) e luminárias que chegam a R$ 400. Também abre somente aos fins de semana.