Imagem Blog Comer & Beber em São Paulo Um prato feito com as novidades e os clássicos da gastronomia paulistana. Para quem está de passagem ou moradores de uma vida. É só se servir! Por Arnaldo Lorençato, crítico de restaurantes da VEJA SÃO PAULO.
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Casa Búlgara: um patrimônio judaico em São Paulo

O estabelecimento especializado em burekas, que são rosquinhas folhadas, está no Bom Retiro desde 1975

Por Iracy Paulina / Edição: Saulo Yassuda
Atualizado em 25 jan 2024, 23h51 - Publicado em 11 jan 2024, 10h15

A bureka é uma das inúmeras contribuições que os imigrantes deram à rica gastronomia paulistana. Nesse caso, estamos falando de Lina Levi (1927-2018), búlgara nascida na cidade litorânea de Varna. Ela chegou a São Paulo em 1974 e se instalou no Bom Retiro, que, naquela época, concentrava boa parte da colônia judaica na capital – hoje, é a presença coreana que se destaca no bairro.

No ano seguinte, Lina abriu a Casa Búlgara onde vendia sorvete, iogurte e queijo búlgaro. O salgadinho de massa folhada veio depois, como uma estratégia de sobrevivência do negócio. Era uma receita que ela aprendeu com a avó. Na verdade, um preparo de origem turca que se espalhou pelos países dominados pelo antigo Império Otomano. 

Na Bulgária, a massa ganhou características próprias, como os recheios, e recebeu o nome de byurek. Para reproduzir o quitute por aqui, Lina precisou fazer adaptações porque os ingredientes principais da receita – farinha, água e gordura – eram diferentes dos que ela usava em seu país de origem. 

As fornadas iniciais eram preparadas com os dois recheios tradicionais: queijo búlgaro e espinafre com queijo. Por influência dos judeus do Leste Europeu, que eram maioria no bairro, entrou na vitrine uma versão recheada com batatas. Depois vieram outros sabores e o quitute virou um sucesso. Foi, inclusive, premiado pelo guia VEJA SÃO PAULO COMER & BEBER, na edição de 2009, como o melhor salgado da cidade. 

Um sucesso garantido pelo olhar atento da fundadora, que seguia tudo de perto até pouco antes de morrer, aos 91 anos, em 2018. Antes da partida de dona Lina, ela vinha sendo ajudada pela filha, Shoshana Baruch, e pelo neto, Nir Baruch, ambos à frente da pequena loja desde então. Vale ir ao Bom Retiro só para saborear as delícias que elas tiram do forno. 

Quem está por lá, pode conferir também duas atrações culturais do bairro. No bônus, estão a Oficina Cultural Oswald de Andrade e o Arquivo Histórico Municipal. Bom passeio!

Lina Levi, Casa Búlgara, São Paulo, Brasil
Lina Levi acompanhou a produção das burekas até pouco antes de sua morte, em 2018 (Casa Búlgara/Arquivo pessoal)

Casa Búlgara

Rua Silva Pinto, 356 – Bom Retiro – (11) 3222-9849 / (11) 98534-8030 – Instagram: @casabulgara

As herdeiras Shoshana e Nir Baruch seguem oferecendo os saborosos quitutes que fizeram a fama da casa fundada pela búlgara Lina Levi. Preparadas de forma artesanal, diariamente burekas fresquinhas preenchem as bandejas nas vitrines da loja. A massa folhada crocante e douradinha traz em seu interior diversos recheios. Uma das boas opções é a bureka de carne moída sequinha com berinjela. A de batata entremeada por cubinhos de cebola caramelada também faz sucesso. Os que amam doces contam com a versão recheada de chocolate meio amargo. Com a mesma massa, também sai do forno o strudel recheado de maçã e nozes com um toque de canela. 

Bônus 

Oficina Cultural Oswald de Andrade 

Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – (11) 3222-2662 / (11) 3221-5558 – Site

Uma das três oficinas culturais mantidas pelo governo do Estado na capital, a Oswald de Andrade está instalada desde 1986 em um prédio histórico inaugurado em 1905 onde funcionou a Faculdade de Odontologia da USP, nascida como Escola de Pharmacia, Odontologia e Obstetrícia de São Paulo. A unidade de cultura desenvolve diversas atividades de formação e difusão abarcando diferentes linguagens artísticas, como artes cênicas e visuais, audiovisual, gestão cultural, literatura, moda, exposições, espetáculos de dança, teatro e música. A programação está disponível no site. 

Arquivo Histórico Municipal

Praça Coronel Fernando Prestes, 152 – Bom Retiro – (11) 3396-6000 – Instagram: @arquivohistoricomunicipalsp

Ir ao Arquivo Histórico Municipal para conhecer suas instalações já é um passeio muito interessante. Ele ocupa o Edifício Ramos de Azevedo, projetado pelo escritório do famoso arquiteto de quem recebeu o nome – e que projetou outras construções históricas da cidade, como o Teatro Municipal. O prédio foi inaugurado em 1920 para abrigar a Escola Politécnica. O Arquivo Histórico mudou-se para lá apenas em 2000. Responsável pela guarda, conservação e divulgação de documentos produzidos pela administração pública municipal desde o século XVI, conta com um programa de visitação guiada para conhecimento de parte desse acervo. Essa visita, individual ou em grupos de até dez pessoas, pode ser agendada pelo link da bio no Instagram. 

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