Minas Gerais: Um roteiro de 48 horas em Poços de Caldas
Dois dias com banhos termais, passeios bucólicos, parque de diversões, cafés e tempo para pensar na vida em Poços de Caldas, estância do sudoeste mineiro
As fontes de águas termais foram descobertas no século 18, mas, assim como várias estâncias hidrominerais, Poços de Caldas, em Minas Gerais, teve seu primeiro e consistente crescimento turístico durante a primeira metade do século 20 com a dupla fontes de águas termais e cassino.
Construídas com colunas e mais colunas romanas, além de chamativos vitrais, as Thermas Antônio Carlos e seu vizinho, o Hotel Palace, recebiam a high-society da época, incluído aí o presidente Getúlio Vargas que tinha uma suíte no hotel.
Gente que se dispunha a viajar 480 km entre a então capital federal, Rio de Janeiro, e o destino do sudoeste mineiro. Mas a maior parte vinha mesmo de São Paulo, a 275 km e de Campinas, a 165 km.
Com a proibição do jogo, em 1946, Poços teve que se reinventar. Saem de cena os aristocratas, entram os pombinhos apaixonados.
O cenário era perfeito para uma temporada romântica: o clima ameno da cidade, com praças arborizadas, jardins, fontes de água sulfurosa que mais ainda hoje são obras de arte, a Cachoeira Véu de Noiva. Claro que nem tudo foram flores, o balneário entrou em declínio, recuperando a forma muito tempo depois.
Hoje, a frequência é bem eclética e os casais dividem espaço com idosos (muitos deles passaram a lua-de-mel na cidade), famílias com crianças e, desde que se tornou um polo universitário, muitos jovens.
Dois dias está de bom tamanho para conhecer as principais atrações de Poços. Vamos passear?
Dia 1: Cristais, subida na serra e Thermas Antônio Carlos
Para entrar no clima da cidade – e rebater o desjejum – que tal começar o dia com uma caminhada por outra marca registrada de Poços, as lojas/fábricas de cristais?
A São Marcos e a Cá d’Oro tem lojas no centrinho e na Avenida João Pinheiro, aquela da entrada da cidade para quem vem de São Paulo. Usando as técnicas da cidade italiana de Murano, lá você encontra desde pecinhas baratinhas para enfeitar sua casa até objetos mais luxuosos.
Sem contar que a criançada pira ao acompanhar os operários confeccionarem objetos separados apenas por um vidro. Se você quiser, pode trocar a caminhada por um passeio de charrete.
No fim da manhã, a pedida é subir a Serra de São Domingos e curtir o visual de seus 1 663 metros de altitude, com direito a melhor panorâmica de Poços de Caldas.
Advinha o que tem lá em cima? Se sua resposta foi Cristo Redentor, acertou! Há duas formas de chegar lá: com carro próprio dá um pouco mais de 4 km de subida. Mas o mais divertido é subir pelo teleférico com cabine fechada para quatro pessoas, com saídas ao lado da Praça José Affonso Junqueira.
Por falar em Praça José Affonso Junqueira é por ela que vamos começar o período vespertino. Para fazer a digestão do almoço, um cafezinho no Café Concerto, no meio da praça é altamente recomendável (ressaltando que a região de Poços é grande produtora de café).
Podemos caminhar por grandes árvores, ver o coreto, o relógio floral, o belo Hotel Palace até chegar o momento de adentrar pelas Thermas Antônio Carlos, a principal atração da cidade, ao lado da praça.
A imponente construção de 1931 (que até assusta num primeiro momento) é disputada pelos banhos termais sulfurosos a 37º C realizados dentro de banheiras, ofurô ou piscina térmica.
Quem quiser, ainda pode fazer tratamentos estéticos-faciais ou visitar uma sala de mecanoterapia com aparelhos alemães de 1929, usados em tratamentos de fisioterapia.
Para terminar, uma caminhadinha de 1,3 km até a Fonte dos Amores, aquela obra de arte que falei acima. Localizada na Rua Piauí, a fonte de água sulfurosa é uma das campeãs de selfies, com a estátua de mármore com um casal abraçado.
A maioria da rede hoteleira trabalha com sistema de diária completa o que inibe o número de bons restaurantes. Mas Poços tem casas a merecer que você descarte seu jantar no hotel e vá comer fora.
Um exemplo é o Pizza na Roça, que começou na vizinha paulista Caconde (ainda em funcionamento), chegou a ter uma unidade paulistana e hoje brilha nas noites mineiras – a redonda de brócolis é show de bola.
Dia 2: Carrossel e roda-gigante, santuário, jardim japonês, Casa de Cultura e café
No período matutino, vamos dividir o dia em dois: com ou sem criança. A principal rede hoteleira de Poços, com seis empreendimentos, também é proprietária do Walter World (sim, a inspiração é Walt Disney, aliada com o nome Walter Miguel, que construiu esse mini-império do entretenimento).
Como esses hotéis costumam dar vouchers de desconto para as famílias, vale a pena passar a manhã por lá se estiver com crianças – o mesmo vale para quem não está hospedado na rede. Mas não espere por brinquedos de última geração ou recheados de tecnologia: é parque de diversões das antigas.
Programa totalmente oposto – e bom para fazer sem crianças – é o Santuário Mãe Rainha, também conhecido como Fonte de Vida Nova, em uma área isolada com muito verde, a 12 km do Centro. A igreja é pequena e o pessoal vai até lá buscar momentos de silêncio.
Paz e tranquilidade também abrem o período vespertino. Sem exibir o viço de outrora, quando havia no local uma casa de chá (destruída em um incêndio), o Recanto Japonês atrai pelos seus jardins, o lago com peixinhos, as fontes e a possibilidade de ver macacos no meio das árvores.
De volta ao Centro, o Instituto Moreira Salles exibe exposições temporárias na bela construção modernista.
A tarde cai e pede um cafezinho. Bora tomar um blend de fabricação própria na Sá Rosa. Um café bem tirado em uma construção pra lá de charmosa.
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