7 centros históricos do litoral da Bahia que você tem de conhecer
Um roteiro por 7 cidades do litoral da Bahia que são marcantes pelas construções do Brasil Colônia e pela história do apogeu da cultura cacaueira
De Mucuri a Mangue Seco são 930 km de costa. Praia na Bahia é o que não falta. Mas como Cabral chegou por essas bandas, a pré-história brasileira está intimamente ligada ao Estado, o mais importante do nosso período colonial. Igrejas, solares e palácios fazem-se presentes na costa baiana. Que tal trocar um dia de praia por um passeio para explorar a área central de algumas cidades?
1. Caravelas
Base para conhecer o Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, Caravelas guarda um pequeno Centro Histórico, visitado rapidamente.
Partindo das paralelas ruas Marechal Deodoro ou Sete de Setembro, chegamos a pracinha onde está a Co-Catedral de Santo Antônio, que leva esse nome, mas é bem simplesinha – o que chama mais atenção é sua chamativa pintura externa, em tom verde.
Pelas ruas observa-se algumas construções em art déco com azulejaria portuguesa. No fim da tarde, a pedida é observar o pôr do sol no Rio Caravelas.
2. Porto Seguro
Eu sei que passar o dia lagarteando pelas areias da agitada Taperapuã, da sossegada Mutá, ou mesmo das mais distantes Arraial d’Ajuda e Trancoso é um programão e tanto e tem gente que só quer saber de sombra e água fresca.
Mas vai lá, conhecer a parte histórica de Porto Seguro fará você voltar ao tempo das séries iniciais do ensino fundamental. E não demora mais do que um período do dia, menos até se você for de carro. Juro!
Localizado no alto de uma falésia, na Cidade Alta, a 2 km do Centro, lá está o primeiro núcleo habitacional brasileiro. Construções comerciais coloridas em um gramadão conferem um charme a mais.
Trazido por Gonçalo Coelho em 1503, o Marco do Descobrimento capitaneia as atrações históricas.
Entre as igrejas, figuram a Nossa Senhora da Pena, a padroeira da cidade, a vizinha Nossa Senhora da Misericórdia e, um pouco mais distante delas, a singela Igreja de São Benedito, onde estão as ruínas da primeira escola jesuítica do Brasil.
Como toda cidade histórica que se preze, a Casa de Câmara e Cadeia virou um museu, claro. No caso, com muitas peças indígenas. Quase debruçado sobre o mar, o Farol da Marinha fecha o passeio.
Antes de ir embora, procure pela barraquinha do acarajé. Valerá por uma refeição, pode ter certeza.
3. Santa Cruz Cabrália
Complementando o passeio pelo Centro Histórico de Porto Seguro, a versão mini fica em Santa Cruz Cabrália, a 23 km. Antes de chegar no centrinho propriamente dito, uma parada na Praia da Coroa Vermelha, cenário da primeira missa rezada em solo brasileiro, em 1500.
Só precisa preparar a paciência com os vendedores ambulantes. No local, há lojas de artesanato pataxó.
Na parte alta de Cabrália, o Centro Histórico é sussa para se visitar. No gramadão, apenas a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e a antiga Casa de Câmara e Cadeia.
O pessoal acaba ficando mais tempo curtindo a vista do Rio João de Tiba, as praias de Santo André e o Centro novo de Cabrália.
4. Canavieiras
Se Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália têm construções mais antigas, no período pós-descobrimento, Canavieiras tem seu apogeu três séculos depois, com a cultura cacaueira.
A nata do charmoso Centro Histórico está às margens do Rio Pardo com as coloridas construções – muitas delas, bares e restaurantes a garantir o movimento dia e noite. Além, de um festejado pôr do sol, onde o rio faz parte do sucesso.
Óbvio que uma igrejinha não pode faltar no roteiro, né? A Matriz de São Boaventura está a 700 m da parte mais efervescente do Centro Histórico.
5. Ilhéus
Não há como deixar de associar o Centro Histórico de Ilhéus da obra de Jorge Amado. Mais do que um reles cenário de seus romances, a cidade se tornou um personagem, especialmente de Gabriela Cravo e Canela. A melhor forma de explorar as imponentes construções dos coronéis do cacau é em uma caminhada pelas estreitas ruas.
O ponto inicial pode ser justamente o Bar Vesúvio, onde a personagem Gabriela mandava bem nas empadas que preparava e na beleza a enlouquecer os homens de Ilhéus.
O local está fechado para reforma (daquelas sem previsão de reabertura), mas dá para entrar no astral da cidade. Ao lado, a Catedral de São Sebastião que tem um jeitão de antiga, mas data de 1967.
Atrás do Bar Vesúvio fica um dos símbolos da pujante época cacaueira, o Teatro Municipal, ou Cine-Teatro Ilhéos como está na fachada.
Dali sai a Rua Jorge Amado que nos levará ao palacete onde o escritor passou boa parte da infância e abriga um pequeno museu – na verdade, uma casa simples que virou um palacete após o pai de Jorge Amado ganhar na loteria. No fim da rua, o Palácio Paranaguá e suas fachadas neoclássicas.
O passeio termina no Bataclan, o antigo cabaré tão bem retratado em Gabriela Cravo e Canela, transformado hoje em um centro cultural com restaurante e espaço para exposições.
6. Ilha de Itaparica
Para quem não conhece, a Ilha de Itaparica possui dois municípios: Itaparica e Vera Cruz. O ferry boat que faz a travessia para Salvador atraca em Vera Cruz, a 13 km do centrinho histórico de Itaparica. Se não estiver com carro próprio, o negócio é se arriscar em lotações.
Por isso, a melhor forma de conhecer esse trecho da Baía de Todos os Santos é através de um passeio de barco que sai de Salvador, passa pela Ilha dos Frades e faz uma parada de uma hora em Itaparica, tempo suficiente para um rolê.
Ao lado do desembarque, a Fonte da Bica sacia a sede dos recém-chegados. Seguindo pela simpática avenida da orla, chegamos na Praça da Matriz com as igrejas do Santíssimo Sacramento e São Lourenço.
No extremo norte da ilha, fica a Fortaleza de São Lourenço, de tanta valia no Brasil Colônia, a proteger a capital Salvador dos iminentes ataques.
7. Salvador
Fundada em 1549, a capital baiana é uma miríade de grandes construções do Brasil Colônia. Para circular pelas estreitas ruas centrais, deixe o carro num estacionamento ou vá de táxi ou um aplicativo de transporte urbano. Também não carregue joias ou fique exibindo seu celular com frequência, todo cuidado é válido.
A visita pode começar pelo Pelourinho, no Terreiro de Jesus, o local onde os escravos eram castigados. A engenhoca não existe mais. Uma profusão de igrejas aparecerá no seu dia e a primeira é a Catedral da Sé com um teto altíssimo e muitos altares com imagens barrocas.
No outro extremo do Terreiro de Jesus, caminhando pelo Largo do Cruzeiro, chega-se a belíssima Igreja e Convento de São Francisco, uma joia barroca repleta de ouro. No claustro, há 37 painéis feitos com azulejos portugueses.
Tempo nas igrejas, vamos para os museus: na Rua Maciel de Baixo, o Solar do Ferrão tem acervo de cultura popular, coleção de instrumentos e, não poderia faltar, arte sacra.
Virando a primeira rua à direita, o pequeno Museu Udo Knoff de Azulejaria e Cerâmica exibe azulejos inspirados nas fachadas soteropolitanas.
Durante esse tour pelo Pelô, você irá cruzar muitas lojas e ateliês a ocupar os coloridos casarões.
Segunda etapa do dia: a parte baixa de Salvador. Deixe o Pelourinho e caminhe cinco minutos até o Elevador Lacerda. Antes de descer, um providencial sorvete na A Cubana, ao lado do elevador, curtindo o visual da Baía de Todos os Santos.
A chegada à parte baixa é frontal ao Mercado Modelo. Sinceramente, acho a construção impactante, mas é um típico pega-turista com artigos bem carinhos. Enfim, tem quem goste. Ao lado do Elevador Lacerda, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia foi construída com pedras unidas com óleo de baleia.
Para fechar o dia com chave de ouro, o fim de tarde no Solar do Unhão é altamente recomendado. Como fica a 1,2 km do Elevador Lacerda, vale tomar um táxi (o local é meio sinistro para caminhadas).
Além do pôr do sol com a Baía de Todos os Santos ao fundo, o Solar tem uma cafeteria, Museu de Arte Moderna da Bahia e um jardim de esculturas com obras de Carybé e Mário Cravo Júnior.