Lamento informar, mas aqui vai um balde de água fria: deixei Porto de Galinhas fora da lista. Não tenho nada contra o destino, mas como ele figura em todas as listas turísticas, deixei para focar em outras paragens próximas do Recife. Na seleção abaixo, elenquei passeios por praias e para ver artesanato em cidades da Zona da Mata e do Agreste pernambucano.
1 – Praia dos Carneiros – Tamandaré
Vista da bucólica capela de São Benedito, trademark de CarneirosFaz um bom tempo que Carneiros virou um xodó do litoral pernambucano. Desde que o novo acesso foi asfaltado ficou ainda mais fácil visitá-la a partir de Recife, sem ter que atravessar o Centro de Tamandaré e economizando 20 minutos de viagem.
Encravada na foz do Rio Formoso, reúne muitos elementos que explicam seu sucesso, principalmente para quem viaja com crianças: água verde transparente com poucas ondas e temperatura morna, piscinas naturais repletas de peixinhos, vasto coqueiral a sombrear a estreita faixa de areia, bares com boa infraestrutura (que organizam passeios de barco e alugam caiaques e pranchas de stand-up paddle) e, para dar um charme a mais, uma capela branquinha do século 18 a homenagear São Benedito – não se surpreenda se topar com alguém casando por lá.
Só não espere por uma praia pouco movimentada. Diariamente há muitos visitantes que chegam de carro ou estão hospedados próximo. Sem contar quem vem de barco a partir de Porto de Galinhas.
Distância de Recife: 99 km
2 – Praia de Calhetas – Cabo de Santo Agostinho
Muitos torcem o nariz devido à dificuldade de acesso: caminhada de 45 minutos por trilha a partir da vizinha badalada Praia de Guaibu ou uma estradinha de terra (1,7 km) estreita e cheia de buracos que fica um horror em dias chuvosos e vai até um estacionamento, sendo preciso andar mais 600 m até chegar à almejada praia. Relevem a dificuldade, minha gente, Calhetas merece o sacrifício.
Como aperitivo, o mirante ao lado do estacionamento mostra o formato de coração que consagrou a praia. Com apenas 200 m de faixa de areia (muitos deles tomados por cadeiras dos caros restaurantes que cobram consumação, infelizmente), é um local para quem gosta de um banho de mar em uma água morninha e transparente.
Antes de chegar ao estacionamento, há uma base para uma tirolesa que funciona da seguinte maneira: você desce por 220 m até dar um encontrão na água. Depois, um motor te puxa para cima. Difícil quem não resista a uma segunda descida.
Distância de Recife: 41 km
3 – Bezerros
Na opinião deste escriba o título de “Veneza Brasileira” dado para o Recife é um pouco de exagero. Cairia até melhor à Bezerros e pelo motivo certo: Carnaval. Essa cidade agrestina promove uma divertida folia de rua com muita gente mascarada a brincar pelas ruas da cidade.
Ok, aí você me pergunta: e no restante do ano, o que motiva pegar o carro e subir a serra para fazer um bate-volta?
Saber tudo e mais um pouco sobre a xilogravura, aqueles quadrinhos com imagens talhadas em madeira, tão ligados a literatura de cordel. Bezerros é uma das grandes fabricantes de xilógrafos no Brasil, graças a João Francisco Borges, ou J. Borges, como ele assina. Considerado Patrimônio Vivo de Pernambuco, o xilógrafo exibe sua arte no Memorial J. Borges, um mix de loja e museu. Um adendo: a abertura da primeira versão da novela Roque Santeiro, aquela que foi censurada após alguns capítulos e não voltou ao ar, era toda feita com desenhos de J. Borges. Dá uma olhada no Youtube para conferir.
Com um acervo maior de obras xilográficas e outras manifestações artísticas, o Centro de Artesanato de Pernambuco é um convite a deixar o porta-malas do carro bem mais recheado.
Distância de Recife: 105 km
4 – Tracunhaém/Lagoa do Carro
Localizado na Zona da Mata Pernambucana, Tracunhaém é um território fértil em artesanato de cerâmica. Na entrada da cidade, uma réplica da escultura “O Pensador”, de Auguste Rodin chama a atenção dos visitantes. Siga direto para o Centro de Produção Artesanal, na Praça Costa Azevedo – lá estão expostas obras de quase 40 artesãos e, se quiser conhece-los melhor, eles indicam o endereço dos ateliês, que invariavelmente funcionam na própria residência dos oleiros.
Completando o tour pela região, a 15 km de Tracunhaém, Lagoa do Carro tem na tapeçaria uma de suas forças econômicas. Na Rodovia PE-090 ficam a Associação das Tapeceiras e os Tapetes Artesanais Nossa Senhora da Soledade. Mas a grande atração por lá é o Museu da Cachaça, mantido pelo colecionador José Moisés Moura, cujo acervo supera os 13 mil rótulos da marvada.
Distâncias de Recife: 63 km (Tracunhaém) e 66 km (Lagoa do Carro)
5 – Praia do Forte Orange – Ilha de Itamaracá
Um programa três em um para quem visita essa praia. Tem como cartão-postal, o Forte Orange, construído pelos holandeses em 1631 e reconstruído pelos portugueses em 1654. Seria o tema principal da menção, não estivesse parcialmente interditado por causa do avanço do mar. Mas pode entrar e garantir a bela foto das armas e do mar.
Em frente à praia, barcos levam até a Coroa do Avião, um extenso banco de areia com bares e coqueiros.
Quem prefere curtir a praia do Forte Orange encontrará um mar tranquilo, praticamente sem ondas, generosa faixa de areia e alguns restaurantes. Só vá preparado para o assédio de barqueiros querendo te levar para a Coroa do Avião.
Distância de Recife: 46 km