Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Viajar pelo sul da África é mais fácil, mais seguro e mais barato do que você imagina

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h09 - Publicado em 18 mar 2016, 14h58
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Todo mundo teme o desconhecido. É por isso que, em maior ou menor grau, viajar nos provoca frio na barriga. Por mais que acumulemos experiência ao longo da vida, essa misturinha de apreensão, ansiedade e entusiasmo que antecede cada empreitada nos acompanha eternamente. Cabe a nós usar esse balaio de sensações como estimulante, ao invés de deixar que nos paralise. Acabo de encerrar a minha segunda viagem pela África e, com ela, finalmente terminei de domar o medinho que tinha de me jogar nesse continente poderoso, misterioso e absolutamente fascinante – e que pretendo explorar mais a fundo em breve. Trago comigo uma boa notícia: viajar pelo sul da África é mais fácil, mais seguro e mais barato do que você imagina.

 

Foram 70 dias divididos entre África do Sul (um mês), Namíbia (dez dias) e Moçambique (um mês). O mapa abaixo é um resumão do nosso roteiro de sete mil quilômetros por terra; de carro na Namíbia e na África do Sul; e de ônibus em Moçambique.

 

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Somando a viagem recente à minha experiência anterior na Tanzânia e em outras partes da África do Sul (em 2014, atravessamos o país percorrendo o litoral), e conversando com muitos viajantes que passaram por outros países da região, acho que acumulei bagagem suficiente para quebrar os três mitos clássicos sobre o turismo no sul da África (incluídos nesse pacote: África do Sul, Namíbia, Botsuana, Zimbábue, Moçambique, Malaui, Madagascar e Tanzânia).

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No interior da África do Sul, o grande perigo é você querer ficar pra sempre. Na foto acima, a paisagem de Stellenbosch, a 40 minutos da Cidade do Cabo.

Viajar pelo sul da África é perigoso – falso

Não há dúvidas de que viajar pela região não é tão seguro quanto flanar pela Escandinávia. Também é inútil questionar as estatísticas preocupantes quanto à criminalidade na África do Sul e, em menor escala, em Botsuana. Mas até nesses países o perigo está concentrado nas grandes cidades e dificilmente cruza o caminho do viajante. No campo, na praia e nos parques nacionais (o grande foco de uma viagem pela região), reina a tranquilidade e as pessoas são extremamente amáveis e receptivas. Do ponto de vista geopolítico, a região é considerada estável. A exceção, atualmente, é a província de Sofala na área central de Moçambique. Mas o problema (pelo menos por enquanto) é extremamente isolado e não afeta os principais destinos turísticos – mais adiante falarei sobre o assunto.

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Nosso possante enfrenta bravamente o deserto da Namíbia. A estrada retratada na foto é um bom exemplo de como são os caminhos não asfaltados por lá: planos, bem cuidados e secos (afinal de contas estamos no deserto)

Alugar um 4X4 é fundamental – falso

Um 4X4 encarece muito a viagem. Um carro econômico reservado através do Rentalcars.com na África do Sul saiu por US$ 12 ao dia (com pequenas taxas para cruzar as fronteiras). O 4X4 mais barato que vi no mercado custava US$ 55 ao dia. Investir ou não essa bela grana foi um dos nossos maiores dilemas ao planejar a viagem. No final das contas, tomamos coragem e fizemos todo o percurso num carro minúsculo e econômico (um Hyundai i10, o básico dos básicos). E a conclusão foi: de maneira geral, um 4X4 dá mais segurança e liberdade, mas não chega a ser essencial.

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A necessidade de um carro com tração nas quatro rodas varia conforme o país. Na África do Sul, acho desnecessário (até as estradas dentro do Kruger Park são asfaltadas!). Na Namíbia, rodamos muito por vias de cascalho, mas ficamos impressionadíssimos com a boa qualidade dessas estradas (pelo menos na região de Sossusvlei e do Fish River Canyon). Em Moçambique, a estrada que conecta o país de norte a sul é asfaltada e relativamente bem conservada. Nos vilarejos praianos por onde passamos (como Praia do Tofo e Vilanculos) algumas ruas eram bastante arenosas. Mas ainda assim acho que teríamos conseguido fazer tudo com um carro normal (optamos por ônibus em Moçambique por outros motivos). Para ir de Maputo até a Ponta do Ouro (ao sul) é bastante recomendável um 4X4, já que as estradas de terra podem ficar bem lamacentas quando chove.

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Esta cabaninha linda, no Baobab Beach, em Vilanculos (Moçambique), custava US$ 30 por dia para o casal. Ficava de frente para o Oceano Índico, tinha ventilador, cama confortável e um bom banheiro com chuveiro de água quente. Ah, e o lugar tinha até uma ótima piscina!

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Turismo na África é 8 ou 80: luxo ou perrengue – falso

Eis um dos grandes mitos sobre a África, muito provavelmente alimentado pela aura de glamour que gira em torno das viagens de safári. Mas a verdade é que o sul da África conta com uma bela estrutura para a turma da coluna do meio. A África do Sul é o país bom e barato por excelência. Na Namíbia, onde o turismo ainda é muito pouco desenvolvido, os preços da categoria intermediária aumentam um pouco porque a oferta é muito mais restrita. Ainda assim, ao redor dos principais parques nacionais do sul do país (a parte que explorei) há ótimos campings e um punhado de hotéis onde as tarifas não extrapolam os US$ 100 por noite. Moçambique é bem mais democrático e, não à toa, é um destino mais amigo dos backpackers do que a Namíbia. Falar de safári barato na Tanzânia é ser um pouco otimista demais (até o barato é meio caro), mas a paradisíaca ilha de Zanzibar tem um canto pra cada bolso. Enfim, minha gente, tudo isso pra dizer que, sendo criativo e indo atrás das dicas certas, você consegue se virar no sul da África com pouco dinheiro sem problemas.

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