Sveti Stefan, a praia mais perfeita de Montenegro
O destino de praia mais conhecido de Montenegro é Budva. É lá que, entre um aglomerado de edifícios de gosto duvidoso, que Boris, Natascha e metade de Moscou espantam a branquelice ao sol e atravessam madrugadas em claro a base de muita vodka. Dito isso, se você quiser pegar uma praia magnífica e tranquila neste mini país ao sul da Croácia, não é para Budva que você deve ir (se quiser pegar Natascha, daí a coisa muda de figura).
Confesso que, ao cruzar a fronteira da Croácia com Montenegro, fui ficando um pouco preocupada. Os vilarejos pelo caminho, ao sul do país, não eram exatamente inspiradores. Ao ver o quão densa e porcamente está construída a praia de Budva, tive vontade de dar meia volta e seguir novamente em direção à croata Dubrovnik (meu ponto de partida para esta viagem balcânica). Na beira da estrada costeira, outdoors caindo aos pedaços enfileiravam-se, obstruindo a vista para o Adriático – imagine a Rio-Santos com um outdoor horrível a cada dez metros. “Ai meu deus…”, pensava eu, quando depois de uma curva pronunciada… eis que surge Sveti Stefan.
Duas praias em forma de meia-lua convergem num istmo que conduz a uma ilhota. Sobre ela, se apoia um vilarejo medieval impecável. A maioria dos mortais não têm acesso a essa joia, convertida num hotel de superluxo, o todo-poderoso Aman Sveti Stefan, sobre o qual falarei com detalhes em breve. Mas, mesmo que você não se hospede por lá, suas casas e igrejinhas abraçadas por uma muralha são o grande destaque da cenografia perfeita do lugar. Dá para amar até de longe.
Uma das meias-luas que levam ao istmo é uma praia pública, linda e tranquila. A outra é parte dos domínios do hotel – não se avexe, pagando € 50 por um par de espreguiçadeiras com guarda-sol, é possível passar o dia lá. Em direção ao sul, um caminho só para pedestres, ladeado de um jardim bem aparado, segue até atravessar um bosque perfumado e desemboca em outra praia que funciona no mesmo esquema (€ 50 para não hóspedes). Dali não se vê a cidadezinha medieval. Em compensação, a praia é dominada por um anexo do Aman Resort chamado Villa Milocer, antiga residência de verão da rainha Marija Karadordevic e, posteriormente, de Josip Broz Tito, o homem que unificou a antiga Iugoslávia (que de bobo não tinha nada…).
Qualquer foto que você veja das praias de Sveti Stefan não serão tão espetaculares como a realidade. Ao invés de areia, elas são formadas por pedrinhas arredondadas numa composição tricolor: avermelhadas, brancas e cinzentas. Para evitar a foot massage involuntária das pedras, os espertos habitués usam sapatinhos de neoprene — e só eu sei o quanto almejei um par a cada mergulho. A água é absurdamente cristalina e dá um brilho de outro mundo a essa combinação de cores. Em muitos anos de praia, nunca tinha visto nada parecido. Boiar no mar calmíssimo olhando a praia rosada com as montanhas poderosas de Montenegro ao fundo é uma coisa de louco. Queria ter ficado lá pra sempre.
Se pagar quase mil euros por dia para ficar hospedado no Aman Sveti Stefan não estiver exatamente dentro do seu orçamento, pense por outro lado: com esse dinheiro, dá pra passar 10 dias de rei hospedado num dos hotéis bonitinhos do vilarejo! Uma boa pedida é o bacaninha Azimut, onde as diárias começam em € 80 (no restaurante do hotel comi a melhor massa com frutos do mar dos últimos meses). No AirBnb, você vai encontrar vários apezinhos bem aprumados e com vista pro mar por a partir de € 45. Na beira da praia, dá para comer por cerca de € 20 por pessoa no bacaníssimo italiano Il Baretto (a pizza é per-fei-ta), filial de um restaurante de Londres. Ah! E se você quiser tirar uma casquinha do glamour do Aman, pode se jogar num tratamento do novo Spa, aberto também a não hóspedes – eis um dinheiro bem gasto.
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