** As fotos são péssimas, do meu péssimo celular, uma vez que achei que desfilar pela antiga cracolândia com uma boa câmera não era uma ideia muito lúcida. PGrata pela compreensão.
Senti os vapores apimentados de longe, antes mesmo de atravessar a rua Guaianases e identificar o número 451 numa portinha insignificante da rua Aurora. Os três dígitos anotadinhos, aliás, são fundamentais para que você encontre o restaurante Rinconcito Peruano, que não tem placa e parece bem confortável com o anonimato, apesar de já estar ficando famosinho (ou talvez o dono tenha entendido que a graça é justamente essa, pontos pra ele).
Clipes de música made in Peru bombam na televisão. Mas o lugar não é tão descuidado como a escadinha que leva ao salão principal faz supor. As mesas são de madeira escura e há enfeitinhos andinos na parede – simples, mas aconchegante (e vamos combinar que você não foi até lá por causa da decoração). Pegamos a mesa pega à janela, com uma maravilhosa vista para … um estacionamento abandonado da antiga cracolândia.
A menos quando estive por lá (uma quarta-feira por volta das 16h), 100% da clientela era peruana. Os garçons não falam português, mas obviamente você conseguirá se virar (e ele também) com um portunhol.
Eu não iria até lá para comer algo que não fosse do mar. Os pratos de carne até têm o seu apelo. Mas o graaaaaaaande motivo para embrenhar-se na antiga cracolândia é, definitivamente, outro.
Começamos com um ceviche mixto de frutos do mar (R$ 64). A iguaria é servida em três tamanhos: pequeno, médio e grande. Um pequeno dá fácil para duas pessoas normais. Mas Fiona e Shrek pediram o médio, e traçaram até o fim: camarões, mexilhões, fatias macias de peixe e lula, marinadas em lasquinhas de cebola, chile, limão e leite de coco, acompanhado de dois tipos de batas e milho crocante. Delírio.
Precisar, não precisava. Mas o casal ogro ainda mandou descer uma colossal parihuela especial (R$ 39), que daria para umas quatro pessoas. De leiga para leigo (em termos de cozinha peruana), descreveria o prato como uma espécie de moqueca andina, com uma fartura absurda de frutos do mar (especialmente camarões) afogada num molho leve à base de tomate, bastante aromático mas longe de ser enjoativo. Perguntei ao garçom se aquilo combinava com arroz. Ele disse que não, então encaramos o assunto como uma espécie de sopa. Foi bom. Apesar do exagero, saí de lá leve e saltitante.
Com cervejinhas para acompanhar, a conta deu R$ 127. Mas vale dizer que a mesma quantidade de comida seria mais do que suficiente para quatro pessoas.
Clique aqui para ver fotos mais razoáveis desses e outros pratos.
COMO CHEGAR, EIS A QUESTÃO
Deixar de ir por causa da localização não tem cabimento. É certo que a antiga cracolândia está bem longe de ser o lugar mais belo e seguro de São Paulo. Mas, hoje em dia, a região definitivamente não é mais o horror de outrora. Descendo no metrô República e fazendo o caminho do mapa abaixo, sem entrar em quebrada, achei tudo absolutamente tranquilo (durante o dia, obviamente). Vai por mim!
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