Se tivesse entrado na onda dos meus amigos australianos, provavelmente não teria ido a Adelaide. É que a cidade tem fama de ser a irmã chatinha e careta de Sydney e Melbourne – e é vitima do “não fui e não gostei” dos moradores dessas duas metrópoles. Minha sorte foi ter lido uma reportagem do New York Times sobre essa pequena notável escondida do Sul da Austrália muitos anos atrás. Na época, a incluí definitivamente nos meus planos e, uma vez aqui, mantive a minha aposta. Bingo!
Você deve ter ouvido falar de Adelaide nesses últimos dias, por causa do incêndio florestal gigantesco que está rolando nos arredores da cidade. Posso tentar convencê-lo a ir pra lá? A cidade está cercada pelos vinhedos que produzem metade do vinho australiano. Além disso, é uma espécie de “grande pomar australiano”, roeada de fazendas orgânicas – eles vivem uma febre de orgânicos, crus, quinuas, gluten-free e afins.
Não é à toa, por exemplo, que Adelaide tem o melhor mercadão público da Austrália. À diferença dos mercados europeus (a gloriosa Boqueria de Barcelona, por exemplo), o de Adelaide reflete a miscelânea cultural fortíssima que compõe a Austrália. O Adelaide Central Market não só é uma vitrine dos melhores produtos locais, como tem uma ala gigantesca puramente asiática. Consegui tomar a melhor sopa fria de noodles (um prato típico da Coreia do Norte difícil de encontrar até nas grandes metrópoles asiáticas) por lá. Não é lindo?
Dei muita sorte, além de tudo. Depois de vários dias de tempo meia boca pelo caminho, Adelaide me recebeu com três maravilhosos dias de sol. A acomodação que tinha reservado pelo AirBnb – uma “ala” dentro de um chalé histórico do século 19 – era ainda mais incrível do que parecia (e a dona, um encanto).
Como se não bastasse, topei com uma baladinha cool no último em plena Victoria Square, a “Praça da Sé” local. Era o Fork On The Road, um evento itinerante que reúne foodtrucks INCRÍVEIS, além de Djs. Fim de tarde de sexta-feira, 40 foodtrucks vendendo comidas de tirar o chapéu, um bar servindo ótimo vinho local. E o povo lá sentado na grama, a criançada correndo, aquele climão margarina style que impera na Austrália… Obrigada, Adelaide!
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