Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Primeira noite na Tailândia: um quase mico com final feliz

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h07 - Publicado em 30 dez 2008, 10h12

A viagem foi uma epopéia de 4 vôos (Barcelona-Frankfurt-Cingapura-Bangkok-Surat Thani), duas horas de van (devidamente espremida entre malas e australianos pós púberes) e mais três horas sacudindo em um ferry podrão. Mas eu finalmente havia chegado, morta porém feliz, ao paraíso de Chaloklum, uma vilazinha de pescadores tranquilíssima no norte da ilha de Koh Pha Ngan (sul da Tailândia), com a qual vinha sonhando há vários meses.

O bangalô que eu tinha reservado estava melhor do que a encomenda. Simplérrimo, mas novo e limpo, com lençóis recém adquiridos (um verdadeiro milagre por aqui) e vista para o mar e um coqueiral idílico. Além disso, a pousada pela qual eu havia me apaixonado no ano passado tinha passado por uma reforma e ganho uma piscina soberba.

Mal coloquei os pés na areia e um gueko (um lagarto psicodélico típico do sudeste asiático) me deu as boas-vindas com o tradicional berro… “GUE-KO”. Que saudades eu estava de tudo aquilo… quase chorei.

Não havia ninguém mais no restaurante da pousada. Só meu namorado, três tailandeses fofíssimos do staff e eu. As mesas estavam iluminadas à luz de velas e um reggaezinho soava na caixa. O céu.

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Foi quando…. RACARACARACADUM RACARACARACADUM PUF PUF PUF PUF…. UM techno no volume mais absurdo possível estraçalhou aquele clima de sossego. Os atendentes do restaurante largaram o que tinham nas mãos e, tão incrédulos quanto eu, avistaram as luzes que vinham do meio da pacata vila de pescadores. “Que diabos é isso?”.

Depois de atravessar o mundo fugindo da obra monstruosa vizinha ao meu prédio em Barcelona que atrapalha o meu sono há meses, tudo o que eu mais queria da vida era dormir com o som dos grilos e do mar. Mas aquele som de rave bate estaca insuportável praticamente fazia balançar as paredes de bambu do meu bangalô, mesmo vindo do outro lado da baía.

Meia hora fritando na cama e quase chorando de desespero imaginando que toda noite seria igual, saí andando como uma maluca — de camisola – em busca de alguém que me desse uma explicação para aquilo. O mocinho do restaurante me disse que achava que era uma festa, que aquilo não era normal. Mas no meio do meu desespero, nada me fazia acreditar que a balada da moda tinha acabado de se transferir de Haad Rin (a praia do pé na jaca, da qual fiz questão de manter meia ilha de distância) para a MINHA Chaloklum.

Com a primeira roupa que encontrei, totalmente descabelada e raivosa (e acompanhada por meu namorado surtado e disposto a assassinar alguém) fui seguindo o som até chegar ao hotel boutique Mandalai (na foto, surrupiada do site), em estilo minimalista, que parece ter sido arrancado de Ibiza e despejado no meio da vila por alguma nave espacial (conhecida como uma ilha meio hippie e mochileira, Koh Pha Ngan tem ganho cada vez mais hotéis boutique, mas isso é assunto pra outro post…)

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A hostess me recebeu com um sorriso típico tailandês, capaz de quebrar qualquer instinto assassino. “Oi, você saberia me dizer se essa festa rola todos os dias?”. “Não, infelizmente é só hoje, porque temos um DJ inglês aqui”, disse ela. “Ai que bom, porque eu estou numa pousada a um quilometro daqui e não consigo dormir por culpa dessa maldita festa”. E então veio outro sorriso tailandês, que finalmente amoleceu meu coração. “Solly, solly, solly”. E me ofereceu uma cerveja fria.

Pronto. Cinco minutos depois, lá estava eu atirada naquele pufe branco no lounge mais cool da ilha. Meia hora mais tarde, já ensaiava uns passinhos. E três horas depois, já tinha uma turma de amigas de Malta e novos amiguinhos suecos. Estava feliz, achando aquilo o máximo e rindo da minha própria falta de jogo de cintura.

Havia recuperado o espírito das férias, quando a única regra é: mau-humor, jamais.

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