Polvo é na Grécia. O resto é o resto.
Se você já tentou preparar um polvo em casa, sabe que não se trata apenas de depositar o cefalópode na panela e correr para o abraço. Conseguir que um polvo chegue ao prato sem a consistência de durepox exige sabedoria. Moro em um país que sabe dar o devido tratamento ao nobre monstro dos mares. O pulpo gallego, chafurdado no azeite, salpicado com páprica e servido sobre um leito de babatas cozidas, é um espetáculo. Ainda assim, os gregos são os gregos.
A especialidade grega é o polvo na brasa. Ele tem gostinho de defumado e é macio sem esbarrar naquela certa consistência melosa do pulpo gallego. Cozinhá-lo assim exige ainda mais maestria. Bobeou, durepox. A receita é espancá-lo ao tirar do mar (a cena de um polvo sendo arremessado contra uma pedra é corriqueira na Grécia), fervê-lo e finalizar o processo na churrasqueira. Mas nem se dê o trabalho de fazer em casa. É preciso se chamar Costas e ter bigode para que tudo dê certo.
Outro aspecto notável é a fartura. Às vezes, um tentáculo inteiro vem à mesa, especialmente se você estiver longe do eixo Santorini-Mykonos. O prato da foto (servido em um boteco numa praia qualquer nos arredores de Monemvasia) foi um dos momentos altos da viagem. Sente o poder.
@drisetti