Ninguém aguenta mais falar da batalha entre Jamie Oliver e o brigadeiro, certo? Mas o que esperar do seu Jamie’s Italian, que deve abrir as portas em São Paulo em breve? Experimentei – e reexperimentei – o mesmo restaurante (que faz parte de uma rede com unidades em várias partes do mundo) aqui na Austrália e queria comentar com vocês.
Adelaide está rodeada pelos vinhedos que produzem mais da metade do vinho australiano. Também está cercada de fazenda orgânicas. Sendo assim, é natural que seja a cidade mais gastronomicamente interessante da Austrália. Ali, os chefs criam receitas com as verduras que plantam em suas próprias hortas, ervas aborígenes incrementam os pratos, a conexão com a natureza e o entorno dá o tom na cena culinária. Por que diabos, num cenário como este, um dos restaurantes do momento é o novo Jamie’s Italian?
A questão é que Jamie Oliver deu um golpe de mestre. Reformou a ultra suntuosa sede de um banco e a converteu num de seus mais espetaculares restaurantes do mundo do ponto de vista do visual. O lugar tem um pé direito vertiginoso, colunas de mármore, balcões antigões de madeira nobre (aproveitados do próprio banco). O banheiro é um escândalo. Instalado nos antigos cofres, no andar de baixo, manteve todas as grades, o piso de mosaico. Adelaide não tinha como não se render.
A comida? Há quem ame. Há quem tenha birra – ainda mais que depois que ele ficou maldito no Brasil ao falar mal do brigadeiro, polêmica que achei bizarra e ultra provinciana. Eu particularmente acho que ele manda bem, apesar de pesar a mão nas calorias. Sua versão da cozinha italiana (o mote no Jamie’s Italian, como o nome sugere) é “comida de verdade”: preza a qualidade do ingrediente, o sabor e a fartura. Saí de lá bem satisfeito com a minha tagliata de carne (um bifão de angus cortado em tiras finas) marinado na menta de no chili e quase chorei com a polenta frita que o acompanhava. Uma vez que ele aterrisse em São Paulo, valerá a pena conferir. Fico curiosa para saber como serão os preços. Aqui na Austrália, onde tudo é caríssimo, o restaurante entra na categoria bom e barato – uns US$ 40 por cabeça, tomando o vinho mais barato.
No fim, acabei indo ao Jamie’s Italian de Sydney também. A comida é a mesma, mas o serviço é atrapalhadinho, o ambiente é barulhento e a atmosfera não tem nada de especial. Ou seja, não vale muito a pena, não. Ainda mais depois que você já puder contar com a polenta do Jamie aí em São Paulo.
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