Estacionamos o carro no vilarejo de Çavusin, na Capadócia, e nos pusemos a procurar o melhor ângulo para observar as incríveis casas escavadas. Como buraquinhos perfurados a duras penas nas rochas, elas formam uma espécie de colmeia nas altíssimas paredes que escoltam um dos lados da cidade. Então escutei um grito: “heeeyy!”. Um senhor acenava. Fui até lá.
Ele me puxou pelo braço, circulamos a sua casinha e, na parte de trás do seu jardim, por onde se estendia um parreiral, havia simplesmente a melhor vista das redondezas. “Très jolie”, dizia ele nas poucas palavras que sabia falar em qualquer idioma diferente do turco. Ali pertinho, sua mulher mexia um caldeirão, onde fazia uma deliciosa geléia de uvas, que me ofereceu para experimentar.
Depois de me deixar à vontade para aproveitar a vista, o velhinho me conduziu por um tour pelo interior da sua casa. Depois, nos despedimos, trocamos mais alguns “tres jolie”, e partimos com mais um nó na garganta.
Gestos de gentileza e carinho como esses permearam toda a viagem. Em cada pessoa que pergunta com interesse genuíno de onde você é, em cada ajuda para encontrar um caminho difícil, em cada garçom que oferece uma mantinha aos clientes ao menor sinal de um ventinho mais frio (tem coisa mais linda?), em cada sorriso, em cada aperto de mão, os turcos cravam uma bandeirinha vermelha – com uma lua e uma estrela – no coração dos visitantes.
Eles têm um das cidades mais interessantes do mundo; têm a Capadocia, um dos lugares mais surreais e belos do planeta; têm praias belíssimas; têm o legado cultural de quem já foi o centro do globo. Mas, ainda assim, nada supera o fator humano da coisa.
Você já foi à Turquia, nego? Então vá.