Inverno, a melhor forma de amar o verão
Quando junho chegar, eu vou ser feliz e vou estar sabendo
Depois de 10 anos fugindo do frio com viagens longas posicionadas estrategicamente entre dezembro e março, escolhi o inverno mais rigoroso dos últimos anos para ficar por aqui — se você pegou este bonde andando, moro em Barcelona.
Tentei aproveitar a ocasião da melhor forma possível, sempre focando no lado bom da estação mais cinzenta do ano: a cidade mais tranquila, a atmosfera mais introspectiva, o vinho, o Netflix sem culpa.
Mas nada me tira da cabeça que a grande vocação do inverno é fazer o cidadão reaprender a valorizar o verão. Quando junho chegar, eu vou ser feliz e vou estar sabendo.
O europeu pira no calor porque sabe a falta que ele faz. E é muito difícil explicar a dimensão disso pra quem mora nos trópicos.
Hoje é quarta-feira. Mas fez SOL. E cada nesga de luz dourada dessa cidade está ocupada por alguém que, assim como eu, deixou os deadlines gritando e saiu por aí porque precisava.
O mesmo mecanismo faz com que o verão na Europa – e no Hemisfério Norte em geral – seja coberto por uma euforia quase carnavalesca.
Eu sei que vocês estão aí cobertos de purpurina requebrando até o chão. Que nada nesse mundo se compara com o frio na barriga de um pré-Carnaval. Que nem a cerveja quente e (a falta de) um banheiro químico são capazes de azedar a sua plenitude neste momento.
Mas gostaria de compartilhar com vocês a minha humilde alegria: hoje fez 18 graus e EU SENTI CALOR. Depois de um longo tenebroso inverno, isso é quase tão empolgante quanto ir atrás do trio elétrico. Feliz carnaval para todos nós.
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