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ilha de Phi Phi: balada com pancadaria

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h13 - Publicado em 24 mar 2008, 13h03

Ogros do meu Brasil, eis o Eldorado. Na night de Ko Phi Phi, não é preciso mexer com a mulher de ninguém para que todos os seus ímpetos cavernícolas aflorem em uma boa briga. Para ficar ainda melhor, todas as atenções estarão voltadas para você. E como se não bastasse, ao invés de apanhar de primatas engravatados em uma salinha escura depois que o engalfinhamento tiver fim, você ainda será brindado com um balde (balde mesmo, do tipo da Full Moon Party citado em um post anterior) de vodka redbull pelo dono da casa.

No Reggae Bar, a maior balada do centrinho de Ko Phi Phi, tudo acontece ao redor de um ringue de verdade. De quando em quando, lutadores de boxe tailandês besuntados em cânfora se enfrentam em lutas de mentirinha. O publico, formado por bêbados de todos os cantos do mundo, se diverte – aparentemente achando que o negócio é de verdade. Mas a grande sensação são os enfrentamentos entre pessoas “normais, ou seja, os tais bêbados vindos de todos os cantos do mundo.

Os valentões (e valentonas, aos montes) interessados se apresentam ao juiz, um gordão suarento com pinta de mediador de rinha de galo. Com a mão erguida, o desafiante é exposto no ringue, para que outro neandertal disposto a trocar bofetadas apareça. Uma vez selado o acordo entre dupla e juiz (obviamente não é permitido que um Mike Tyson da vida esmague a cabeça de um pobre franguinho), ambos vestem roupas apropriadas, protetores de cabeça e canela e esperam soar o gongo. Nada mais perfeito para amigos que estão viajando há meses juntos, casais em crise (sim, homem e mulher também vale, caso a mulher seja a desafiante), cornos mansos e outros tipos de recalque.

Na primeira luta que tive a honra de presenciar, um baixinho sueco fortinho e irritante esbofeteou um inglês branquelo até que esse ficasse cor-de-rosa como um leitão. Os dois, muito provavelmente, sabiam o que estavam fazendo. Mas foram a ultima dupla equilibrada da noite. Na seqüência, um japonês que se recusou a vestir os protetores (ai ai ai) e abriu um espacate antes da luta maltratou um sueco magricelo e delicado que, de duas uma: ou estava pagando promessa, ou sente prazer sexual em tomar porrada.

O ponto alto da noite, porém, foram os combates femininos. Na primeira luta, uma sueca com pinta de bonequinha mandou para a lona uma indiana bêbada como um gambá que tinha a estabilidade de um monte de geléia. Como toda boa mulher, aquela que não parava de cair esteve prestes a tirar as luvas e puxar o cabelo da sueca. E, no fim da luta, ela finalmente arremessou as proteções contra a sua oponente e saiu sem cumprimentar ninguém.

Mais tarde, uma loirinha inglesa avassalou com uma outra que, pelo menos antes da luta, era sua amiga. Além de esmurrar violentamente a sua adversária, ela também brindou o publico com as escapulidas que seus peitos deram da blusa mal ajambrada, sendo ovacionada. No dia seguinte, acabei topando com ela naquela van infernal que me levou para a Malásia. Com uma rebordosa espetacular, ela mal se lembrava de ter subido no ringue. Não desejo essa ressaca moral a ninguém.

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