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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Cidadezinhas espetaculares da Europa: Cisternino, na Itália

Os becos brancos e a gastronomia da minha favorita na Puglia

Por Adriana Setti
Atualizado em 14 Maio 2019, 18h58 - Publicado em 26 jun 2018, 08h11
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Como não amar? (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

Não é fácil – e muito menos necessário – escolher uma cidadezinha favorita entre as belezinhas da região da Puglia (ou Apúlia, aportuguesando). Mas é minha segunda visita à região e arrisco dizer que, para mim, nada se compara ao charme discreto de Cisternino.

Ela não tem a opulência barroca de Lecce, o relevo dramático de Ostuni ou a onipresença do Adriático, que torna Polignano al Mare, por exemplo, um cenário que é covardia. Mas a cada pracinha branca, a cada escadinha enfeitada com vasinhos de cactos e a cada beco que se abre para o Valle D’Itria (e seu mar de oliveiras), eu suspiro por Cisternino.

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O branco que brilha durante o dia (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

Suas ruas brancas ofuscam os olhos durante o dia. É esse brilho exagerado, talvez, que dá um certo ar de irrealidade ao vilarejo (sem falar das noivas que circulam pela cidade aos sábados de verão, vez ou outra arrastando uma chuva de papeizinhos brilhantes e um séquito de convidados que parecem ter saído de uma propaganda de Martini). Em meio a lojinhas de cerâmica, bares minúsculos e outros lugarzinhos encantadores, Cisternino também nos lembra que a Puglia não brinca em serviço quando o assunto é história. A igreja de San Nicola, por exemplo, esconde fundações do século 6 por trás de sua fachada do século 18 que retocou a estrutura do século 14. E ainda tem torre de mais de 500 anos e palácios barrocos bem conservados – porque afinal de contas estamos na Itália.

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Que na Puglia se mangia bene em tudo que é lugar ninguém discute. Mas Cisternino é uma espécie de templo sagrado para os carnívoros sem complexos. A tradição local é comer direto da fonte na macelleria (ou seja, no açougue). Você escolhe os cortes no balcão, diz o ponto ideal e espera na mesa enquanto devora uma sequência interminável de antipasti, regada a um belo Primitivo (vinho local, potente e delicioso) da casa. Também não dá para não comer uma boa variedade de bombette, bolinhos de carne recheados de tudo quanto é coisa boa (bombásticos, como o nome sugere). Para digerir tudo isso, faça como os italianos e embarque no clima da passeggiata, o famoso vai e vem que enche as ruas da cidade nas noites de verão, quando o branco ofuscante dá lugar a um dourado brilhante com o mármore refletindo a iluminação da cidadezinha.

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Suspiro pelos bequinhos de Cisternino (Adriana Setti/Arquivo pessoal)

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O meu restaurante (macelleria) preferido em Cisternino é o Al Vecchio Fornello.

Na primeira vez em que visitei a cidade, fiquei hospedada nesta belezinha de trullo (construção típica da região) que achei no AirBnb. Agora, fiquei na espetacular masseria (antiga fazenda) Spetterrata, a 10 minutos da cidade, com piscina, o melhor café da manhã das galáxias e atendimento absurdamente simpático.

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