Achados
Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
Guia do safári na África do Sul: raio-x do Earth Lodge, o hotel mais original da região do Kruger
Continua após publicidade
Somava seis dias seguidos de safári quando um carrinho de golfe me levou a uma das 13 suítes do Earth Lodge. Àquelas alturas, já havia visto os Big Five (leão, leopardo, búfalo, hipopótamo e rinoceronte), com direito a figurinha repetida. Então olhei para o terracinho aberto para a savana, com piscina e espreguiçadeiras macias, e tomei uma decisão: pular sorrateiramente o game drive daquela tarde para curtir um dos quartos de hotel mais espetaculares em que já havia estado.
Se você quer experimentar um safári de luxo que exale o glamour clássico da era vitoriana, esqueça este lugar. Nos domínios da reserva de Sabi Sabi, ao sul do Kruger National Park, o Earth é, provavelmente, o safari lodge mais revolucionário da África do Sul, ideal para mentes abertas que desejam quebrar paradigmas. Coincidência ou não, a maior parte dos hóspedes, quando estive por lá, vinham do “Novo Mundo”: americanos, mexicanos e brasileiros. Totalmente camuflado na paisagem, o hotel reproduz de forma espetacularmente moderna uma casa de cupim. Terra (earth), como o nome sugere, é o elemento homenageado. As paredes das suítes são feitas de adobe e fibras de plantas. Galhos e troncos arrastados numa enchente de anos atrás (após a qual o hotel foi reconstruído) foram transformados em móveis e adornos. Peças de artesanato africano se misturam a objetos de design contemporâneo. Nada ali passa rente ao convencional.
Depois de uma tarde inesquecível relaxando na piscina, com direito a visita de um impala curioso, o ranger que fazia as vezes de anfitrião foi nos buscar para o jantar (o hotel não está protegido por cerca e é bastante normal que elefantes e outros animais circulem entre os quartos e a área social, por isso a necessidade de ser acompanhada). Confirmou-se a infalível Lei de Murphy: no único game drive que havia esquivado em toda a minha temporada no Kruger, um raríssimo guepardo foi avistado, lindo e esbelto, posando para fotos. A vida, oh céus, é mesmo feita de escolhas…
Para molhar os pezinhos nos dias de calor
Continua após a publicidade
Outro ângulo…
Continua após a publicidade
Detalhes da decoração
FICHA TÉCNICA
O lugar
São 13 suítes com piscina privê, entre elas uma presidencial. A área social se distribui por uma marquise de linhas minimalistas sob a qual há lounges, restaurante, recepção e bares. Um dos ambientes tem um espelho d’água com mesas, para quem quiser refrescar os pezinhos enquanto toma um drinque. O spa leva a assinatura da marca sul-africana Amani. É facílimo chegar ao Earth Lodge de carro a partir do aeroporto de Nelspruit (cerca de duas horas de viagem). A reserva de Sabi Sabi está bem sinalizada a partir da estrada e, até a porta do hotel, há apenas um pequeno trecho de estrada de terra, perfeitamente viável para qualquer carro. Quem quiser cortar caminho pode pousar na pista da reserva (o hotel pode organizar o voo).
Continua após a publicidade
A entrada discreta
Continua após a publicidade
O lodge e sua arquitetura integrada à natureza
Continua após a publicidade
O bar elegantão
Outro ângulo do mesmo ambiente: reparem no balcão feito de tronco
Como funciona
Como na maior parte dos safari lodges, o ranger é o anfitrião: ele faz as vezes de despertador de madrugada e é seu guia na savana. Os game drives acontecem duas vezes ao dia, de manhã e no fim da tarde, sempre com o mesmo grupo. Mas, ao contrário do que rola em alguns hotéis do Kruger, no Earth Lodge não há jantares de confraternização entre os hóspedes e/ou o ranger (uma ótima para quem preza a privacidade acima de tudo). Os passeios, as refeições e uma seleção de bebidas da casa estão incluídos no preço. Minibar e bebidas alcoólicas especiais são cobradas à parte.
O spa da marca sul-africana Amani
O ranger
Nos primeiros momentos, achei Justin um pouco tímido. Mas logo saquei que ele tinha uma ironia fina, ótimas histórias e um vastíssimo conhecimento dos animais. Seu fiel escudeiro é o tracker (rastreador, o responsável por encontrar pegadas e descobrir onde estão os animais) Petro, um doce de pessoa.
Justin, o ranger, em ação
O sorriso de Petro, o tracker
Safári
Os game drives foram feitos a bordo de um Toyota Land Cruser tinindo de novo, aberto e sem cobertura, como é praxe nas reservas privadas, para que o contato com a natureza seja o maior possível. Éramos 4 ou 5 num carro com lugar para 10 pessoas. A reserva Sabi Sabi tem um relevo bem mais acidentado e frondoso do que o Kruger National Park em si. Vimos rinocerontes, elefantes gigantescos e um leopardo ensaiando caçar uma gazela. E, como você sabe, nosso grupo também avistou um guepardo absurdamente belo e exibido…
Mãe e filho
Elefante dando um relax ao lado da pista de pouso
Pouso forçado
Detalhes que fazem a diferença
Nossa garçonete, Goodness, fazia jus ao nome (bondade, em inglês) e foi a pessoa com quem mais tivemos contato no staff.
Quartos
As suítes são enormes, com passagens estratégicas para a luz natural abertas no teto. A decoração é originalíssima, com um tronco esculpido sobre a cabeceira da cama, tapete de pele de vaca pulverizado com detalhes dourados e belíssimas peças de cerâmica. Um ambiente à parte tem duas poltronas e um mini bar ultra completo. A linda escrivaninha é feita de uma peça de madeira polida apoiada sobre um pedaço rústico de tronco de árvore. O banheiro tem banheira em forma de cuia, linda e enorme (o aquecimento da água é feito com placa solar e poderia chegar a alguns graus a mais). Tanto o quarto como o banheiro nababesco se abrem para o terraço, onde há poltronas de design, um banco-escultura de madeira, espreguiçadeiras e uma piscina que se divide entre o gramado e o terraço. Precisar, não precisava, mas faz parte do conceito: a água é argilosa e o fundo da piscina é salpicado de areia.
Janela indiscreta (do meu quarto)
Terracinho com piscina privê
Interior da suíte
Gastronomia
A diária inclui café da manhã, almoço e jantar, além de um belo lanchinho antes de cada game drive. Almoço e jantar são servidos em três etapas e a comida é levada a seriíssimo, com apresentações dignas de restaurante estrelado. A cada noite o jantar é feito num lugar distinto e pode acontecer na adega ou na boma (“praça” ao ar livre à luz da fogueira).
Almocinho leve em apresentação espetacular
Chá da tarde, antes do safári
Mimos
Os mimos incluem frutas e bombons no quarto, paradas para drinques e petiscos durante os safáris.
Mesa posta na adega
Jantar ao ar livre
Upgrade
A Amber Presidentail Suite tem sala de jantar, cozinha privada, uma enorme sala de estar, além de todos os outros mimos que fazem parte das demais acomodações.
Suíte presidencial… WOW!
Exterior da suíte presidencial
Vale saber
A reserva de Sabi Sabi tem outras três opções de acomodação, entre elas o Bush Lodge, um dos mais indicados do país para quem viaja com as crianças, com quartos que acomodam famílias e um clubinho infantil equipadíssimo.
Perfeito para: Os fãs dos hotéis de design inovador, que preferem o moderno ao clássico.
Contra-indicado para: Os puristas, adeptos do estilo safári-clássico e nostálgicos da era vitoriana.
OUTROS POSTS DO GUIA DO SAFÁRI NA ÁFRICA DO SUL
O que não pode faltar na sua mala
Tudo o que você precisa saber para fazer um safári no Kruger Park
Reservas privadas X Kruger Park
Safári econômico de carro alugado
Raio-X do Royal Malewane, o lodge das celebridades
Raio-X do Jock Lodge, no coração do Kruger
Siga @drisetti no Twitter
Publicidade
Airbnb não está sozinho: conheça outras empresas de aluguel por temporada
Estrada Real: história e cidades da maior rota turística do Brasil
Afuá (Pará): na “Veneza de Marajó”, carros são proibidos
Neve no Brasil: 8 cidades brasileiras onde pode nevar durante o inverno
O paraíso em Maragogi que conquistou o coração dos viajantes
