Você pode conhecer as famosas “winelands” como um programa de bate e volta e Cape Town – dá até pra pegar um busão de dois andares básico que leva e traz. Mas, tendo tempo, não cometa esta heresia. Além de elaborar tintos, brancos e espumantes espetaculares, a região produtora de vinhos da África do Sul tem uma das paisagens mais espetaculares do país (e olha que por ali é páreo duríssimo). Vale curtir com calma, muita calma: vinho não combina com correria.
A base mais convencional costuma ser Stellenbosch, a maior cidade da região, que tem acomodação democrática em termos de preço e bastante vida em torno da sua universidade. Mas vá por mim: a pequena Franschhoek, com apenas 13 mil habitantes e cercada de de montanhas, é ainda melhor.
Franschhoek quer dizer “cantinho francês”. Sem falsa modéstia, a cidade se autodefine como a capital gastronômica da África do Sul. Faz todo sentido. Em meros quarteirões estão restaurantes como o Tasting Room, um dos melhores do país, Reubens e muitos outros (além daqueles espalhados pelos arredores, instalados nas próprias vinícolas).
A cidade vive por e para o vinho e tem um dos esquemas mais práticos e gostosos para quem quer degustar, degustar e degustar. O Wine Tram é um bondinho que funciona no esquema “hop-on hop-off” (ele traça um trajeto determinado e você sobe e descer na parada que quiser). Custa US$ 15 por pessoa por dia e inclui algumas degustações — mão na roda para não beber e dirigir.
Dentro das vinícolas o também é tudo muito prático: você escolhe o tipo de degustação através de um cardápio, paga uma pequena taxa, prova os vinhos e pronto. Se quiser comprar, ótimo (em alguns casos, quem compra algo significativo não paga a degustação). Se não, ótimo também. O sistema assim de objetivo é um excelente remédio anti-constrangimento (sou muito caipira ou você também fica se sentindo na obrigação de comprar uma garrafa quando a degustação é informal e/ou gratuita?).
Outra razão do meu amor por Franschhoek foi o achado onde fiquei hospedada: uma fazendinha em pleno centro da cidade (8 minutos a pé da rua principal e do supermercado) chamada Reeden Lodge. São oito chalés espalhados por um terreno enorme onde pastam ovelhas, vacas e cavalos. Todos eles têm cozinha e churrasqueira e uma piscininha à beira de um lago faz as vezes de área social (social que não houve, já que estive por lá em dias ultra tranquilos e tive o lugar praticamente privê). O meu, de um quarto, custou US$ 70 por noite. Fiquei duas noites, mas teria me largado por lá vários dias e tivesse mais tempo.
No próximo post, falarei sobre as vinícolas que achei mais incríveis . Me aguarde.
Siga @drisetti no Twitter.