Filipinas de novo? Mas por que?
“Pronto, a Adriana surtou”. Não é isso que você acaba de pensar? O mundo inteiro assistindo as imagens do furacão que assola o país neste exato momento e eu tentando convencê-lo a ir pra lá. Com ou sem furacão, as Filipinas sempre geram uma reação de certo espanto. Afinal de contas, eis um lugar que só aparece nos noticiários quando o assunto é terrorismo, catástrofes naturais e outras desgraças, que pintam o país como a filial do inferno. Daqui a uma semana, exatamente, estarei desembarcando, feliz da vida, no aeroporto de Manila. E aqui vai uma listinha de argumentos que tenho usado para tentar convencer amigos e familiares de que não estou louca.
Mas lá não tem terrorismo?
Sim, tem. As Filipinas é um país católico, mas abriga uma minoria muçulmana insatisfeita. Grupos islamistas e separatistas (como o Abu Sayyaf, bastante sinistro) atuam no sul do país, que é considerado área de alto risco pelo departamento de estado americano. Esta zona crítica fica na região do Mindanao, coincidentemente, a mesma que foi a mais afetada pelo furacão Bopha até o presente momento. Dito isso, basta evitar o Mindanao e você estará viajando por um país pacífico e bastante seguro.
Mas Manila não é um inferno?
Manila não é legal (ainda que tenha seus pontos altos, como a vida noturna). Entre as megalópoles do Sudeste Asiático (as outras são Bangkok, Cingapura, Kuala Lumpur e Jacarta), é a que tem menos atrativos e mais problemas de violência. No entanto, a grande maioria dos turistas (é o meu caso) passa apenas pelo aeroporto da cidade – que, aliás, é uma belezinha de novo.
Tá, mas e os furacões?
A temporada dos furacões é de junho a novembro, época que convém evitar. O furacão Bopha chegou atrasado e é o último do ano. Depois que se for (o que deve acontecer entre hoje e amanhã) a precisão é de que o sol volte a brilhar.
O que tem lá?
Em primeiro lugar, na minha escala de atrativos: as praias mais bonitas em que já estive na minha vida. E, quem acompanha esse blog, sabe que isso não é pouco. Já rodei bastante esse mundão e digo isso sem sombra de dúvidas. Fora isso, o país ainda tem vulcões, arrozais, montanhas, selva…
As Filipinas não é um lugar meio complicado para viajar em termos de infraestrutura?
Depende. O país é um universo de possibilidades. Não há um roteiro convencional, que a maioria dos turistas façam (como há na Tailândia ou no Vietnã, por exemplo). São mais de 7 mil ilhas! Tudo isso pra dizer que, se você quiser conhecer apenas os lugares mais famosos (como El Nido e Boracay), pode voar até eles. Dificuldade zero. O grau de aventura aumenta para quem viajar por mar ou por terra.
E a comunicação? Não é muito difícil?
Que nada! As Filipinas foram colônia dos Estados Unidos e praticamente todo mundo fala inglês (ou pelo menos arranha). O próprio tagalo, o idioma nacional, incorpora algumas palavras do inglês e do espanhol (os primeiros colonizadores). Em certos casos, pegando uma palavra ou outra, dá até pra ter uma ideia do que eles estão falando (o já é uma glória, em se tratando de línguas asiáticas).
E a comida? Que diabo os Filipinos comem?
Hummm… aí você me pegou. A comida não é das melhores. E olha que eu sou ZERO fresca com comida. Come-se muito peixe e muito arroz, como em qualquer lugar da Ásia. Mas quando você tenta sair disso, sempre esbarra com um molho gorduroso ou um tempero meio estranho. Não que não dê para comer. Mas está longe de ser um destino gourmet. Os filipinos também herdaram muita porcaria dos americanos (hambúrguer e coisa e tal). Mas não sabem fazer isso direito.
O povo é legal?
Nossa, demais. Certamente os mais “soltinhos” de todo o Sudeste Asiático. Eles não têm o peso do islã e nem a espiritualidade à flor da pele dos budistas ou dos hinduístas. São mais flexíveis, mais boêmios, mais safadinhos. As mulheres, então, são soltérrimas, e fazem a festa com os gringos (muitas por dinheiro, mas outras tantas por prazer). Ser loira e alta (principalmente alta, uma vez que as mulheres locais são minúsculas) nas Filipinas é uma experiência surrealista. Famílias inteiras pedem para tirar foto, grupos de estudantes me cercam na rua, uma coisa de louco. Me senti a própria girafa que fugiu do zoológico.
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