1. Lição número 1: os sul-africanos dirigem na mão inglesa. Ou seja, o motorista fica do lado direito do carro, que por sua vez transita pela pista da esquerda. Parece difícil, e é mesmo. Nos primeiros minutos, você ficará à beira de um colapso cerebral. A boa notícia é que bastam algumas horas para se acostumar com esse novo modo de dirigir. A má notícia é que o mesmo não acontecerá com os comandos da seta e do limpador de para-brisas.
2. Ainda sobre o item acima, também é bom saber que a maioria dos carros alugados na África do Sul (sobretudo os econômicos) não tem câmbio automático. Menos mal que pelo menos a posição das marchas não se inverte com a mudança de lado (em outras palavras, a primeira continua sendo para cima e à esquerda, e assim por diante).
3. Teoricamente, para alugar um carro é preciso ter uma carteira de motorista válida, com as informações em inglês. Ou seja, para brasileiros o ideal é ter em mãos a Permissão Internacional para Dirigir, que você pode solicitar no Detran. (Dito isso, eu confesso que não tinha a menor ideia dessa exigência antes de ir e que aluguei o carro com o meu “permiso de conducción” espanhol sem nenhum problema na Hertz do aeroporto da Cidade do Cabo.)
4. Alugar carro na África do Sul é barato. Reservei com bastante antecedência pelo meu queridinho carhire3000.com, que me encontrou um Toyota Athios (pequeno porém valente) por US$ 23 ao dia. Além do mais, a maioria das locadoras não cobra “one-way fee”. Ou seja, você pode pegar o carro em um canto do país e devolver no outro sem gastar nenhum tostão a mais.
5. Tinha lido em alguns guias que os sul-africanos em geral dirigem selvagemente. Discordo totalmente. Em geral, achei os motoristas bem disciplinados e gentis.
6. Caso você queira atravessar a fronteira para outros países (incluindo Suazilândia e Lesoto, que ficam dentro do território da África do Sul), precisa solicitar uma autorização na locadora. Não é complicado mas custa cerca de US$ 150.
7. As estradas variam de excelentes a surrealmente péssimas. Na região do Cabo Ocidental (arredores da Cidade do Cabo), Garden Route e imediações de Durban e Johanesburgo você se sentirá na Europa. A coisa muda de figura na Wild Coast (o antigo Transkei, parte mais pobre do país) e nos arredores do Kruger Park.
8. A pior estrada do país é a R36, que liga a autopista 4 a Lydenburg e é uma das vias de acesso ao Kruger Park para quem vem do centro do país. Há várias alternativas, mas tive a HONRA de ser jogada nessa pista pelo meu GPS, que me proporcionou um dos trechos mais “memoráveis” da viagem. Demoramos mais de uma hora e meia para vencer cerca de 40 quilômetros, desviando de crateras de proporções inenarráveis. A estrada é tão notória pelos buracos que vira e mexe alguém ri para não chorar e tira fotos nadando, tomando banho ou pescando nos rombos da pista. Algumas placas falsas e divertidas também foram espalhadas pela estrada. Tipo: “proibido mergulhar nos buracos”.
9. Os radares são pouquíssimos e os controles policiais beiram o inexistente. Ainda assim, fui multada por excesso de velocidade (estava a 70 por hora num trecho onde o limite era 60) e o policial tentou arrancar uma graninha para não “complicar a minha vida”. Ou seja, a polícia não é flor que se cheire…
10. Apesar de ter me jogado na R36, o GPS (usei o TomTom) foi uma mão na roda durante a viagem e funcionou perfeitamente até dentro do Kruger Park. Quase todos os hotéis que tive que procurar estavam listados no mapa, uma maravilha.
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