Achados
Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
Como é ficar no BA’RA, o hotel da vez de João Pessoa
Um raio-x da maior novidade dos últimos tempos na hotelaria da capital paraibana
Observando o mar azul da Paraíba da minha janela no primeiro andar, tive a nítida sensação de que todas as pessoas que passavam na rua olhavam na minha direção. Mas não era bem isso. Inaugurado em outubro de 2022, o BA’RA Hotel é a nova grande atração de João Pessoa. Para quem passeia pelo pedacinho mais animado do calçadão da praia de Cabo Branco, sempre interditado para os carros, é praticamente impossível não olhar para o lado oposto do mar e contemplar o edifício que redesenhou esse trecho da orla.
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New kid on the block
Não há nada parecido com o BA’RA na capital paraibana. Com formas orgânicas e painéis de madeira que dão leveza a blocos dispostos em ziguezague na fachada, o edifício é totalmente inovador para os padrões locais. A obra é do badalado escritório de arquitetura colombiano Plan B, adornada com jardins suspensos projetados pela paisagista Patrícia Lago.
Ao entrar, é como você estivesse sendo “abraçado” pelo edifício em forma de U. Uma vez no interior, tudo é muito clean, mas peças de artesanato nordestino, um jardim vertical e água de coco servida de boas-vindas em um lindo cesto de palha conferem brasilidade ao ambiente. O que mais chama a atenção, no entanto, é o uniforme dos funcionários, criados pela designer Gabriela Maroja — destaque para a recepcionista do restaurante, vestida com um macacão coberto com uma espécie de trench coat transparente futurista.
No fervo
Enquanto faço check-in, sou informada sobre a programação de wellness — yoga, treinos na praia, massagens no spa — e passeios. No menu de experiências, há propostas interessantes, como remar de caiaque até um banco de areia para curtir um luau numa noite de lua cheia. Mas me contento em fazer uso das bikes emprestadas aos hóspedes, perfeitas pra aproveitar a ciclovia que passa na frente do hotel e cruza as principais praias urbanas da cidade.
Das 5h às 8h, a orla de Cabo Branco e partes de Manaíra e Bessa são fechadas ao trânsito e ficam tomadas de gente correndo e caminhando. Além disso, à noite o calçadão ferve com comida de rua, música ao vivo, feirinhas e afins. Por essas e outras, o hotel é muito estratégico para quem quer curtir dias de praia, sol e fervo em Jampa.
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O rooftop da vez
O hotel também ferve. A parte mais tchans da área comum é o rooftop, onde há uma academia e piscina cercada por painéis de vidro com vista panorâmica para a praia. Em uma primeira análise, ela parece pequena demais para os hóspedes dos 123 apartamentos. Além disso, há menos de dez espreguiçadeiras. Mas, em um fim de semana de verão, em plena alta temporada, não tive problemas para conseguir um lugar ao sol — talvez exatamente pela ausência de uma sombrinha.
A coisa muda de figura se você quiser uma mesa no Orama, o bar e restaurante vizinho à piscina, aberto ao público, que serve drinks autorais e comidinhas de inspiração mediterrânea no terraço mais disputado da cidade. Reserve com dias de antecedência, mesmo se for hóspede.
Café da manhã absoluto
Também hypado, no piso inferior, o Iocá serve cozinha italiana com toques regionais e tem uma carta de vinhos respeitável, com rótulos portugueses, italianos, franceses, sul-americanos, entre outros — apensar de não haver um sommelier no lugar quando estive por lá. A comida é gostosa e farta, a um preço acessível se comparado a um lugar do mesmo nível no eixo Rio-São Paulo. Provei e curti o polpetone de carne de sol. As pequenas falhas no serviço são sempre compensadas com muita simpatia e boa vontade por parte do estafe.
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A melhor experiência do Iocá, no entanto, é o café da manhã absolutamente irretocável. O pão de queijo feito com batata que circula pelas mesas com geleia e requeijão é de chorar. Os ovos beneditinos saem no ponto certo. Há sucos naturais, sucos detox, kombucha, tapiocas, pães caseiros, frios, queijos, iogurte, granola… O cuidado com a qualidade é tanto que um funcionário se encarrega de medir a temperatura das frutas expostas no bufê, fresquinhas.
Na vitrine
Com luz indireta incidindo sobre painéis de madeira, cores neutras e móveis de linhas minimalistas, os quartos do BA’RA são compactos e confortáveis — menção honrosa à cama, literalmente de sonho. Com janelas do teto ao chão, a maior parte deles revela vistas espetaculares para a orla. A recíproca também pode ser verdadeira em alguns casos: com a luz acesa, no primeiro andar, me sentia um pouco em uma vitrine. Achei essa brincadeira divertida: era como fazer parte do fervo do calçadão, só que com ar-condicionado e bebericando espumante. Quando queria privacidade, era só fechar o painel de madeira. Se essa não for a sua onda, prefira os quartos dos andares superiores.
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