A Europa está vivendo uma situação curiosa e contraditória nesta Semana Santa, um dos principais feriados do ano, com folgas escolares que chegam a durar 10 dias. Em muitos países, como é o caso da Espanha, não está permitido viajar entre as regiões. Mas, como a União Europeia vem mantendo o pacto de fronteiras abertas, os europeus estão livres para viajar dentro do bloco. Ou seja, morando em Barcelona, na Catalunha, estou proibida de viajar a Madri ou Ibiza, a menos que seja por um motivo muito bem justificado. Nada me impede, porém, de dar um pulinho em Paris ou Amsterdã. O resultado? Muitos espertinhos estão aproveitando a deixa para escapar das restrições de seus países, viajando a lugares onde as medidas são mais amenas.
Um dos fenômenos bizarros que essa situação vem provocando está rolando em Madri. Com medidas mais amenas do que no resto do país e do continente (como, por exemplo, toque de recolher mais tarde e menos restrições nos bares), a cidade vem sendo “invadida” por milhares de jovens, principalmente franceses. Escapando de um país praticamente em lockdown, eles vêm transformando a metrópole na capital europeia do turismo de bebedeira, em plena pandemia e às portas de uma possível quarta onda.
Só no fim de semana passada, a polícia acabou com 322 festas ilegais em Madri. As cenas patéticas se repetem a cada noticiário: dezenas e dezenas de jovenzinhos sendo retirados de esconderijos como armários e camas boxes por policiais que certamente teriam coisas mais importantes pra fazer. Além de serem um óbvio foco de contágio, essas baladinhas também têm tirado o sono dos vizinhos, já que geralmente acontecem em apês alugados pelo AirBnb, driblando o toque de recolher, que vai das 23h às 6h na capital. Para evitar que seus cidadãos se unissem a essa bagunça, o Reino Unido instituiu uma multa de 5 mil libras para quem viajar ao exterior. A população de Madri agradece.