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Bangkok: como sobreviver em 10 lições

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h13 - Publicado em 21 fev 2008, 12h02

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Se você acha que já viu de tudo nessa vida, espere até chegar a Bangkok. A capital da Tailândia é uma megalópole onde se esbarram diariamente algo em torno de 10 milhões de almas (na grande Bangkok) e onde novo e velho, pandemônio e modernidade convivem em uma harmonia caótica que um visitante de primeira viagem certamente não será capaz de decifrar por completo.

Após pouco menos de uma semana na cidade, ainda me sinto totalmente perdida e inocente like a virgin. Mas só o fato de ter atravessado esse ritual de iniciação praticamente ilesa (isto é, amargando só um pouco de perrengue), já me auto proclamo no direito de passar um pequeno manual de sobrevivência adiante.

1. Se perder é normal. E a menos que você tenha nascido com um GPS acoplado ao cérebro, terá a sensação de “nunca mais chegarei ao hotel” pelo menos cinco vezes ao dia. Os nomes das ruas são “ocidentalizados” em mil versões diferentes e, quando calha de você conseguir encontrar uma placa, o nome da rua provavelmente não será “bem aquele” no seu mapa. Além disso, as ruas são labirínticas, as calçadas são tomadas por ambulantes e muitos lugares parecem iguais aos outros. A solução é: relaxe e ria de si mesmo, um dia você chega ao lugar onde pretende.

2. O caos das ruas de Bangkok é uma das coisas que a cidade tem de melhor. São tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que, no final do dia, o cérebro parece estar se matando para deglutir uma montanha de informação. Para contrabalancear esse bombardeio, ter um lugar tranqüilo e razoavelmente confortável para esticar o corpo cansado é fundamental. Assim como em Kuala Lumpur (post anterior), a diferença entre uma espelunca fedorenta e um lugar bacaninha não compensa o perrengue. Tinha reservado um lugar de 8 euros por internet. Era decente, mas deprimente (paredes cinza, em um beco xexelento) e barulhento. O hotel simpatiquinho, confortável e bem localizado para o qual me mudei no dia seguinte (Star Dome Inn, info@stardomegroup.com) custava 16 euros o casal, com café incluído.

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3. Não economize em ar condicionado. O calor é de matar e as ruas geralmente são barulhentas. Fechar a janela e congelar é questão de sobrevivência.

4. Os tuk tuks, lendários táxis de três rodas, ganham comissões e “vales” para gasolina por cada cabeça de turista que consigam arrebanhar para as lojas de ternos e roupas de seda, souvenirs… E eles fazem isso independentemente da sua vontade, sem constrangimento algum. Caso você deixe claro logo de cara que se recusa a ir a loja alguma (diga “noooo shopping!”, com cara e mau), é bem provável que ele triplicará a tarifa ou simplesmente desencanará de você. As únicas maneiras de conseguir um tuk tuk honesto são: tendo muuuita sorte ou conseguindo que algum local negocie o preço por você. Com a ajuda de um rapazinho com quem puxamos papo na rua, descolamos um motorista de tuk tuk – nosso camarada See – que rodou conosco o dia todo por 40 batts (80 centavos de euro), sendo que os tuk tuks perversos podem cobrar até o triplo por uma simples viagem. O único jeito de continuar nessa mordomia foi anotar o precioso celular do See e ligar pra ele no dia seguinte.

5. Caso um amigo tailandês não cruze o seu caminho, saiba que apesar do fator cultural exótico de pegar um tuk tuk ter o seu apelo, muitas vezes o bom e velho táxi com ar condicionado acaba saindo só um pouco mais caro, com a vantagem de que engolir fumaça e parar na maldita loja de seda certamente não estarão no programa.

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6. Pechinche muito e sempre. Da roupa na loja da esquina ao quarto do hotel, tudo sairá mais barato se você chorar um pouquinho e disser que é brasileiro.

7. Muitos templos budistas e lugares sagrados como o Grande Palácio não permitem a entrada de pessoas trajando bermudas ou camisetas sem manga. E mesmo nos lugares onde as restrições não são explícitas, não pega bem ir vestido como se estivesse em Ipanema. Como o calor é de rachar, vale sair semi nu e carregar na bolsa uma camiseta e uma canga, por exemplo. Aquelas calças que destacam as pernas com zíperes são ideais para os muchachos.

8. Aproveite a abundância de massagem para relaxar a sua sofrida carcaça. A escola de massagem que funciona atrás do templo do buda reclinado – Wat Po (grande dica da minha amiga Nani!) é uma das opções mais confiáveis.

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9. A Kao Sun Road (foto) é uma atração turística às avessas: um lugar qualquer que, por algum motivo, se tornou uma espécie de mega gueto ocidental onde os mochileiros praticamente se atrincheiram e se protegem mutuamente das garras da louca cidade. Essa maçaroca de turistas sendo atacados por vendedores de tudo-o-que-você-puder-imaginar, cercado por um aglomerado de guesthouses e hotéis de todos os naipes acabou virando algo que merece ser visto e vivido – e as suas chances de acabar se alojando por lá são altíssimas. Para não se esfolar em Kao San, tenha em mente que tudo o que se compra por ali tem grandes chances de ser fajuto e superfaturado, incluindo aí as moçoilas de pés 42 que circulam pelas esquinas, os pacotes turísticos, as calças de pescador tailandês e um sem-fim de etcs.

10. Caso você se sinta desamparado na hora de preparar um roteiro, ou queira agendar viagens ao redor da Tailândia, a dica de ouro é: procure a TAT, a agência federal. As comissões são 30% menores, tudo o que eles programam dá certo (pude confirmar com o meu curso de mergulho em Ko Tao e minha viagem ao norte, que logo mais estarão aqui neste blog) e, acima de tudo, a simpatia e paciência do staff é inenarrável. Se você quiser passar todo o dia por lá conversando sobre a Tailândia e decidir mudar de roteiro 80 vezes, o sorriso da atendente não se abalará. De quebra, o restaurante ao lado, onde o staff almoça, serve o maior e mais barato churrasco de peixe que comi em Bangkok. Por incrível que pareça, nem todos os viajantes sabem da existência da TAT. E eu provavelmente teria passado batido se não tivesse dado trela para um tailandês que puxou papo em um templo budista. Sorte de principiante.

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