Washington, D.C.: passeios, hotéis, restaurantes e mais

Por Adrian Medeiros Atualizado em 6 Maio 2020, 12h07 - Publicado em 30 set 2011, 11h26

Para a maioria das pessoas em todo o globo, Washington, D.C.dii-cii, como eles dizem, sigla do Distrito de Columbia e carinhoso apelido da região – é apenas lugar com uma casa branca ocupando muito espaço nos noticiários. Há quase um século essa cidade no noroeste dos Estados Unidos é o centro do poder político ocidental e de lá saem decisões que repercutem na vida de bilhões de pessoas. Mas ela é muito mais viva, colorida e interessante do que se faz supor a cidade lúgubre da TV.

Era o princípio de abril e, mesmo que as cerejeiras ainda florescessem timidamente, o céu azul e o fim de semana de Páscoa faziam o National Mall fervilhar como o Ibirapuera num domingo de sol. The Mall, a alcunha da imensa área, é um gramado com 500 metros de largura por 4 quilômetros de extensão (aí incluído o West Potomac Park), ladeado por duas avenidas e correspondente em importância ao eixo Monumental de Brasília.

Em sua extremidade leste encontra-se o Capitólio, sede do Congresso americano, e, a noroeste, a Casa Branca, gabinete e residência do presidente dos EUA. No centro de tudo, o icônico obelisco homenageia George Washington. Entre a grama, as cerejeiras, os monumentos e espelhos-d’água, há uma dúzia de museus, quase todos grátis, quase todos incríveis. De arte pós-moderna a ossadas de dinossauro,da trajetória dos negros nos EUA à corrida espacial, os conhecimentos, marcos e conquistas do país mais observado do mundo se materializam na frente dos visitantes.

Ícones do The Mall: o espelho d’água, o Monumento a Washington, o domo do Natural History e o Capitólio (SeanPavonePhoto/iStock)

A capital americana não se resume ao National Mall. Ao norte, a cidade se espalha em ruas perpendiculares e avenidas transversais com grandes confluências circulares. Os prédios vão das típicas row houses (geralmente de tijolinhos, com dois ou três pisos geminados) aos edifícios mais modernos, mas que não costumam passar dos 12 andares ou 40 metros, o que dá uma escala humana à urbe de DC.

A mesma sensação vem de bairros como Chinatown (do muito fotografado pórtico Friendship Archway) e de redutos como Blagden Alley, uma viela mezzo residencial, mezzo boêmia na vizinhança do Convention Center. Ali ficam bares cool como o Calico, que tem um quintal-lounge com aquecedores e cobertores para espantar o frio. Vizinho, o charmoso The Dabney valoriza ingredientes – e clientes – locais.

Friendship Archway, em Chinatown (Kaphotollc/iStock)

Outro prazer no norte da cidade é zanzar sem se preocupar com a volta, já que o Uber funciona bem, há táxis em abundância (dirigidos por etíopes, eritreus e afins, geralmente fãs de Ronaldinho Gaúcho), o sistema de bike sharing conta com mais de 400 estações e as seis linhas do Metrorail chegam a quase tudo o que interessa.

Ônibus circulares cobrem as áreas turísticas não atendidas pelo metrô, como a parte oeste do The Mall e o bairro de Georgetown, um hit de passeio e compras dos brasileiros que vale mais pela graciosidade das fachadas do que pelos preços. Aos interessados, o filé das lojas está na M Street NW, mas é recomendado economizar o dinheiro da roupa nova para jantar como um congressman no Rare Steak and Seafood. Localizado perto da Casa Branca, o restaurante com jeito de taverna classuda serve uma maravilhosa lagosta do Maine.

The smiths

Grande mantenedor dos museus de DC, o Instituto Smithsonian, fundado e gerido pelo governo americano, elenca onze endereços no National Mall, mais seis pela cidade e um zoo em Woodley Park, bom (e gratuito) programa para quem estiver com crianças. Entre os museus fora do The Mall, a Renwick Gallery, um Smithsonian pertinho da Casa Branca, é um interesse reduto de arte contemporânea.

Também estão fora do The Mall, entre outros, o American Art Museum e a National Portrait Gallery, ambos no mesmo edifício, ao lado da estação Gallery Place do metrô. O casal Obama, queridíssimo em DC e região, atrai muitos fãs à Portrait Gallery com a exibição permanente de seus retratos ao público – o de Barack exposto na ala dos ex-presidentes (há fila para a selfie), e o de Michelle no palaciano (e lindíssimo) terceiro andar.

Retratos de Barack e Michelle Obama na National Portrait Gallery (Mark Wilson/Getty Images)

Parem as rotatórias

Na estação Archives do metrô, apenas uma ao sul da Gallery Place, o Newseum é talvez o museu mais famoso fora do circuito Smithsonian (O Newseum fechou em 31 de dezembro de 2019, mas seu acervo continua a circular por outros museus pelo mundo, veja aqui). Embora pago, vale cada cent – e não só porque você vai economizar muito nos museus gratuitos. A coisa começa boa já na calçada, em uma fileira de gabinetes de vidro com as capas de cerca dos 30 principais jornais americanos do dia. Passada a entrada, uma galeria exibe as imagens vencedoras do Prêmio Pulitzer de fotografia desde que foi criado, em 1968, incluindo a corrida desesperada da menina vietnamita sob ataque de napalm em 1972. Direto para o sexto andar, um terraço escancara a Pennsylvania Avenue, cenário da parada presidencial de posse (a Inaugural Parade), até a vista alcançar o Capitólio.

Descendo os andares do moderno prédio envidraçado, a história das coberturas noticiosas nos EUA é revivida por meio de vídeos e edições originais de jornais e revistas, entre as quais a capa do Washington Post com a renúncia de Nixon (1974); o primeiro debate mostrado ao vivo na TV, entre Nixon e Kennedy, na Newsweek (1960); a transmissão também ao vivo do julgamento de O.J. Simpson, cujo veredicto (1995) foi visto por 150 milhões de pessoas nos EUA; a nota 10 da ginasta Nadia Comaneci nos Jogos de Montreal, na Sports Illustrated (1976); a primeira capa de Steve Jobs na Time, em 1982; a edição do satírico francês Charlie Hebdo posterior ao ataque terrorista ao jornal (2015); e por aí vai.

No espaço dedicado ao 11 de Setembro, parte da antena da Torre Norte do WTC foi retirada dos escombros e, enorme e retorcida, hoje homenageia a cobertura dos atentados, cercada por capas de jornais do trágico dia reproduzidas do mundo todo. No 3º andar, um carro de imprensa varado de balas na Guerra da Bósnia atenta para os riscos da profissão, enquanto que, no subsolo, os oito blocos de concreto todo pichado são o maior trecho inalterado do Muro de Berlim exibido fora da Alemanha.

A antena do WTC de NY, homenagem à cobertura do 11/9 (Davidnnp/Shutterstock)

O Newseum fica a uma quadra do The Mall e a um gramado de caminhada do National Air and Space Museum, um dos museus mais aclamados de Washington. Como em quase todos os Smithsonian gratuitos, não é necessário marcar hora nem retirar ingresso para entrar, mas, se a cidade estiver cheia de turistas, programe-se para chegar 20 minutos antes da abertura – a maioria dos museus funciona das 10h às 17h30.

Também como em quase todo grande museu de DC, a visita ao aeroespacial é cheia de deslumbre, de descobertas, de referências do passado. Imagine entrar em um imenso hall envidraçado com espaçonaves pendendo sobre a cabeça, enormes foguetes enfileirados e geringonças que viajaram ao desconhecido. As placas identificam e explicam as engenhocas, uma a uma: a cápsula Friendship 7, usada por John Glenn para dar três voltas na Terra e igualar o feito dos russos durante a Guerra Fria; a Gemini IV, que abriu as portas para a primeira flutuação de um americano no espaço, em 1965; a SpaceShipOne, um marco da era dos voos suborbitais, a partir de 2004; o Sputnik, o primeiro satélite artificial, enviado pela Rússia ao espaço em 1957; o módulo lunar LM-2, idêntico aos que pousaram na Lua nas missões entre 1969 e 1972; um módulo de trabalho reserva da Skylab, a estação espacial americana que minha mãe rezava para não cair na nossa cabeça na década de 1970 (e que, em 1979, de fato caiu, mas em uma área deserta da Austrália); a versão de testes do telescópio Hubble; a espaçonave soviética Soyuz, usada em parceria com os EUA nas operações com a Estação Espacial Internacional; o Flyer, o avião dos irmãos Wright, que, para os americanos, foi o pioneiro da aviação, em 1903; e até um cine IMax 3D e um planetário, ambos pagos, mas também interessantes para prolongar o passeio.

O Air and Space Museum, um dos museus mais visitados do mundo (George Rose/Getty Images)

Black power

Embora os museus de DC não sejam maçantes como uma interminável lição de casa, muito pelo contrário, eles demandam tempo. É preciso reservar, digamos, entre quatro e cinco dias na cidade para ver os melhores, visitar outras atrações e flanar rapidamente pelas grandes áreas verdes. Um dos museus das multidões no The Mall é o Natural History, programa consagrado especialmente para quem está com criança(s). De pedras lunares a múmias, de imensos esqueletos de baleias a dinossauros, dos artefatos de povos primitivos a bichos empalhados, de um diamante azul à fantástica arquitetura do edifício, o único inconveniente por ali pode ser a multidão de visitantes.

Elefante taxidermizado do Natural History (Bernhard Classen/AgbPhoto/Reprodução)

Outro museu blockbuster da área é a National Gallery of Art, um daqueles superacervos com obras-primas de Jan van Eyck a Roy Lichtenstein, passando por Da Vinci (!), El Greco, Rembrandt, os impressionistas todos, Degas, Pollock e companhia. Também entra na lista dos campeões de público (e crítica) o US Holocaust Memorial Museum, reputado como um dos mais tocantes de DC. De março a agosto, para conferir sua exposição permanente, é necessário reservar o ingresso (grátis) no próprio dia da visita pelo site, a partir das 6 da manhã, ou pegá-lo pessoalmente no museu às 9h45. De setembro a fevereiro a entrada é livre.

Pirâmides da ala leste da National Gallery of Art (Meinzhan/iStock)

Outro museu do The Mall é o National Museum of African American History and Culture. Para visitá-lo, é preciso agendar pelo site na primeira quarta-feira do mês ou, como alternativa, obter também via on-line os ingressos excedentes no dia da visita a partir das 6h30 (até que se esgotem), ou diretamente no museu, às 13 horas, mas apenas de segunda a sexta. Como os demais Smithsonian, a entrada é grátis. Em forma de três trapézios invertidos e empilhados, o distintivo prédio do tanzaniano David Adjaye cria uma sensação única logo na fila, composta majoritariamente por afro-americanos. A população de Washington, aliás, é 50% negra, percentual que na vizinha Baltimore sobe para 63%, enquanto a média nacional fica nos 12%. Tudo conspira para o sucesso do museu – inclusive o museu.

Fachada do African American Museum, feito pelo tanzaniano David Adjaye (Cvandyke/Shutterstock)

No último piso, painéis descrevem aspectos do comportamento e da expressão dos afro-americanos – na dança, no vestuário, no cabelo, na linguagem. Um quadro explica o “colorismo”, a preferência (ou segregação) social, econômica e política dos séculos 19 e 20 baseada na cor da pele. O texto lembra dos cremes branqueadores, que muitos negros acabaram usando na esperança de obter os mesmos privilégios dos brancos. A resposta vem no orgulho de James Brown, autor da frase “I’m black and I’m proud”, e em manifestações simbólicas como o Black Power, eternizado pelos cabelos armados.

Os líderes raciais são lembrados e homenageados, assim como grandes artistas, esportistas e celebridades. A vasta memorabilia inclui a guitarra e o Cadillac vermelho de Chuck Berry, um vestido de palco de Ella Fitzgerald, o trompete de Louis Armstrong, o smoking de Ray Charles, um look de Michael Jackson (visto como figura polêmica), muita coisa. Na seção hollywoodiana, o museu menciona as produções feitas com e para negros até 1940, mas celebra os atores afrodescendentes que ganharam o Oscar e a cobrança da indústria do cinema pela pluralidade racial nos filmes.

Respeitável, a ala dedicada aos esportistas expõe uniformes de grandes atletas negros, com especial reverência a Jessie Owens, multimedalhista de ouro nos Jogos (nazistas) de Berlim, em 1936, e aos velocistas Tommie Smith e John Carlos, que, no pódio dos Jogos do México, em 1968, ergueram seus pulsos cerrados com uma luva negra, gesto anti-discriminatório consagrado pelo movimento dos Panteras Negras.

Homenagem a Tommie Smith e John Carlos no gesto imortal de 1968 (The Washington Post/Getty Images)

I have a dream

Satisfeito de museus, contorne o obelisco de George Washington, visível de quase qualquer parte próxima ao The Mall, e estique a caminhada até o Jefferson Memorial, um panteão neoclássico que abriga a estátua de bronze de 5,8 metros de Thomas Jefferson. Washington e Jefferson foram dois dos sete fundadores dos EUA – e, respectivamente, o primeiro e o terceiro presidentes do país. Washington virou o nome da capital e a efígie da nota de US$ 1. Jefferson, principal autor da Declaração de Independência dos EUA, estampou a rara cédula de US$ 2.

Volte para a esplanada principal do The Mall até encontrar o Martin Luther King Jr. Memorial, no qual o ativista dos direitos dos negros irrompe esculpido de uma pedra de 9 metros de altura. Em 2011, Obama em pessoa inaugurou o monumento, que é cercado de paredes com frases dos discursos de King. E foi logo adiante no The Mall, passando o longo espelho-d’água aos pés do Lincoln Memorial, que o líder negro fez seu discurso mais famoso.

Firme como uma rocha, o legado de Luther King resiste no memorial cercado pelas cerejeiras delicadas (Zoonar D Rosato/AGB Photo/Reprodução)

Na escadaria do opulento templo grego onde se encontra a estátua de Abraham Lincoln, Luther King disse, em 1963: “Eu tenho um sonho que meus quatro filhos um dia viverão em uma nação onde eles não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter.” As crianças certamente cresceram em uma nação menos segregadora, mas sem a presença do pai, assassinado quatro anos depois daquela fala.

Dentro do memorial, as atenções se voltam a Lincoln, aboletado em um trono e bastante sério nas feições. Esculpida em mármore, a escultura pesa 170 toneladas e mede 9 metros, revelando-se bem maior pessoalmente que por foto. À noite, o horário preferido dos habitués, as luzes emprestam um charme extra dentro e fora do memorial, que tem uma vista absurda para o espelho-d’água e o The Mall. Lincoln, 16º presidente dos EUA, liderou o país durante a Guerra Civil, que acabou com a escravidão. Não por acaso, foi eternizado na nota de US$ 5 e virou cenário do discurso de Luther King.

Estátua de Lincoln em seu memorial (Meinzhan/iStock)

À esquerda do monumento a George Washington, o The Ellipse Park permite entrever o gramado sul da Casa Branca, assim como a parte posterior central do palacete, com a varanda arredondada de dois andares. Em uma pernada de três longas quadras contornando o jardim e repartições públicas exteriores à propriedade, chega-se à Pennsylvania Avenue, de frente para a antiga residência presidencial de Obama, Reagan, Bush pai e Bush filho, Bill Clinton (do famoso Salão Oral) e agora endereço das peripécias de Donald Trump.

Cidadãos americanos conseguem visitar a Casa Branca por meio de agendamento com um deputado do Congresso, mas os estrangeiros precisam fazer uma solicitação à embaixada de seu país em Washington, meses antes. Ou seja, dá um trampo visitar Donald Trump. Do lado de fora, grades de ferro isolam os portões dos observadores, mas a vista do edifício é totalmente desimpedida e não há truculência policial.

O local está tão integrado ao centro de Washington que existe um McDonald’s a 250 metros. Fechada para carros, a rua que separa a Casa Branca da Lafayette Square é uma diversão à parte, agitada pelos mais diferentes protestos – quando estive lá, um grupo religioso bradava contra a circuncisão em bebês e crianças.

Casa Branca (Uschools/iStock)

Beleza americana

No outro extremo do The Mall, o Capitólio é o segundo ícone mais visível de Washington – bem mais baixo que o monumento a George Washington (169 metros), mas um tanto elevado pelo morro onde se encontra e muito chamativo no horizonte com sua cúpula clássica. A chegada à parte interna do edifício se dá abaixo do nível da rua, no imponente hall do Visitor”s Center, grande o suficiente para ser uma bilheteria de estádio, mas chique e suntuoso como um shopping de luxo.

As visitas são cheias e concorridas, por isso é preciso reservar com pelo menos um mês de antecedência no site ou retirar a entrada avulsa no próprio dia, sujeita a espera, no balcão de informações do andar inferior do Visitor’s. Para conhecer as galerias do Senado e da Câmara, porém, é necessário um agendamento extra nos balcões de atendimento do Legislativo, no nível superior também do Visitor”s.

Capitólio (Zrfphoto/iStock)

O tour regular do Capitólio começa num anfiteatro amplo e confortável, onde rola o filme Out of Many, One (De Muitos, Um), tradução em inglês do latim E pluribus unum, mote do Grande Selo dos EUA. A seguir, a plateia é dividida em grupos, cada qual com sua guia. Ela distribui fones de ouvidos e conduz a turma com pulso firme – é proibido tocar nas estátuas do percurso. O passeio adentra três espaços: a Cripta, que, apesar do nome, não guarda restos mortais, mas 40 colunas dóricas e 13 estátuas alusivas às Treze Colônias inglesas; o National Statuary Hall, uma sala semicircular com piso e capitéis coríntios de mármore e esculturas de congressistas americanos desconhecidos dos brasileiros; e a Rotunda do Capitólio, a parte interna do domo de 15 metros que é a marca do prédio.

Iluminada pela luz natural das 36 janelas que a circulam, a Rotunda é adornada com o afresco A Apoteose de Washington no teto, 19 cenas da história americana em um friso que imita baixos-relevos, óleos históricos como a Declaração da Independência e estátuas de vultos da política (Washington, Lincoln, Eisenhower, Ford…). Na posteridade, Bush pai, Bush filho, Clinton, Obama e Trump deverão ganhar estátuas no Capitólio, resta saber se algum deles na nobre sala da Rotunda.

Ao sul do The Mall estão as cerejeiras do East Potomac Park. As cerejeiras, aliás, foram um presente da prefeitura de Tóquio, em 1912. Hoje, a floração na cidade é tema de um festival, que, em quatro semanas (entre março e abril), recebe mais de 1,5 milhão de turistas, a maior celebração da primavera americana.

No alvorecer, cerejeira emoldura o Thomas Jefferson Memorial refletido no Tidal Basin (SeanPavonePhoto/iStock)

Do outro lado do Canal Washington (extensão do Rio Potomac), DC ganhou o The Wharf, um bairro moderno contíguo à marina e que lembra os harbours de Sydney, o Tjuvholmen de Oslo e o Puerto Madero portenho. A fórmula – infalível – é mais ou menos a seguinte: caixotes baixos e modernos de uso híbrido, com um idílico promenade e variadas opções de alimentação e lazer no perímetro.

Pois o The Wharf de Washington, acessível pela estação Waterfront do metrô, tem desde a manjada rede de hambúrgueres Shake Shack até um dos restaurantes mais sexys da cidade, o mexicano Mi Vida, passando pela sorveteria local Dolcezza e a casa de shows The Anthem. Sim, o distrito deve se consolidar como o novo fim de tarde badalado da capital. Mas daria para fazer algo parecido na Marina da Glória, por exemplo. O que existe em DC que, infelizmente, estamos longe de conseguir copiar, é reunir tantos vultos, histórias e conquistas dos quais se orgulhar.

No Theodore Roosevelt Island Memorial, dentro dos limites de DC, você pode caminhar entre as árvores ou apenas relaxar ao longo do rio. De lá, vale ir ao restaurante Thai Square, em Arlington, nos arredores de Washington

Sean Alves, Gerente da adega e restaurante District Winery

Experimente a cidade como um nativo. Pegue um café na rede local Compass Coffee e caminhe. Fique atento para ver uma estátua ou um minúsculo museu que não receberá um ônibus lotado de crianças. Se vir um prédio interessante, entre e pergunte o que é. Há um ditado que diz: se quiser um amigo em Washington, pegue um cachorro. Eu discordo! Pergunte de onde as pessoas são, o que estão fazendo ali. Todo mundo tem uma história pra contar.

Sonya Gavankar, Diretora de Relações Públicas do Newseum

GUIA VT

FICAR

Pense em Brasília. Durante a semana a cidade está lotada de congressistas, assessores, lobistas e gente com reuniões marcadas com órgãos do governo. No fim de semana, o movimento arrefece, a ocupação cai, assim como o valor das diárias. Washington DC funciona da mesma forma e, como a maioria das pessoas cá e lá viajam como pessoa jurídica (ou pior, com a contas pagas pelo povo), os preços não são nada convidativos. Há boa oferta de quartos, dos luxuosos aos mais modestos, mas nenhum deles é claramente econômico. Um período um pouco mais acessível são os fins de semana do verão, quando o Congresso e outras instituições estão em recesso.

Ladeado pela Pennsylvania Avenue, artéria mais famosa da cidade, o JW Marriott fica perto da Casa Branca e do Monumento a Washington. Além dos quartos bem-equipados com padrão executivo, tem ótima infra e serve café completíssimo, com ilha de omeletes e outras gulodices.

Ao sul do The Mall, mas bem pertinho, o Holiday Inn Washington Capitol está a duas quadras do Air and Space Museum. Para respirar os ares do novo The Wharf, é uma opção o moderno InterContinental. Entre os econômicos, o Hive tem quartos compactos e está a três quadras da estação Foggy Bottom do metrô.

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COMER

Taverna classuda com ambiente descontraído, a Rare Steak and Seafood, pertinho da Casa Branca, tem uma lagosta memorável, cortes bovinos dry aged e serviço profissa. No The Wharf, o mexicano Mi Vida já vale pelo ambiente, mas não faz feio nas margaritas, tacos e afins. Na hora da sobremesa, guarde-se para a sorveteria Dolcezza, logo ao lado.

Bem autêntico, o The Dabney, nas vielas de Blagden Alley, privilegia fornecedores da região, tem ambiente aconchegante e vive cheio. Complexo de luxo, o CityCentreDC abriga uma filial do badalado Momofuku, do chef David Chang, e um spin off do DBGB, do chef Daniel Boulud, restaurantes originários de Nova York. Mais espartano, o pitoresco Ben’s Chili Bowl é uma instituição turística como os boxes de sanduíche de mortadela do Mercadão paulistano.

PASSEAR

Além dos museus do The Mall e seu entorno, valem a visita, entre outros, a National Portrait Gallery, que tem retratos fresquinhos de Barack e Michelle Obama, um terceiro andar de cair o queixo e a companhia do American Art Museum; a Renwick Gallery; e o tocante US Holocaust Memorial Museum, “para que a história não se repita”, como gostam de dizer seus idealizadores e frequentadores. Além do Capital Bikeshare, serviço que quebra um galho nos deslocamentos do The Mall (longo, mas plano), considere fazer uma pedalada guiada pela cidade, como a conduzida pela Bike and Roll DC.

Washington Metropolitan Area Transport Authority administra os serviços de ônibus e metrô. Como há muito poucas opções de estacionamento próximo às principais atrações, principalmente aquelas próximas ao National Mall (como os museus do Instituto Smithsonian) e ao Congresso, o transporte público é de longe o mais conveniente. Adquira o passe SmartTrip Card para descontos e utilize o site para planejar seus itinerários e para evitar perder dinheiro, já que o Metrobus não dá troco. Há ainda a opção de carregar o cartão para viagens ilimitadas em um dia.

EM MEMÓRIA

Em Arlington, na estação Pentagon do metrô, o 9/11 Pentagon Memorial (24h) homenageia as vítimas do ataque ao Pentágono com 184 bancos de aço sobre lâminas d’água que refletem a iluminação (prefira ir à noite).

Prepara!

 

Melhor época

O período mais turístico é entre o final de março e o começo de abril, no Cherry Blossom Festival, o evento da floração das cerejeiras. O pico da florada varia ano a ano com as condições climáticas, mas ir no começo de abril aumenta as chances de presenciá-lo. No verão, o calor é intenso. No outono, temperaturas e preços caem, e as árvores ganham tons quentes. No poético inverno, a cidade fica mais vazia.

Dinheiro

Dólar.

Língua

Inglês 

Fuso

-2h (horário de Brasília).

Saúde

Nenhuma vacina específica é necessária para entrada no país

Documentos 

É necessário que passaporte seja válido pelo período de permanência nos EUA. Visto também é exigido – saiba como tirá-lo aqui

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