Fundada no século 8 com o nome Heiankyo (“capital da paz e da tranquilidade”), Kyoto urbanizou-se em uma planície ao pé das montanhas, disposta em quadras regulares e segundo as regras do feng shui. A antiga capital do Japão foi poupada dos pesados bombardeiros na Segunda Guerra Mundial, e toda ela é um tesouro de inumeráveis templos religiosos e monumentos dos antigos tempos samurais. O impressionante conjunto valeu à cidade a inclusão na lista de patrimônios da humanidade da Unesco.
São centenas de maravilhosos templos budistas e santuários xintoístas espalhados por uma cidade de vocação tradicionalista. Estimulados pelo governo e comércio locais, mulheres e homens de quimono, por exemplo, são frequentes na cidade, que tem nos arranjos de ikebana uma de suas marcas culturais. As gueixas legítimas (ou geikos) concentram-se no bairro de Gion, em que seguem dedicadas às artes do entretenimento – cantando, tocando música e dançando em reuniões privadas, com o rosto branco e os lábios vermelhos, com indumentária e arranjos de cabelo impecáveis.
A cidade também sedia três dos mais animados e coloridos festivais do país, os ‘matsuris’ Aoi (maio), Gion (julho) e Jidai (outubro) quando milhares de pessoas vestem-se com roupas tradicionais e desfilam pelas ruas e templos da cidade.
Nesse mundo de tradições vivas, uma das experiências fundamentais para o visitante de Kyoto é hospedar-se nos ryokans, dormindo sobre futons em esteiras de tatame. Eles são a quintessência da hotelaria nipônica e aqui você encontrará alguns dos melhores de todo o país. A grande maioria deles serve o kaiseki, um banquete com uma elaborada sequência de pratos que se distinguem por seu sabor, ingredientes, formas de preparo e apresentação. Os menus são sazonais, com sabores ora delicados, ora pujantes.
QUANDO IR
Março e abril, na época da floração das cerejeiras e ameixeiras; verão, para os festivais de verão como o Gion; e entre o final de setembro e novembro, principalmente neste último mês, quando as folhagens outonais tingem a cidade de tons de amarelo e vermelho.
COMO CHEGAR
Kyoto é facilmente acessível via ferroviária com o trem-bala, ou via aérea pelo Aeroporto Internacional de Kansai. Para chegar em Kyoto vindo do aeroporto, as opções são táxis (85 minutos) ou, mais convenientes e baratos, trens (75 minutos). Utilize o serviço expresso JR Express Haruka, que sai a cada 30/60 minutos (dependendo do horário do dia) e custam a partir de ¥ 3600 (cerca de US$ 33,50)
De trem, a principal estação ferroviária da cidade é a JR Kyoto, uma gigantesca estrutura que mescla centro de compras, entretenimento e, sim, transportes. Daqui para Osaka são 15 minutos em trem-bala ou 30 minutos em trem expresso. Tóquio (2h20), Himeji (1h) e Nara (45 minutos) são outros destinos populares. Esta estação faz parte da linha Tokaido/Sanyo de trem-bala shinkansen, que liga Tóquio a Fukuoka, passando por outras importantes cidades como Yokohama, Nagoya e Hiroshima.
COMO CIRCULAR
Kyoto é uma cidade enganosamente simples em sua orientação. A cidade é razoavelmente grande e suas atrações estão espalhadas em toda a mancha urbana. Todo o centro possui um formato em grade, com ruas paralelas. Todavia, outros locais de grande interessante estão nas beiras desse tabuleiro, em bairros com ruas estreitas e tortuosas. Ou seja, o transporte público é essencial para se ter uma boa experiência na cidade.
Há várias linhas de trens urbanos e metrô. Todas são razoavelmente bem sinalizadas em inglês. As companhias Keihan, JR, Hankyu e Keifuku cruzam a cidade em diferentes direções, enquanto que as duas linhas de metrô (Tozai e Karasuma) têm utilidade limitada, cobrindo trechos de leste a oeste e norte a sul.
Já os ônibus são boas alternativas para conhecer o setor noroeste da cidade, para alcançar os templos Ryoanji e o Kinkakuji. Há boa sinalização em inglês, com displays eletrônicos indicando a próxima parada. Para uma melhor orientação, solicite em seu hotel um mapa com as linhas de ônibus existentes.
PASSEIOS
Capital do país por séculos, Kyoto abriga não só um dos palácios imperiais do Japão (o outro está em Tóquio), mas também joias arquitetônicas como a bucólica vila imperial de Katsura Rikyu e o castelo Nijo, onde os xoguns – os generais que detinham o poder de fato –, emitiam ordens para seus vassalos por todo arquipélago.
Entre as centenas de templo, programe-se para o Kiyomizudera, no fim da Sannenzaka-Ninenzaka, ladeira com lojinhas instaladas em casas de madeira – uma marca de Kyoto. Erguido no século 8, reconstruído em sua forma atual no 17, é uma obra de arte da marcenaria, sustentado na encosta da montanha Higashiyama por 139 pilares de cipreste, sobre os quais corre um balcão de tábuas encaixado. Nenhum prego foi usado. Em obras de restauração, será reaberto em 2020.
Ainda nesta região está o Sanjusangendo, templo horizontal de cerca de 120 metros, dividido em 33 colunas, que abriga nada menos que 1 001 imagens douradas de Kannon, cada uma delas com 11 cabeças e 40 braços. Outro é Ginkakuji, conhecido como o Templo de Prata.
A noroeste da cidade, o fica o Kinkakuji, conhecido como Templo do Pavilhão Dourado. Folheado a ouro, a réplica reluz sob o sol e espelha seus dois andares no lago em frente, cercado por um lindo jardim. Perto está o jardim de pedras Ryoanji, do século 15. No distrito de Nakagyo há dois passeios bem pitorescos: o mercado Nishiki, repleto de lojas de utensílios de cozinha e comidinhas, e a ruela Pontocho, cheia de bares, um dos centros da boemia de Kyoto. Dez minutos de caminhada dali fica o tradicional bairro de Gion, onde circulam as gueixas.
ONDE FICAR
Como uma das principais cidades turísticas do Japão, as diárias aqui são relativamente mais caras que no resto do país, e a procura por quartos é bem alta. Se você planeja uma visita entre março e abril, período de florescimento das cerejeiras, ou em outubro/novembro, época das folhagens de outono, planeje-se com antecedência. A cidade oferece uma ampla variedade de tipos de hospedagem, de albergues despretensiosos e baratos a hotéis de quatro e cinco estrelas com todas as mordomias esperadas por um turista ocidental. Entre as opções estão o confortável Rihga Royal, a poucos minutos a pé da estação ferroviária, que mescla estilo japonês e ocidental e tem seis restaurantes, com comida japonesa, chinesa e francesa. Mais na vibe japonesa, o novinho e minimalista Saka fica num pedaço tranquilo da Higashiyama, perto do Kiyomizudera.
No entanto, se quiser ter uma noite no melhor estilo japonês, gaste um pouco mais de dinheiro e invista em um ryokan, hospedagens onde você dorme sobre futons e tatamis e pode provar o melhor da gastronomia local. Vale cada centavo.
ONDE COMER
Como principal bastião da cultura japonesa, Kyoto é o local onde se prova boa parte do melhor da gastronomia tradicional. Bons restaurantes necessitam reservas com antecedência. Infelizmente muitas das melhores casas não estão preparadas para receber o turista estrangeiro, pois são pequenas e bem familiares. Para não ter erro, rume para o Gion, ajeite-se no tatame do Mametora e delicie olhos e estômago com os sushis servidos em caixinhas de madeira. Mesmo efeito provocam os doces japoneses, lindamente embalados, da Kanshundo, que oferece um cursinho rápido para aspirantes a doceiros. O Fortune Garden tem cozinha francesa num prédio clássico da cidade, com jardim de bambu e lago com carpas.
DOCUMENTOS
Para tirar o visto, brasileiros devem preencher o formulário próprio e apresentar a documentação, que inclui o cronograma de viagem e reserva da passagem. A validade é do visto é três meses para uma única entrada. O passaporte deve ser válido para o período de estadia.
DINHEIRO
A moeda oficial é o Iene.