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Bangkok: melhor época, hotéis, restaurantes, passeios e mais

Por Adrian Medeiros
Atualizado em 31 ago 2021, 16h44 - Publicado em 4 out 2011, 13h20

Atualizado em julho de 2019

Na capital da Tailândia, descubra um novelo de contrastes entre o Oriente e o Ocidente: na mesma cidade onde monges têm lugar reservado nos ônibus, bancas de comida ocupam as calçadas sem cerimônia e tuk-tuks zunem por vielas estreitas também há shoppings descomunais, bares no topo de arranha-céus e restaurantes de alta gastronomia. Nessa megalópole imensa, frenética, quente e populosa, coexistem a religião e o paganismo, as tradições ancestrais e a modernidade, a beleza e o caos, e enxergar o ponto de equilíbrio é impossível para um marinheiro de primeira viagem. E nisso reside o seu maior poder de sedução.

Fazer uma massagem tradicional tailandesa dentro do suntuoso templo Wat Pho, encher as sacolas no maior mercado do mundo, o Chatuchak, traçar quitutes desconhecidos nas ruas de Chinatown e tomar umas em um terraço a céu aberto no 61° andar de um edifício estão entre as experiências que você vai ter por lá.

QUANDO IR

A alta temporada vai de novembro a março, o inverno tailandês, quando chove pouquíssimo e os dias são ensolarados. Abril é o mês mais quente do ano, quando a temperatura passa dos 35 graus e acontece o festival Songkran, o ano novo tailandês. A temporada das monções vai de maio a outubro (sendo setembro o mês mas úmido), época em que pode chover quase todo dia e tempestades ocorrem com frequência.

COMO CHEGAR

O Suvarnabhumi Airport, o aeroporto internacional de Bangkok, fica a 30 km de Rattanakosin, o centro antigo da cidade. Além de receber voos do mundo todo, ele é um importante hub aéreo na região. Do Brasil, chega-se com companhias como a Emirates (via Dubai), a Qatar (via Doha), a Ethopian Airlines (via Adis Abeba) e a KLM (via Amsterdã).

O aeroporto é ligado à cidade principalmente pelo Bangkok Airport Rail Link, que se conecta ao BTS, sistema de trens suspensos, útil para quem vai ficar hospedado nas partes novas da cidade, em bairros como Silom e Sukhumvit. Para ir ao centro antigo, o melhor é tomar um táxi, que sai cerca de 500 bath. Se tiver viajando pelo Sudeste Asiático, voos de companhias locais como a Air Asia e a Nok Air podem chegar no Don Mueang Airport, a 26 km do centro antigo – vá de táxi.

COMO CIRCULAR

Várias áreas de Bangkok são circuláveis a pé, principalmente dentro dos bairros. Táxis são baratíssimos, mas a comunicação pode ser difícil – é mais prático comprar um chip pré-pago (os da operadora True são vendidos no aeroporto) para poder chamar carros pelo aplicativo Grab (o Uber local). O sistema de ônibus é eficiente mas pode ser desafiador desvendar as rotas; vale só para turistas mais aventureiros.

O trem suspenso BTS é interessante para ir a lugares como o mercado Chatuchak, a região de Bangrak (onde está o famoso Sky Bar, entre outras coisas) e os shoppings da região de Siam. O enxuto sistema de metrô é pouco útil a turistas, a não ser para ir até a estação de trem Hua Lamphong. Há também barcos que circulam pelo rio Chao Phraya, que corta a cidade – há diversas estações nas margens. Tuk-tuks parecem divertidos, mas são furada: motoristas abusam nos preços para turistas e ainda podem fazer paradas indesejadas pelo caminho.

PASSEIOS

Rattanakosin (centro antigo)
Comece o passeio pelo centro antigo às 8h30, hora que abre o Grand Palace – mais tarde, apinhado de turistas, ele perde um pouco da magia. Construído a partir de 1782 e por 150 anos a residência do rei e sede administrativa do governo tailandês, o palácio é hoje usado apenas para cerimônias especiais. São várias construções diferentes, a maior delas o Chakri Mahaprasat (Grand Palace Hall), cujo exterior é uma peculiar mistura de arquitetura renascentista italiana com a tradicional tailandesa. O complexo inclui o templo Wat Phra Kaew, que guarda o louvado Buda com olhos de esmeralda.

Bem próximo fica o Wat Pho, o templo mais interessante da cidade. Um gigantesco Buda deitado com 46 metros de comprimento aparece na construção principal protegido por pilastras e paredes impecavelmente pintadas. Saindo de lá, explore o complexo, com fileiras de Budas dourados, pequenos oratórios e 91 stupas (estruturas em forma de torre ou sino) decorados com mosaicos coloridos. Ali também fica a principal escola de massagem tailandesa do país, onde você pode ser introduzido à técnica em sessões de 30 minutos ou 1 hora. Pertinho do templo há o mercado Pak Khlong Talat, com bancadas com quilos e mais quilos de flores, soltas e em arranjos, que se alastram numa área coberta e pela rua. Curiosamente, o horário pra ver o mercado em plena ação é de madrugada, mas também há movimento durante o dia. Do outro lado do rio, a uma curta travessia de barco, o templo-cartão-postal Wat Arun desponta na paisagem com seu “prang” (espécie de torre) de 70 metros de altura ricamente detalhado. Repare nos ornamentos no interior do templo, com belas flores vermelhas e fundo branco.

Há dois museus no centro antigo que vale conhecer. Um deles é o Bangkok National Museum, que abriga a maior coleção de arte e artefatos tailandeses do país em três alas diferentes com boas descrições em inglês. O prédio principal tem um salão enormes só com estátuas de Budas, de todos os tamanhos e idades. O outro é o Museum of Siam, que tem instalações high-tech que ajudam a desvendar a complexa cultura tailandesa, da realeza ao budismo, moda, comida e história.

Ainda no centro antigo, a Khao San Road é o epicentro do turismo gringo em Bangkok: uma rua com pouco mais de 500 metros que pode provocar amor e ódio em intervalo de minutos. Agências de turismo, estúdios de tatuagens, hotéis fuleiros, lojas de conveniência, camelôs que vendem de roupas estampadas a carteiras de motorista falsas e bares que servem drinques em baldes disputam a atenção dos mochileiros. À noite, a rua vira uma grande festa, com um bar disputando o volume do som com o outro.

Um pouco mais ao norte, há mais dois templos bacanas para ver. O Golden Mount, ou Wat Saket, é alcançado por 300 degraus que deixam ver a cidade do alto. Uma stupa imensa e dourada de 58 metros coroa o conjunto, com pequenos altares para venerar o Buda. Dizem que dá sorte tocar todos os sinos que têm na subida. Desça e caminhe até o Wat Ratchanatda, onde fica o Loha Prasat, uma estrutura com com 36 metros de altura, 37 pináculos (que representam as virtudes pra chegar à iluminação do budismo), e teto coberto por azulejos de bronze. Lá dentro há espaços para meditação e um mirante.

Chinatown
A porta de entrada para a Chinatown de Bangkok é o belo Wat Traimit, um templo de fachada singular que protege uma das maiores estátuas de ouro do Buda do mundo. Dali o movimento converge para a Yaowarat Road, que tem calçadas lotadas de lojas de bugigangas chinesas e à noite é um dos melhores points de comida de rua da cidade. Uma travessa da avenida paralela, a Rama IV Road, chamada Soi Nana (importante: não confunda com a Soi Nana das casas de pompoarismo) concentra bares hipsters com preços ocidentais como o Teens of Thailand e o El Chiringuito.

Atravessando o rio com o barquinho que sai do píer ao lado do restaurante Chinatown Riverview Seafood, você pode visitar o Lhong 1919, lugar que revitalizou um conjunto de galpões e um templo chinês do século 19. Agora há lojas de design com perfumes, artigos de decoração, roupas, entre outros produtos, e mais barraquinhas de comida, murais de grafite, um hall para exposições de arte e restaurantes.

Bares rooftop
Bangcoc é lotada de arranha-céus, e seus terraços, a maioria deles em hotéis, ganharam dezenas de bares para tomar drinques e admirar as luzes da cidade do alto. O Sky Bar do Lebua at State Tower é o rooftop mais famoso da cidade porque apareceu no filme Se Beber Não Case 2 – e porque a vista é realmente vertiginosa. Outra opção é pegar uma balsa até o Sathorn Pier (ou Saphan Taksin), descer e procurar o barco shuttle para o hotel Millenium Hilton Bangkok, onde ficar o bar ThreeSixty, com outro panorama de tirar o fôlego. Há também o chiquezinho Vertigo, do hotel Bayan Tree, no 61° andar do edifício, cujo restaurante serve bons frutos do mar.

Mercados flutuantes
Essas feiras afastadas do centro funcionam nos fins de semana ao redor de canais, com produtos sendo vendidos “em terra” e em barcos. O mais famoso é o imenso e fotogênico Damnoen Saduak, vendido como destino de tour pelas agências de viagem da cidade, a 100 km de Bangkok. É turístico à beça: peça para ir bem cedo para escapar das multidões. Outro com a mesma vibe é o Amantawa, a 90 km da cidade. Mais autêntico é o Taling Chan, com estandes de bambu vendendo peixes, frutas e doces, mesas ocupadas por famílias tailandesas fazendo almoço de domingo e barquinhos que te levam pra observar a vida como ela é entre os habitantes das margens dos canais. O melhor é que fica apenas a 10 km do centro e dá para ir de táxi.

Ayutthaya
A 90 km de Bangkok, é o bate-volta mais óbvio a se fazer. Fundada em 1350 na confluência de três rios, Ayutthaya foi a segunda capital do Reino de Sião (antigo nome da Tailândia), depois da cidade de Sukhothai e antes de Bangkok, e tornou-se um grande centro de diplomacia e comércio na Ásia. A cidade foi invadida pelo exército birmanês (do atual Myanmar) em 1767, que a incendiou por completo e forçou os habitantes a abandoná-la. O que você vê hoje por lá são as ruínas de templos e palácios que restaram dos tempos de glória, como o Wat Yai Chai Mongkol, com dezenas de estátuas de Buda, e o Wat Phra Si Sanphet, com suas três impressionantes stupas. Dá para ir de trem e circular de bicicleta ou, para facilitar, comprar um tour.

COMPRAS

O rei dos mercados em Bangkok é Chatuchak, com nada menos de 8 mil estandes, abertos aos sábados e domingos. O lugar é impressionantemente ajeitado e tem lojinhas bonitinhas com roupas, artigos de decoração, sabonetes, velas, acessórios para animais (!), livros, antiguidades, obras de arte, entre mil outras coisas. É tão grande que nem vale a pena ficar pirando no mapa: vá segundo seus instintos pelas vielas de produtos. Bem perto fica o JJ Green, que funciona de quinta a domingo a partir das 18h. Ele é ligeiramente mais hipster e tem bares com música ao vivo entre as bancas de produtos. Outro mercado noturno interessante é o Ratchada Rot Fai Train, perto da estação de metrô Cultural Centre, que rola todas as noites. Tem desde as calças e vestidos com estampas étnicas que você vê em todo lugar até na Tailândia até coisinhas de decoração descoladas.

Até uma ida prosaica ao shopping pode ter uma dose de exotismo em Bangkok. O MBK é um monstruoso prédio de seis andares onde há basicamente tudo – um dos andares é dedicado a câmeras e equipamentos fotográficos com bons preços. A praça de alimentação é ótima, com estandes enfileirados com pratos típicos e descrições inteligíveis em inglês. O shopping Siam Discovery tem design arrojado pensado por uma empresa japonesa e andares temáticos cheios de butiques diferentonas, além da filial de Bangkok do restaurante Jamie’s Italian. O Terminal 21, na saída da estação Asok do BTS, é outro shopping bacana com lojas conhecidas da gente como H&M e Adidas.

ONDE FICAR

Para quem está indo pela primeira vez, o ideal é se hospedar no centro antigo para sentir uma Bangkok mais autêntica, estar mais perto dos principais templos e ainda curtir a área ao redor do rio. Há uma profusão de hostels e pousadas baratinhos espalhados por ali. Mochileiros vão gostar do Here Hostel, com um jardim com piscina bom para socializar, e do Vivit Hostel, com instalações novinhas e bem decoradas. Quem quer pagar pouco mas dispensa o beliche pode optar pelo Baan Noppawong, pousada instalada em uma casinha tradicional tailandesa, e o Feung Nakorn Balcony, com quartos bons para quem vai em grupo.

Com uma dose a mais de charme, a Old Capital Bike Inn é uma pousada estilosíssima com ares retrô – bicicletas tematizam a decoração. Quem não abre mão de piscina (coisa esperta nessa cidade quente), pode checar os vizinhos Riva Surya, com um terraço debruçado sobre o rio, e o Navalai River Resort, com uma agradável cobertura. Para conforto cinco-estrelas, veja o Avani Riverside, com uma piscina altamente instagramável no rooftop. Para um hotel estilo refúgio urbano, o The Raweekanlaya tem jardins impecáveis e quartos com banheiras. Chinatown tem algumas opções diferentonas de hospedagem, como o Loy La Long Hotel, em uma casa histórica com varandinhas que dão para o rio, e o 103 Bed and Brews, ligado a uma cervejaria artesanal.

Na região de Siam há hostels também, como o Cubic Bangkok – se você estiver só de passagem pela cidade para pegar um voo, por exemplo, convém ficar por aqui para ter acesso às estações do BTS. O Nine Design Place tem preço esperto, instalações aprazíveis e staff atencioso. Entre os hotéis de luxo, o Lancaster Bangkok tem academia, spa, restaurante e bares.

No distrito de Bangrak, próximo do centro antigo e também de uma porção de lugares interessantes para comer e beber, há hotéis de luxo como o Mandarin Oriental, que tem restaurantes deslumbrantes à beira-rio, e o W Bangkok, com quartos moderninhos como referências locais como almofadas que imitam luvas de muay thai decorando as camas.

O suprassumo do luxo na cidade é o The Siam, à beira-rio e cerca de 4 km do centro antigo. Cada uma das 39 acomodações é temática, decorada com camas tradicionais chinesas, cerâmicas tailandesas antigas e até colunas trazidas de Myanmar. Há piscina, spa, restaurante e um centro particular para fazer a sak yant, a famosa tatuagem sagrada tailandesa.

ONDE COMER

A alma da gastronomia tailandesa está nas ruas, em barracas ou pequenos estabelecimentos familiares em que você senta em banquinhos de plástico e muitas vezes não sabe ao certo o que está comendo pela dificuldade de comunicação (ainda que a maioria dos menus tenham explicações simples em inglês). É preciso ter cerca tolerância com pimenta, é verdade, já que mesmo pedindo mai phet (“não picante”), os pratos ainda podem vir bem apimentados. Para além de disso, a cidade tem de tudo: de hamburgueria gourmet a restaurantes de alta gastronomia francesa. Alguns dos melhores restaurantes da Ásia estão ali.

No centro antigo, cada lugarzinho tem sua especialidade: o Krua Apsorn é o lugar certo para provar o clássico omelete com carne de siri, o Sae Phun, para ensopado de frango com arroz, o Rat Na Yot Phak, para sopa de noodles com carnes e frutos do mar, o Kim Leng, para mee krop, ou noodles crocantes, e o Kor Panich, para manga com arroz doce, a sobremesa clássica tailandesa. O Thipsamai é conhecido por um dos melhores pad thai (macarrão de arroz com broto de feijão, amendoim e ovo que pode ser acompanhado de camarão, frango ou porco) da cidade: chegue às 17h, hora em que abre, para evitar as filas. Em tempo: note que muitos locais não tem site, mas você os encontra com horário de funcionamento no Google Maps. Para vegetarianos, o Ethos Vegetarian and Vegan Restaurant serve hambúrgueres feitos com grãos, homus, falafel, massas e saladas pertinho da Khao San Road.

Para comer no famoso Jay Fai, o único restaurante de rua com uma estrela no Guia Michelin de Bangkok, é preciso ter paciência e estar disposto a pagar cinco vezes mais. A excêntrica chef que cozinha com óculos de natação e já figurou em programas de TV e Netflix mundo afora, é famosa principalmente pelos curries e omeletes com carne de siri – chegue por volta das 11h da manhã para colocar o nome na lista de espera.

Para comer à beira do rio Chao Phraya, o Steve Café, ao norte do Grand Palace, é escondidinho e delicioso, com comida tradicional (não se engane, o Steve é tailandês). Mais arrumadinho é o Supanniga Eating Room (Tha Tian), com bela vista para o Wat Arun e receitas familiares tailandesas feitas com ingredientes de qualidade a preços módicos. Para um jantar luxuoso acompanhado de uma apresentação de dança tradicional, vá ao Sala Rim Naam, no hotel Mandarin Oriental.

Para além do centro antigo, Bangrak tem uma porção de restaurantezinhos ali há muitas décadas, como o Prachak Pet Yang, conhecido pelo melhor pato assado de Bangkok (cujo prato sai menos de R$ 10), e o Som Tam Jay So, que tem preparações típicas do nordeste da Tailândia como salada de papaya e peixe recheado com ervas.

Para variar o cardápio, o moderno Eat Me, um dos restaurantes mais bacanas da cidade, tem influências diversas da gastronomia internacional com pratos como “short-rib” wagyu com tomate e queijo pecorino. Mais ao norte está o Gaggan, estrela dos rankings de melhores restaurantes do mundo, que serve o inventivo menu-degustação do chef indiano em uma experiência sensorial inesquecível. Em um ambiente pomposo que poderia fazer parte de um templo tailandês, o Sra Bua by Kiin Kiin mostra o olhar do chef dinamarquês Henrik Yde Anderson sobre a culinária local. Para uma versão gourmetizada de um mercado tailandês, o Eathai, na praça de alimentação do complexo Central Embassy, tem bancas e restaurantes arrumadinhos, ambiente com ar condicionado e mesas amplas.

DOCUMENTOS

Brasileiros não precisam de visto para até 90 dias de permanência. O passaporte deve ter pelo menos seis meses de validade a partir do início da viagem.

DINHEIRO

A moeda oficial é o Bath tailandês (THB) (US$ 1 = 30 bath).

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