J. Borges ganha exposição em Ribeirão Preto

Mostra de um dos xilogravuristas mais importantes do Brasil entra em cartaz no Centro Cultural SESI Ribeirão Preto

Por Da Redação
28 set 2024, 12h00

Exposição J. Borges. Xilogravura Forró Nordestino

O imaginário popular do Nordeste está presente em símbolos e figuras talhadas por J. Borges, xilogravurista, poeta e cordelista pernambucano que faleceu em julho, aos 88 anos. Sua obra será celebrada na exposição gratuita J. Borges – O Mestre da Xilogravura, no Centro Cultural Sesi Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, a partir de 4 de outubro.

Borges foi Patrimônio Vivo de Pernambuco, em 2005, e suas obras já foram expostas em países como Alemanha, Suíça, Itália, Estados Unidos, Venezuela, Cuba e França. A mostra em Ribeirão Preto trará uma coletânea de 44 xilogravuras, sendo oito delas até então inéditas, junto a outras 28 importantes obras da carreira de J. Borges. Os temas retratados simbolizam a trajetória de vida do artista.

Exposição J. Borges, Xilogravura Serviços do Campo — Antes de obter reconhecimento, o artista vendia suas gravuras na feira de Caruaru (SESI Ribeirão Preto/Divulgação)

Também farão parte da mostra duas obras assinadas por Pablo Borges e Bacaro Borges, filhos e aprendizes do artista, além da exibição de uma cinebiografia sobre sua vida e obra, assinada pelo jornalista Eduardo Homem.

Os visitantes vão apreciar obras de diversas fases de sua história, identificadas pelos temas: Viagem a Trabalho e Negócios, Serviços do Campo, Plantio de Algodão, Forró Nordestino, Plantio de Cana, Feira de Caruaru, Carnaval em Pernambuco e Festa dos Apaixonados.

A poesia popular tem lugar na exposição, que reserva um espaço dedicado especialmente à sua literatura de cordel. Cordelista por mais de 50 anos, J. Borges tem versos que tratam do cotidiano do agreste, de acontecimentos políticos e fatos lendários, folclóricos e pitorescos da vida.

Exposição J. Borges, Xilogravura Viagem a Trabalho e Negócios — As xilogravuras não apresentam uma preocupação rigorosa com perspectiva ou proporção (SESI Ribeirão Preto/Divulgação)

Equilibrando cheios e vazios com maestria, J. Borges desenhava direto na madeira, sem a produção de esboços, estudos ou rascunhos. O título da peça é o mote para criar o desenho, onde as narrativas do cordel têm espaço na imagem da gravura. O fundo da matriz, talhado ao redor da figura, recebia aplicação de tinta e resultava em um fundo branco com uma imagem impressa em cor.

A originalidade, irreverência e personagens imaginários são notáveis nas suas obras. Os temas mais recorrentes em seu repertório são o cotidiano da vida simples do campo, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios, os milagres, crimes e corrupção, os folguedos, a religiosidade, a picardia, enfim todo o rico universo cultural do povo nordestino.

Xilogravurista J. Borges — J. Borges ilustrou mais de 200 cordéis ao longo da vida (Memorial J. Borges/Divulgação)

A exposição já foi apresentada no Centro Cultural FIESP, em São Paulo, e nas unidades do SESI em Campinas, São José do Rio Preto, Itapetininga e São José dos Campos.