Galeria do Rock, uma sessentona amada pela contracultura em SP

Criada como um espaço para comércios tradicionais e dominada por alfaiates, galeria abraçou nova identidade nos anos 1990 e está sempre se reinventando

Por Maurício Brum
Atualizado em 7 jun 2025, 14h42 - Publicado em 10 jun 2024, 10h00
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Galeria comercial inaugurada em 1963 perdeu espaço para os shoppings, mas foi "salva" pelo rock (Mike Peel/www.mikepeel.net/Wikimedia Commons)
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O nome original deixa clara a ideia que guiou a construção do espaço, inaugurado no começo dos anos 1960: Centro Comercial Grandes Galerias. Situada na avenida São João (e com entrada também pela 24 de Maio), região central de São Paulo, o local concentrava diferentes estabelecimentos que nem sonhavam com o nome pelo qual o prédio se tornaria conhecido décadas mais tarde: Galeria do Rock.

Pois é: quando esse ponto tão frequentado da capital paulista surgiu, o rock’n’roll até podia estar em ascensão, mas o que ocupava mesmo os corredores eram lojas de roupas, alfaiatarias, salões de beleza e outros comércios mais tradicionais. Foi só a partir dos anos 1980 que o perfil mudou de vez, fazendo jus ao nome popular dado ao prédio de sete andares.

Retomada pela contracultura veio do “abandono” da galeria

O que mudou para sempre a história desse espaço foi a proliferação de outro ambiente comercial que caiu nas graças dos paulistanos, e dos brasileiros de modo geral: pouco tempo depois da inauguração, já nos anos 1970, compradores e vendedores deixaram para trás as galerias tão populares no passado e migraram para os shopping centers.

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Pisos em mosaico e curvas são marcas registradas da arquitetura da Galeria do Rock (Mike Peel/www.mikepeel.net/Wikimedia Commons)

Desvalorizado e degradado, o prédio passou cinco anos praticamente abandonado até cair nas graças de um público bem diferente: os punks. Em 1976, a abertura da loja de discos Wop Bop começou a dar nova cara ao lugar, que pouco a pouco se tornou um espaço de música e contracultura.

No início, a mudança não foi bem-vista pelos proprietários. Junto com os novos frequentadores, surgiram também pontos de comércio de drogas ilícitas e brigas. Houve até a tentativa de banir por completo as lojas musicais do que viria a ser a Galeria do Rock, mas o movimento havia se tornado inevitável – nos anos 1990, com regras e fiscalizações mais rígidas para garantir a segurança, o lugar abraçou definitivamente sua nova identidade.

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Galeria do Rock se fortalece nos anos 1990

Um dos nomes centrais para a mudança de posição na galeria foi Antonio de Souza Neto, o Toninho da Galeria, que desde os anos 1970 mantinha um estúdio de fotografia no edifício. Síndico do prédio em sucessivas gestões que transformaram o espaço, ele capitaneou a transformação da Galeria no Rock em um espaço de celebração das culturas urbanas.

Hoje, o prédio histórico – tombado pelo patrimônio da cidade em 1992 – vai além do gênero musical que dá o nome popular ao espaço, mas segue com um dos seus bastiões musicais, a loja Baratos e Afins – o acervo é organizadíssimo. Skatistas, otakus, amantes do hip hop, pessoas em busca de uma nova tatuagem ou de mais furos para colocar um piercing, todos encontram algum estúdio ou loja para atender seus interesses. Estamparias e serigrafias também ocupam salas nos corredores, assim como cabeleireiros especializados em cortes e penteados afro. E tênis, muitas, inúmeras e variadas lojas de tênis.

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Ainda assim, as lojas de discos, pôsteres e camisetas de bandas continuam sendo as grandes estrelas que emprestam fama à galeria. É possível encontrar LPs, CDs, DVDs e outras mídias – algumas, verdadeiras relíquias – de diferentes épocas, além de canecas, bonés, miniaturas, instrumentos e vários outros itens remetendo aos seus artistas favoritos.

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A galeria também se destaca por sua arquitetura singular, com destaque para as curvas na fachada, o piso em mosaico e as aberturas monumentais que deixam entrar a luz natural, ideias que vieram dos arquitetos Ermanno Siffredi e Maria Bardelli.

Estima-se que a Galeria do Rock receba mais de 25 mil pessoas todos os dias, em média, deixando para trás os tempos sombrios em que o lugar chegou a ser visto como perigoso demais para paulistanos e turistas.

Novidades na galeria

Nos últimos tempos a galeria ganhou novos empreendimentos, um deles é um bar no terraço que funciona apenas aos sábados das 11h às 17h e, a partir das 14h, rola música ao vivo. A entrada custa R$ 30 e inclui uma cerveja ou refrigerante (confira a programação). Outra novidade é o Galeria Rock Bar, no subsolo do edifício, que serve o tradicional sanduíche de pernil no pão francês e o croquete de carne-seca com geleia de pimenta-dedo-de-moça. Tanto o terraço quanto o subsolo são empreendimentos do Grupo da Cidade, que também administra o Boteco 28, no Farol Santander.

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Serviço

Galeria do Rock
São João, 439 (2ª/6ª 9h/19h e sábado 9h/18h).
A estação do metrô República (linhas 3-Vermelha e 4-Amarela) é a que deixa mais perto.
Acompanhe a agenda no Instagram da Galeria.
Aproveite o passeio para também dar um pulo no Sesc 24 de Maio que fica quase em frente e teve o projeto de requalificação assinado por Paulo Mendes da Rocha.

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