Forte da Laje: “Alcatraz brasileira” fica na entrada da Baía de Guanabara

Fortificação de quase 400 anos no Rio de Janeiro foi prisão para figuras históricas do país, como José Bonifácio e Olavo Bilac

Por Maurício Brum
Atualizado em 18 jun 2025, 14h15 - Publicado em 18 jun 2025, 14h00
Forte da Laje fica em localização deslumbrante, mas era local de desterro para inimigos do poder (Cyro A. Silva/CC BY 2.0/Wikimedia Commons)
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Na entrada da Baía de Guanabara, uma estrutura que há vários séculos se ergue sobre uma pequena ilha de pedras chama a atenção das embarcações que passam por ali e de quem aprecia a paisagem do topo de pontos famosos da vizinhança, como o Pão de Açúcar. É o Forte Tamandaré, mais conhecido como Forte da Laje.

Estabelecida pela primeira vez em 1644 e tendo passado por processos de reconstrução desde aquela época, a pequena fortificação exerceu função dupla ao longo dos mais de 380 anos desde que foi erguida: por um lado, com auxílio de peças de artilharia, ajudava na defesa do Rio de Janeiro; por outro, no que acabou sendo sua função principal com o tempo, serviu como uma prisão – o que, por ficar em uma ilha, rendeu-lhe o apelido de “Alcatraz brasileira”.

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O Alcatraz brasileiro está na Baía de Guanabara e guarda segredos sombrios. Você já ouviu falar no Forte da Laje? #fortedalaje #misteriosdobrasil #historiabrasileira #riodejaneiro #fortalezas #lugaresincriveis #turismohistorico #descubramisterios #alcatrazbrasileiro #curiosidades

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História sombria e romântica

A história original do uso da ilha é ainda mais antiga: quase um século antes, em 1555, franceses tentaram estabelecer por ali uma bateria – nome dado a pequenas plataformas defensivas com canhões – que não foi adiante. Depois, com o território já reconquistado por Portugal, o uso militar se manteve, mas a estrutura ganhou elementos de fortaleza, o que também permitiu sua reapropriação como uma prisão.

Erguida em uma pequena elevação sobre o mar, a construção foi considerada um pequeno triunfo de engenharia em seu tempo, empregando o óleo de baleia – tradicional impermeabilizante da época – para garantir um reforço estrutural. O grosso das obras só foi concluído em 1716, e outros trabalhos precisaram ser feitos com o tempo, melhorando a estrutura para receber o peso de canhões ou para reformar os estragos feitos em batalhas ao longo dos anos, como na Revolta da Armada, no fim do século 19.

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O Forte da Laje visto de cima (Alex Petrenko/CC BY-SA 3.0/Wikimedia Commons)

Mas o aspecto mais notável acerca da “Alcatraz brasileira” foi mesmo seu uso como prisão. Figuras notáveis da história brasileira estiveram detidas no local, como José Bonifácio e Cipriano Barata, personagens importantes na Independência do país que logo se tornaram mal vistos pelo novo Império; Bento Gonçalves, líder revoltoso da Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul; ou o poeta Olavo Bilac, preso em 1893 após tecer críticas ao então presidente Floriano Peixoto.

Apesar do epíteto, o Forte da Laje só se parecia a Alcatraz na questão de ser uma cadeia localizada em uma ilha – diferentemente da prisão de segurança máxima na costa da Califórnia, famosa por ser praticamente à prova de fugas, a fortaleza carioca registrou várias escapadas a nado ao longo dos anos, favorecidas pela distância relativamente curta até as praias mais próximas.

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O Forte da Laje seguiu sendo usado como prisão – frequentemente por razões políticas – até meados do século 20, época em que adotou o nome oficial de Forte Tamandaré. Ele só deixou de ter um efetivo militar em 1997, e hoje sofre com um relativo abandono que coloca em risco boa parte do patrimônio histórico.

É possível visitar?

O Forte da Laje não está aberto para visitação regular por civis, então é preciso consultar previamente com as autoridades responsáveis sobre a disponibilidade de aberturas para eventuais visitas guiadas.

A Fundação Cultural do Exército Brasileiro (Funceb) orienta entrar em contato pelos telefones (21) 2519-5580 ou (21) 2519-5599 para fazer um pré-agendamento. Informações adicionais de contato podem ser obtidas no site do Centro de Capacitação Física do Exército (CCFEX), sediado na vizinha Fortaleza de São João, atual responsável pela estrutura.

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