Roteiro para um fim de semana em Brasília
Além dos velhos cartões-postais e da profusão de arquitetura moderna, uma seleção de mirantes, restaurantes e bares que são marca-registrada da capital
Para quem ainda não conhece a capital federal, é uma ótima ideia aproveitar as promoções de passagens nacionais para passar uns diazinhos lá. Brasília vem recebendo uma série de atrativos nas últimas décadas e mostra-se uma cidade interessante com gastronomia turbinada, vida noturna animada e seus bons e velhos cartões-postais e profusão de arquitetura e arte moderna. Veja o que fazer em um fim de semana:
SEXTA-FEIRA
Tarde – A palavra de ordem é: carro. Já tenha o seu reservado quando chegar no aeroporto. Infelizmente, Juscelino Kubitschek fez uma cidade para automóveis, pouquíssimo amigável ao pedestre e ao ciclista. Para entender um pouco mais sobre a história da cidade e seu criador, comece a visita pelo Memorial JK, que tem no acervo fotos, livros, documentos e os próprios restos mortais do ex-presidente.
Noite – Brasília é repleta de filiais de redes paulistanas e cariocas. Um deles é o Baby Beef Rubaiyat, no Setor de Clubes, com vista matadora para o Lago Paranoá. Para algo mais local, vale conhecer o classudo italiano Trattoria da Rosario. O chef napolitano Rosario Tessier escolhe os pescados do dia, finaliza os pratos e passeia pelas mesas.
SÁBADO
Manhã – Mesmo se não ficar para a missa matinal, dê uma espiadinha no Santuário Dom Bosco, que tem vitrais azulados do chão ao teto. No centro da igreja, um impressionante lustre formado por 7400 copos de vidro contribui para a luz especial e colorida do ambiente. Explore o coração do Plano Piloto, começando pelo Congresso Nacional – chegue cedo pra pegar os primeiros tours de visitação, que levam pela Câmara e pelo Senado. Já para entrar no Palácio do Itamaraty é preciso reservar – o interior do prédio impressiona pela coleção de arte e pelo mobiliário de madeira de jacarandá do século 18. Ainda no Eixo Monumental, passe na Catedral Metropolitana, talvez o auge da ambição de Niemeyer da cidade, e no Museu Nacional. Aos poucos você vai se acostumando com a constante inserção de arte moderna nos espaços da capital: esculturas de Alfredo Ceschiatti e Bruno Giorgi, vitrais de Marianne Peretti, telas de Cândido Portinari e Di Cavalcanti e paineis de Athos Bulcão, entre outros, estão por toda parte.
Almoço – Com preços honestos e ambiente relaxado, o Nossa Cozinha Bistrô tem receitas que o chef Alexandre Albanese trouxe de lugares como Estados Unidos, Caribe e Colômbia. Saem da cozinha o suculento salmão grelhado na churrasqueira com molho chimichurri e o medalhão de filé com molho de chocolate meio amargo e vinho.
Tarde – Depois de curtir a vista do mirante da Torre de Televisão, ainda dá pra curtir os arredores, onde crianças empinam pipas ao redor da Fonte Luminosa e outros pechincham pela Feira da Torre. Passe no estande da Tertúlia, que tem acessórios e objetos de decoração com frases e ilustrações fofas. Aí dirija até a Ermida Dom Bosco, uma capelinha piramidal considerada a primeira obra de alvenaria da capital, está um dos melhores pontos para acompanhar o cênico pôr do sol brasiliense. No parque, o pessoal se amontoa nos desníveis do terreno para ver o dia findar.
DOMINGO
Manhã – Na Asa Sul, a vistosa vitrine da La Boulangerie, com quase 60 tipos de pães diferentes, provoca crises de indecisão no café da manhã (há outras três lojas na capital). Meu voto definitivo vai para o pain au chocolat com amêndoas e o brioche com creme de amêndoas, simplesmente divinos. Na quadra ao lado dá para visitar a Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, construída por Niemeyer a pedido de Sarah Kubitschek em 1958. Siga para a Praça dos Três Poderes para ver o Palácio do Planalto, cuja visita deve ser agendada com antecedência – o tour de uma hora passa por lugares como o Salão Nobre, onde se faz a troca da faixa presidencial, e o gabinete do presidente. Depois, veja Os Candangos, de Bruno Giorgi, e, no outro extremo da praça, o Supremo Tribunal Federal, com a escultura A Justiça de Alfredo Ceschiatti em frente. À direita, o Panteão da Pátria tem um painel sobre a Inconfidência Mineira.
Praia de brasiliense é no Setor de Clubes, na beirinha do Lago Paranoá. No Clube do Vento, dentro do Clube Naval, há espreguiçadeiras, lanchonete, vestiários e aluguel de pranchas de windsurf e stand-up paddle. O SUP é super fácil de aprender, depois de um tombo ou outro já fica-se em pé na pranchona numa boa. Segundo o instrutor, dá pra remar até os arcos da famosa Ponte JK, mas eu achei meio longe.
Tarde – Aberta em 2012, a Torre Digital, ou Flor do Cerrado, é uma gigantesca torre de concreto de 170 metros de altura desenhada por Niemeyer. A fila do mirante é grande, mas a vista compensa: dá pra ver longe, até as cidades-satélites e a imensidão do cerrado.
Noite – Tão brasiliense quanto as colunas, vãos e curvas das construções de Niemeyer é o Beirute, boteco de 1966 que virou instituição da cidade. Seus garçons de gravata borboleta servem um famoso quibe recheado com queijo que vai muito bem com o chope de marca própria. Um clássico!
Que tal uma esticada até a Chapada dos Veadeiros?