Festas religiosas pelo Brasil que você precisa conhecer
De Padre Cícero a Iemanjá, passando pelo Sairé amazônico, estas festas santas expõem a cultura e a religiosidade brasileira, cheias de sincretismo e de fé
1. Lavagem do Bonfim, Salvador (BA)
Um dos melhores exemplos de sincretismo religioso no país, a Lavagem do Bonfim começa com um belo cortejo liderado pelas baianas e que sai da Igreja da Conceição da Praia e percorre os 8 quilômetros até a Igreja do Bonfim. Atrás delas vem o bloco dos Filhos de Ghandi, e em seguida todo mundo. A cor é o branco, em homenagem a Oxalá, no catolicismo o Senhor do Bonfim. A lavagem é simbólica, com vassouras e a água de cheiro trazida pelas baianas. Depois é só dar três voltas ao redor da igreja, fazer três pedidos e amarrar uma fitinha do Senhor do Bonfim no portão da igreja. E, claro, comer um acarajé nas barraquinhas ali perto.
QUANDO: Segunda quinta-feira depois do Dia de Reis.
2. Festa de Iemanjá, Salvador (BA)
Tudo começou com pescadores do Rio Vermelho, em Salvador, que resolveram fazer oferendas a Iemanjá pedindo mais peixe na rede e mares tranquilos. Isso foi em 1923, e hoje a festa é uma das mais belas demonstrações da cultura afro-brasileira no Brasil. Os rituais começam ainda na madrugada anterior e, às 5 horas, os balaios (cestos) de oferendas começam a ser transportados da Praia dos Pescadores para as embarcações que as levam para o mar às 16 horas do mesmo dia. Na areia, barraquinhas de comidas típicas, samba de roda, afoxé e capoeira.
QUANDO: Dia 2 de fevereiro.
3. Festa do Padre Cícero, Juazeiro do Norte (CE)
Em Juazeiro do Norte, a 600 quilômetros de Juazeiro, todo dia é dia de Padim Ciço. O Padre Cícero Romão, canonizado em 1973, está em todas – da enorme estátua na praça central da cidade às miniaturas das lojinhas de suvenires, passando pela marca de rapadura. O aniversário de sua morte, lembrada no dia 20 de julho, para a cidade desde 1934. É uma das maiores romarias do Nordeste, sem falar em missas, novenas, peregrinações aos lugares ligados ao religioso e também uma impressionante feira de artesanato e artigos religiosos relacionados ao santo.
QUANDO: Dia 20 de julho.
4. Festa da Paixão de Cristo, Brejo de Madre de Deus (PE)
São 50 atores, 400 figurantes, uma plateia de ao menos 8 mil pessoas por noite. Impressionam os números do espetáculo teatral, que em 2017 completa 50 anos de exibição. As oito exibições anuais acontecem durante a Semana Santa, na cidade-cenário de Nova Jerusalém, em Fazenda Nova. Transmitida também pela TV para todo o Brasil, a peça escrita por Plínio Pacheco é célebre pelo elenco famoso, que muda praticamente todo ano. Nos últimos dois, o papel de Jesus – que já foi de Thiago Lacerda e Murilo Rosa – está com Igor Rickli. Sem mencionar Fiuk como apóstolo João.
QUANDO: Nas semanas próximas à Páscoa.
5. Festa da penha, em Vila Velha (ES)
Parece inacreditável, mas a primeira Festa da Nossa Senhora da Penha aconteceu no longínquo ano de 1571, dois anos depois de a primeira imagem da padroeira do Espírito Santo chegar ao lindo Convento da Penha, trazida de Portugal. Hoje é a terceira maior festa religiosa do Brasil, depois da de Nossa Senhora Aparecida (SP) e do Círio de Nazaré (PA). Na Romaria dos Homens, milhares de fiéis andam por 14 quilômetros até o Convento, que fica no alto de um morro com vista para o mar. A das Mulheres, que começou em 1995, tem um percurso diferente.
QUANDO: Oito dias depois do domingo de Páscoa.
6. Festa do Sairé, Alter do Chão (PA)
Realizada nessa que é das mais belas praias de rio do Brasil, nas margens do Rio Tapajós, a festa do Sairé tem 300 anos. Sua origem vem das missões jesuítas que tentavam catequizar os índios das bacias amazônicas. A parte religiosa ainda acontece, mas hoje é apenas parte de um festival popular recheado de carimbó, puxirum, lundu e outros ritmos tradicionais. O ponto alto é o confronto dos botos Tucuxi e Cor-de-Rosa, em que as duas agremiações se apresentam no Lago dos Botos, também conhecido como Sairódromo.
QUANDO: Em meados de setembro.