Imagem Blog Vou Estudar Fora Por Blog Raquel Marçal ama viajar e aprender línguas e acha melhor ainda quando pode combinar os dois. Acredita que intercâmbio não tem idade e pretende continuar fazendo até os 80 anos
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Manual completo para você fazer um intercâmbio perfeito

Como escolher o destino? Vale a pena contratar uma operadora? Quanto dinheiro levo? Preciso de visto de estudante? Devo fazer seguro-saúde?

Por Raquel Marçal
Atualizado em 24 fev 2022, 14h15 - Publicado em 1 mar 2017, 12h31

» Planejamento

Quando devo começar a programar a viagem de intercâmbio?

O tempo necessário para organizar a viagem varia de acordo com a modalidade de intercâmbio que você deseja fazer. Até pouco tempo, três meses de antecedência eram um bom prazo para cursos de idiomas em países que exigem visto. Depois da pandemia, não mais, já que a fila para emissão dos documentos na maioria dos casos ainda não foi normalizada. Os programas de high school exigem ainda mais tempo para realizar todos os procedimentos, como análise do histórico do candidato e escolha da escola e da moradia. Além disso, as datas de início das aulas seguem um calendário escolar pré-fixado que varia de acordo com o país. Portanto, para dar conta de todo o processo, é recomendável iniciar o planejamento de seis meses a um ano antes da viagem. Os programas de trabalho também devem ser iniciados com antecedência de no mínimo seis meses. Caso você esteja pensando em cursar uma pós-graduação no exterior, prepare-se para pelo menos um ano de planejamento, já que o processo de inscrição, seleção e aprovação das universidades pode tomar alguns meses.

É melhor comprar um pacote de agência ou posso fazer tudo por conta própria?

Quem prefere cuidar de tudo por conta própria consegue até economizar. Mas é preciso paciência para vencer as etapas burocráticas. Muitas escolas têm centros de orientação a estrangeiros, o que facilita bastante o processo. Ao fechar o programa, é fundamental pedir recibos e documentos que auxiliem na obtenção do visto. As operadoras de intercâmbio, por sua vez, cobram taxa de serviço, mas têm a vantagem de fazer convênios com escolas e universidades, contam com infraestrutura de apoio no exterior, obtêm descontos em passagens aéreas e estão acostumadas a lidar com esse tipo de viagem, além de estarem por dentro dos protocolos sanitários de cada país.

Como não cair em armadilhas ao escolher um pacote?

Desconfie de orçamentos muito fora da média das outras operadoras, já que os preços não variam tanto de uma para outra. Aquela que oferece uma barbada pode ter escolhido uma escola com pouca ou má reputação no exterior. Em países como a Inglaterra, há várias instituições que cobram tarifas baixas, e geralmente são usadas por pessoas que contratam o pacote para ter o visto facilitado, mas, na verdade, querem morar e trabalhar no país. Estas instituições existem, oferecem aulas, mas suas estruturas e os professores deixam a desejar. Quando receber o orçamento, cheque o site da escola e converse com pessoas que fizeram o curso lá. Antes de fechar qualquer pacote, leia o contrato com lupa. Discuta até deixar tudo claro, inclusive a cláusula de desistência, pois imprevistos podem acontecer, ainda mais nos últimos tempos. Quem pretende parcelar o pagamento deve conferir se as prestações estão fixadas em real. Se estiverem em dólar, é melhor juntar o dinheiro para pagar de uma vez. Assim, evitam-se surpresas com a flutuação da moeda americana.

Como escolher o destino do meu intercâmbio?

Há cinco pontos principais que devem ser observados nessa seleção: seu estilo (aventureiro, descolado, executivo…); o objetivo da viagem (apenas estudo, diversão, estudo e trabalho etc.); o clima do país; o orçamento; e o tempo que deseja ficar fora. É difícil encontrar um país que alcance 100% de contentamento em todos os tópicos, mas a maior média entre eles pode indicar aquele que mais se aproxima do ideal para cada pessoa.

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Só para ficar no idioma inglês: o Canadá, por exemplo, apresenta uma ótima relação custo/benefício. Os Estados Unidos reinam entre os preferidos dos brasileiros pela tradição, infraestrutura e possibilidade de aprender com os melhores. Porém, os preços ainda podem ser um pouco salgados. A Inglaterra tem um sistema de ensino com ótimas escolas, não só na capital como também em outras cidades. No entanto, é um dos lugares mais caros do mundo. Um dos destinos geralmente sugeridos para jovens que desejam passar um longo período no exterior é a Austrália. O país permite ao estudante estrangeiro trabalhar legalmente até 20 horas semanais durante as aulas, ou em tempo integral nas férias. E se você estiver mesmo disposto a ir para o outro lado do mundo, considere também a Nova Zelândia. Mas há muitas opções fora desse circuito principal. Não devem ser desprezados países como África do Sul e Malta. A Irlanda também vem se firmando como um bom destino para os brasileiros. Atrai pelos programas de trabalho, que permitem conciliar os estudos de inglês com bicos que vão ajudar a pagar as contas durante a estadia.

» Documentos e vistos

Preciso de um visto especial de estudante?

Depende do país e do tempo que você vai permanecer nele. Brasileiros não precisam de visto para entrar nos países europeus que integram o Espaço Schengen: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Itália, Islândia, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Portugal, Suécia e Suíça. No entanto, caso o curso tenha duração de mais de três meses, é necessário solicitar o visto de estudante ainda no Brasil. A mesma regra vale para Argentina, Chile, África do Sul e Nova Zelândia.

A Austrália exige visto de turista e o documento é válido para quem vai estudar pelo período de até 12 semanas – acima disso, é preciso visto de estudante. No Canadá, o visto de turista pode ser utilizado pelo estudante por até seis meses. Quem vai aos Estados Unidos deve tirar um visto específico para cada finalidade: estudos, turismo ou trabalho. A Irlanda e a Inglaterra exigem visto de estudante apenas para quem vai estudar por mais de seis meses. Na China, o visto de estudante é obrigatório, independentemente da duração do curso. No México, o visto de estudante é necessário se o curso tiver mais de seis meses.

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Como faço para tirar o visto?

Para emitir o visto, cada país tem o seu trâmite burocrático. Muitos exigem passaporte válido por pelo menos seis meses. Vale informar-se com a operadora que organiza sua viagem ou diretamente com o consulado ou embaixada de destino quais são os documentos e pré-requisitos para o visto de estudante.

Se não conseguir o visto, perco o dinheiro investido?

Não. As escolas e operadoras costumam ser bem compreensivas nos casos de visto negado e você não perde tudo o que pagou. Em geral, basta apresentar a carta do consulado comprovando a negativa para ser isento de multas. No entanto, geralmente se paga uma pequena taxa correspondente aos gastos que a operadora teve até o momento do processo. Há casos em que também se perde o valor da matrícula na escola e, eventualmente, são cobradas multas de cancelamento. Mas nenhuma dessas situações será um grande rombo se comparado ao montante total do que foi pago pelo curso. Para quem já tiver comprado a passagem aérea, o prejuízo varia, dependendo da companhia.

Com o visto de estudante também posso trabalhar?

As regras para trabalho com o visto de estudante variam de acordo com o país. Na Austrália e na Irlanda, é possível trabalhar sendo estudante de curso de idioma (desde que seja um programa de no mínimo 14 semanas, na Austrália, e de 25 semanas, na Irlanda). No Canadá, Reino Unido, Nova Zelândia e França apenas estudantes de cursos superiores podem trabalhar legalmente.

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Sou menor de idade. Que providências meus pais terão de tomar para eu sair do Brasil sozinho?

Antes de embarcar, seus pais devem providenciar uma autorização para viagem de menor desacompanhado – sem ela, você não pode sair do país. Essa autorização deve ter a firma dos pais ou responsáveis reconhecida por autenticidade. Até pouco tempo, era necessário que eles comparecessen pessoalmente ao cartório. Desde agosto de 2021, no entanto, o processo também pode ser feito pela internet: a nova Autorização Eletrônica de Viagem (AEV) deve ser emitida através da plataforma e-Notariado (saiba mais aqui). Para mais informações, consulte também o site do Departamento da Polícia Federal.

Mesmo com toda a documentação correta, corro o risco de não passar na imigração?

É raro, mas pode acontecer. Para minimizar, e muito, as chances de passar por esse trauma, vale seguir algumas orientações:

COMPROVANTES → Tenha sempre em mãos a passagem de volta, o endereço onde ficará hospedado, a carteirinha ou contrato do seguro saúde (há países que pedem um mínimo de cobertura, vale checar), o contrato de matrícula na escola e demais documentos que comprovem que você realmente vai para estudar e passear – passes de trem e vouchers de passeios comprados ainda no Brasil, por exemplo.

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DINHEIRO → Talvez peçam para você comprovar que tem condições de manter-se financeiramente durante o período em que vai permanecer no país. É bom ter uma quantidade razoável de dinheiro vivo na carteira (alguns países exigem uma quantia mínima) e demonstrativos de rendimentos, como extrato da conta bancária e do cartão de crédito internacional.

ENTREVISTA  O funcionário costuma fazer algumas perguntas para saber, basicamente, o que você vai fazer no país, por quanto tempo vai permanecer e onde vai ficar. Muitas vezes fica apenas nisso. Mas ele também pode continuar a entrevista para se certificar de que tudo o que você está falando é verdade. Responda objetivamente ao que for perguntado e evite as explicações desnecessárias. O importante é manter a calma e falar a verdade, sempre.

» Saúde

Como funciona o seguro-saúde?

Ele é obrigatório para entrar na maioria dos países que recebem estudantes brasileiros. Antes de viajar, verifique se o seu plano de saúde tem cobertura no exterior ou se o seu cartão de crédito internacional inclui seguro-viagem. Caso contrário, contrate um plano privado em uma agência de turismo ou seguradora para evitar dores de cabeça ou rombos no orçamento. O trâmite deve ser feito ainda no Brasil. Atenção se você pretende esquiar ou praticar esportes de aventura: muitos planos não têm cobertura para essas atividades. Nesse caso, é necessário procurar um seguro específico ou pagar uma taxa extra. O custo do seguro-saúde geralmente é calculado de acordo com o número de dias no exterior, o tipo de cobertura, a idade do viajante e o destino escolhido. Dê preferência às empresas que oferecem atendimento 24 horas, em português, e a planos que contemplem hospitais próximos de onde você vai estar e que cubram gastos com remédios e transportes de urgência.

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Preciso tomar alguma vacina?

Muitos países exigem que os visitantes estejam vacinados contra determinadas doenças. A relação deve ser verificada no consulado do país estrangeiro no Brasil ou na operadora que está cuidando dos trâmites do seu intercâmbio. A imunização mais pedida no momento é a contra a Covid-19, claro. Mas outra vacina bastante pedida é a de febre amarela, que em geral deve ser tomada dez dias antes da data de embarque. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária tem em seu site informações sobre as vacinas necessárias para quem vai viajar ao exterior.

» Dinheiro

Quanto dinheiro devo levar?

Os gastos numa viagem variam muito dependendo do destino escolhido e do grau de consumismo de cada pessoa. Há cidades com custo de vida mais alto, caso de Nova York e Londres. As mais turísticas, como Madri e Paris, também tendem a ter mais atrações culturais e passeios. Seria um desperdício não aproveitá-las numa viagem ao exterior, mas, você sabe, elas não saem de graça. Para quem vai para esses destinos, é necessário encher a carteira além da média recomendada para cada país.

Vale a pena abrir uma conta no exterior?

Depende da duração da estadia e do motivo da viagem. Nos casos de high school ou de curso regular de idiomas de curta duração, por exemplo, não há necessidade de abrir conta em banco; mas se você vai ficar mais de três meses, é uma boa pedida. No caso de conciliar estudos com trabalho, é aconselhável abrir uma conta para depositar o salário e guardar o dinheiro com mais segurança. Alunos bolsistas de universidades na maioria das vezes têm de abrir uma conta em banco para receber o pagamento. Em geral, não há muita burocracia para realizar a abertura: passaporte e comprovante de residência resolvem a questão.

Como receber dinheiro do Brasil?

Existem duas opções: enviar o dinheiro por remessa via banco ou por depósito no cartão. Nos casos comuns de remessa, os custos são altos pois tanto o banco brasileiro quanto o banco no exterior cobram taxas, que podem chegar a até US$ 200 no total. Além disso, o dinheiro pode demorar até 72 horas úteis para chegar ao banco no exterior. Felizmente, hoje em dia existe a possibilidade de usar plataformas digitais que oferecem taxas mais econômicas e compensam o dinheiro em até dois dias úteis, como o Wise. Os novos bancos digitais como Nubank também permitem transferência de dinheiro para o exterior.

Outra opção é usar um cartão internacional de débito e saque, como o Visa Travel Money ou o Mastercard Travel Card. Funciona assim: os parentes depositam o dinheiro no cartão e o estudante pode ou optar pela utilização como cartão de débito, como faria no Brasil, ou efetuar o saque no país em que se encontra, já convertido para a moeda local. No primeiro caso, não incide nenhuma taxa, mas para cada saque são cobrados 2,50 na moeda do cartão (US$ 2,50, se o cartão tiver sido carregado em dólar). Os cartões de débito não estão livres dos 6,38% de IOF (Imposto sobre Movimentações Financeiras), cobrados na carga e recarga do cartão. O imposto também incide nas transações com cartão de crédito. Mas existe outra novidade aqui: o banco digital C6oferece opções de contas nas duas principais moedas do mundo: dólar e euro. O grande diferencial de uma conta internacional é que, além de oferecer um cartão de débito habilitado para uso em dezenas de países, a alíquota de IOF é menor: 1,1%.

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