Imagem Blog Além-mar Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, quase dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
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Um restaurante no Alto Alentejo que vale a viagem

Em Portalegre, o Sal, Alho e Etc é desses lugares para chamar de casa - até as receitas têm gosto de comida de mãe

Por Rachel Verano
Atualizado em 20 Maio 2019, 17h28 - Publicado em 25 mar 2019, 15h42
O salão do restaurante: ares de mercearia, clima de festa no interior
O salão do restaurante: ares de mercearia, clima de festa no interior (Bruno Barata/Reprodução)

Eram 21h de um sábado de quase primavera quando adentramos a cave que abriga o restaurante Sal, Alho e Etc, numa rua despretensiosa e sem graça fora do centro histórico de Portalegre, e logo viramos o centro das atenções. Naquela altura, provavelmente éramos os únicos forasteiros entre famílias e grupos de amigos da cidade que haviam se preparado para estar ali como o ponto alto do fim de semana – com roupas, maquiagem e até sapatos de salto à altura.

As azeitonas temperadas à espera: as melhores de Portugal são do Alentejo
As azeitonas temperadas à espera: as melhores de Portugal são do Alentejo (Bruno Barata/Reprodução)

Logo fomos conduzidos à única mesa vazia, no meio do salão, que já aguardava por nós com um pratinho de azeitonas temperadas e um saco de pano devidamente abastecido de um pão alentejano (ambos deliciosos). Não demorou até entendermos a alegria de estar ali. Foi naquele ambiente simples, com toalhas quadriculadas de vermelho e ares de armazém, que comemos uma das mais memoráveis refeições do Alto Alentejo.

Felício e o presunto: o pata negra português
Felício e o presunto: o pata negra português (Bruno Barata/Reprodução)

Tudo começou com um prato de presunto (aqui em Portugal, basta dizer presunto para se referir a presunto cru; o presunto cozido se chama fiambre). Logo que pedimos teve início o ritual. O proprietário, Felício Florestino, saiu da cozinha, ajeitou o avental, levantou o pano que cobria a pata e começou a fatiar meticulosamente na hora. Fatias brilhantes, marmorizadas, finas.

O começo de tudo: fatias perfeitas e rústicas de presunto de bolota
O começo de tudo: fatias perfeitas e rústicas de presunto de bolota (Bruno Barata/Reprodução)

O porco preto de bolota (a versão portuguesa do pata negra espanhol, que se diferenciam apenas pela linha da fronteira) tem nesta região o seu auge. E o menu reflete bem isso, com uma série de cortes especiais: plumas, bochechas, lagartos, nacos… Fomos de secretos, acompanhados de uma simples porção de batatas fritas. Simples demais, uau demais.

A sopa alentejana: tem um ovo ai dentro!
A sopa alentejana: tem um ovo ai dentro! (Bruno Barata/Reprodução)

Antes havíamos provado a sopa alentejana, um caldo de coentros e poejos com pedacinhos de pão e ovo escalfado. Estava ligeiramente herbívora demais, mas saborosa.

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Secretos de porco de bolota com batatinhas: simples e delicioso
Secretos de porco de bolota com batatinhas: simples e delicioso (Bruno Barata/Reprodução)

O grand finale foi uma das sobremesas alentejanas que mais gosto: sericaia (algo entre o bolo e a torta, meio pão de ló, só que molhadinho, à base de ovos e canela), escoltada pelas autênticas ameixas em calda de Elvas. A única interjeição que consegui proferir me levou direto à Minas Gerais da minha adolescência: NU!

Sericaia com ameixas d'Elvas de sobremesa: grand finale
Sericaia com ameixa d’Elvas de sobremesa: grand finale (Bruno Barata/Reprodução)

Anote ai: uma refeição para duas pessoas, com vinho, custa cerca de € 60. Além de carne de porco, o menu tem como especialidade carnes de caça, como veado em crosta de amêndoas, javali com castanhas, feijoada de lebre. Também não faltam delícias tipicamente alentejanas, caso das migas e açordas.

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