Imagem Blog Além-mar Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, quase dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
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Cantina Peruana, em Lisboa: um delicioso jantar passo a passo

Mergulhamos nos sabores andinos da mais nova empreitada do estrelado chef José Avillez em seu universo gastronômico no Chiado

Por Rachel Verano
Atualizado em 6 mar 2020, 14h28 - Publicado em 21 nov 2017, 15h42
Vista geral do restaurante: na varanda em cima do Pátio, nos fundos do Bairro do Avillez
Vista geral do restaurante: na varanda em cima do Pátio, nos fundos do Bairro do Avillez (Rachel Verano/Arquivo pessoal)

Dono de um verdadeiro império gastronômico em Lisboa, o chef José Avillez é o único à frente de uma casa que ostenta duas estrelas Michelin na capital portuguesa (o restaurante Belcanto). O feito é provavelmente a principal causa de tanto buzz em volta de seu nome, mas o fato é que ele não para. Desde 2016, ele já abriu pelo menos quatro casas. Em comum, elas têm o endereço (o nada modesto Bairro do Avillez, em pleno Chiado) e, até agora, o menu de sotaque português. Mas ai sua mais recente novidade veio mudar um pouquinho o cenário… e dar uma animada geral.

O primeiro Pisco Bar de Lisboa: bebidas deliciosas
O primeiro Pisco Bar de Lisboa: bebidas deliciosas (Rachel Verano/Arquivo pessoal)

A Cantina Peruana é um restaurante modernete de sabores andinos instalado em uma varanda em cima de um pátio (onde funciona o restaurante… Pátio ), nos fundos do Bairro do Avillez. Fruto da parceria de Avillez com o chef peruano Diego Muñoz, propõe uma viagem a cinco “mundos” da cozinha peruana, além do “mundo doce”: cru e frio (leia-se ceviches e tiraditos); andino (sabores tradicionais e milenares); brasas (comida de rua, sobretudo espetinhos); frituras (= vida ); e wok (arrozes e carnes).

O couvert: releitura crocante e sequinha de ceviche (frito, com pele de porco)
O couvert: releitura crocante e sequinha de ceviche (frito, com pele de porco) (Rachel Verano/Arquivo pessoal)

O menu é extenso, divertido e de difícil escolha. Os pratos, pequeninos, são um convite à partilha entre todos da mesa. Mas foi depois da chegada do couvert, uma releitura do ceviche (aqui finíssimo e frito, feito com pele de peixe) e uma espécie de pãozinho adocicado dobrado como um lenço, feito de milho chulpi, que entregamos os pontos e pedimos logo um menu degustação para facilitar a vida. O preço é convidativo: € 70 para duas pessoas, com um pouquinho de cada “mundo” em 11 pratos.

Um brinde com um cremoso (e delicioso) pisco sour clássico abriu os trabalhos:

(Rachel Verano/Arquivo pessoal)

E então chegaram…

tiradito de peixe branco com pimenta ají amarillo, bolinhas fofas de batata doce coroadas com um pinguinho de alho negro, manjericão e uma pirotecnia de leite de tigre líquido e sólido (graças ao nitrogênio):

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(Rachel Verano/Arquivo pessoal)

…ceviche clássico, com carapau (um peixe muito comum em Portugal) e polvo:

(Rachel Verano/Arquivo pessoal)

…e, para encerrar o mundo cru e frio, ceviche nikkei, com atum, pepino japonês, gergelim e algas:

(Rachel Verano/Arquivo pessoal)

Na sequência, o mundo andino aterrisou na forma de choclo con queso y albahaca, um milho gigante do Peru com casca de limão, pimentões e queijo de cabra:

(Rachel Verano/Arquivo pessoal)

Do mundo brasas vieram dois espetinhos: um de polvo com um creminho picante…

(Rachel Verano/Arquivo pessoal)

…e outro de porco com molho oriental, creme de gengibre e alho poró:

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(Rachel Verano/Arquivo pessoal)

As empanadas de galinha e o bolinho de batata recheado com rabo de boi representaram muito bem o universo das frituras, com a pimenta na medida e o recheio sempre cremoso:

(Rachel Verano/Arquivo pessoal)
(Rachel Verano/Arquivo pessoal)

A esta altura qualquer coisa já seria over, mas então ainda veio uma wok de arroz com frango e coentros, abacate, rabanete e um leite de tigre quente delicioso servido por cima, já na mesa:

(Rachel Verano/Arquivo pessoal)

Uma sobremesa? Não, duas! Para começar, mousse de chocolate peruano com uma telha de caramelo crocante, espuma de chocolate, bolo de chocolate branco, doce de leite e mais uma orgia de texturas…

(Rachel Verano/Arquivo pessoal)

…e, para encerrar, turrón de chirimoya, uma massinha frita e crocante recheada com creme de baunilha e acompanhada de morangos, espuma de amoras e umas pedrinhas de anona (a tal chirimoya, uma frutinha) geladas:

(Rachel Verano/Arquivo pessoal)

Algumas impressões:
1) o ambiente é mais divertido no andar de cima do Bairro
2) O atendimento é mais atencioso (ainda assim um pouquinho atrapalhado)
3) A comida é delicada e bem feita
4) O menu degustação é extenso (ideal para quem tem medo de ficar com fome depois das mil mini etapas típicas de um restaurante “gourmet” )
5) não seria nada mal se os pratos individuais fossem trocados a cada nova receita – a mistureba de leite de tigre e caldinhos em geral não ajuda em nada

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A movimentação na cozinha: caliente
A movimentação na cozinha: caliente (Rachel Verano/Arquivo pessoal)

Sou sempre um pouco comedida ao rasgar elogios à cozinha do Avillez, a quem atribuo sempre algumas reticências, mas desta vez faço coro: a Cantina Peruana, do alto de toda a sua despretensão, é das melhores novidades da cidade.

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