Do Leme ao Leblon, uma caminhada sem igual
O que ver no trecho de orla mais espetacular do Rio de Janeiro, do Brasil, da Terra
Formada pelas avenidas Atlântica, Vieira Souto e Delfim Moreira, a orla entre o Leme e o Leblon é, de longe a mais famosa do Brasil, quiçá a da Terra. São oito quilômetros que, a pé e sem descanso, leva-se duas horas pelo calçadão. Mas nós estamos aqui para duplicar, triplicar, com sorte quadruplicar esse tempo, enriquecendo o passeio.
Antes mesmo de começar a caminhada pelo calçadão propriamente, podemos fazer um desvio para conhecer uma atração pouco divulgada e até hoje, eu não sei a razão: o Forte Duque de Caxias. Com acesso pela Praça Almirante Júlio de Noronha, onde começa a Avenida Atlântica, no Leme, a fortificação de 1919 está no alto de um morro com vista deslumbrante para o Pão de Açúcar, Corcovado e Copacabana. A subida de 800 m por estrada de paralelepípedo – acesso apenas para pedestres – cansa um pouco, mas não é desabonadora. Além da vista, há um museu contando a história do forte. O local não abre às segundas-feiras.
De volta ao nível do mar, hora de andar no calçadão. Para contextualizar quem nunca pisou na orla do Rio de Janeiro, há quiosques a torto e a rodo e, a cada 700 m mais ou menos, um posto de salvamento dos bombeiros, chamados de Posto 1, Posto 2 e aí por diante. Importante falar: as praias são de tombo, basta entrar no mar e não há mais onde apoiar os pés.
Copacabana é o bairro que concentra o maior número de hotéis e apartamentos para alugar e, na Avenida Atlântica, os prédios são quase todos geminados. O calçadão parece uma Torre de Babel: você escuta idiomas que nem pensava em existir. A foto como o mítico Copacabana Palace, epicentro do Réveillon carioca, é uma das certezas da caminhada.
Já no fim da orla de Copa, entre os postos 5 e 6, a estátua de Carlos Drummond de Andrade sentado num banquinho de praia serve para uma selfie divertida, mas vamos respeitar nosso grande poeta, certo?
O Forte de Copacabana marca o fim do primeiro trecho. Aqui, não há morros para subir, mas tem uma bela vista do que já foi percorrido. Além dos canhões externos, no forte está o Museu Histórico do Exército, com outros armamentos, vestuários e fotografias. Dentro do Forte de Copacabana, uma filial da tradicional Confeitaria Colombo, garante um pit stop com doces, salgados e um cafezinho.
Pelo mal conservado Parque Garota de Ipanema, chega-se a um dos pontos mais cultuados do carioca: a Pedra do Arpoador e sua singular vista da orla de Ipanema e Leblon, com o Morro Dois Irmãos e a Pedra da Gávea ao fundo. A subida é insignificante e o visual, show de bola. Vale retornar no fim de tarde para ver o pôr do sol.
A estátua de Tom Jobim e seu violão serve como abre alas para o calçadão de Ipanema. Um pouco diferente do primeiro trecho, os prédios na Vieira Souto são mais espaçados, porém, as varandas são mais generosas e confesso que dá uma invejinha de quem pode acordar com aquela vista das Ilhas Cagarras ao longe no oceano.
Observe atentamente um casarão no nº 176, espremido entre dois prédios, para uma posterior visita. Na Casa de Cultura Laura Alvim há cinemas, teatro, galeria de arte e livraria.
Gigantescas esculturas de areia e esportistas treinando pesado são frequentes nesse trecho. Soma-se a isso a chance de encontrar uma celebridade, bem maior que no trecho Leme/Copacabana.
O Jardim de Alah faz a divisa Ipanema/Leblon e a avenida da orla passa a se chamar Delfim Moreira, também com belas construções, não sei o porquê de ter bem menos fama que a Viera Souto.
Um pouco antes do Posto 12, não se surpreenda com o número de carrinhos de bebê – ali é point entre os pequenos, praticamente a primeira balada de suas vidas. O Baixo Bebê é um point de encontro entre mães e babás.
O Leblon chega ao fim, mas vale subir 150 m da Avenida Niemeyer para fechar com chave de ouro, apreciando a vista do Mirante do Leblon. Uma água de coco gelada é muito bem vinda para celebrar o momento. E não acabou. Do mirante você estará a um pulo do Parque Penhasco Dois Irmãos, que é surpreendentemente vazio e reserva quatro mirantes de cair o queixo! O acesso é pela rua Aperena, uma pirambeira. Dica: se as pernas não obedecerem mais, apele para um táxi ou Uber.
Leia tudo sobre o Rio de Janeiro