Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Achados no País Basco: tradições bizarras, campeonato de levantamento de pedra

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h55 - Publicado em 28 ago 2010, 09h42


Os H-A-R-R-I-J-A-S-O-T-Z-A-I-L-E se enfileram para as apresentações: 8 ogros e um magrinho suicida

Quando os meus exímios anfitriões Javi e Paulinha perguntaram se eu fazia questão de ver alguma atração específica da Semana Grande (as festas populares de verão) de San Sebastián, no País Basco, eu fui bem clara: vou enfartar se não assistir aos levantadores de pedras. “Os harrijasotzaile?”, perguntou Javi. “Isso mesmo”. E tomei como objetivo de vida – em vão — decorar a palavra: H-A-R-R-I-J-A-S-O-T-Z-A-I-L-E”.

Sábado à tarde, pagamos o ingresso de € 4 e lá estávamos, numa arquibancada de cimento ainda quente do sol, cercados por um público 100% local. Ainda que a cidade estivesse lotada de turistas, o campeonato seria realizado numa quadra esportiva bem escondidinha. E como tudo estava escrito em euskera, o povo realmente não tinha como adivinhar o que estava rolando por trás dos tapumes (eis a minha teoria para explicar o fato de eu ser a única gringa com fixação pelos H-A-R-R-I-J-A-S-O-T-Z-A-I-L-E) .

Ivan, bem fino, dando um tapinha antes de começar a prova: minha aposta fracassa com apenas 5 levantadas

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Pontualíssimamente às 7 da noite, aconteceram as apresentações. Oito marmanjos barrigudos e um franguinho com espírito suicida, usando roupas encardidas, enfileiraram-se na frente de uma pedra oval e lisa de 135 quilos (“duas eus e mais meia Paulinha”, pensei). Dei uma olhada rápida e julguei o ogro da esquerda, com cara de mal, o campeão potencial. “Esse é o meu homem! Alguém quer fazer bolão?”. Ivan era o nome.

Jarri ondo! Jarri ondo!

Depois de um sorteio, Ivan, o terrível, sagrou-se como o primeiro H-A-R-R-I-J-A-S-O-T-Z-A-I-L-E da fila. Então um narrador explicou as regras em euskera: cada um tem 5 minutos para levantar a pedra o maior numero de vezes possível. Prrrrri! É dada a largada.

Etapa 1: colocar a pedra em pé

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Etapa 2: colocá-la no colo

Etapa 3: fazê-la subir até o ombro

Nesse momento, o treinador berrava: “JARRI ONDO! JARRI ONDO!”. Meu amigo Javi traduzia: “Coloca bem! Coloca bem! (Talvez por causa da testosterona que jorrava dos atletas, me foi impossível não pensar em outras aplicações para a expressão nesse momento).

Etapa 4: agüentar a pedra no ombro por uns segundos

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135 quilos no ombro

Ao contrario do que eu pensava, não havia urros nem grunhidos. Aparentemente, não pega bem para um H-A-R-R-I-J-A-S-O-T-Z-A-I-L-E. Com muito sufoco, Ivan conseguiu levantar a pedra 5 vezes.

Público compenetrado: testosterona jorrando…

Arquibancada cheia e nenhum turista

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O campeonato seguiu mais ou menos monótono. Até que apareceu o cara: José Ramón Iruretagoiena, o  “Izeta II”, que conseguiu levantar a pedra, como se fosse de isopor, DEZESSEIS vezes, humilhando o meu Ivan e sendo ovacionado pelos presentes.

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