Atualizado em fevereiro de 2019
“Pequena notável” é um apelido que parece cair como uma luva para Aracaju. Considerada a menor capital do Nordeste, com aproximadamente 600 mil habitantes, e também com uma maiores qualidades de vida da região, a cidade nem por isso passa despercebida por turistas que a visitam graças à receptividade de seus habitantes e à sua identidade.
A história da cidade tem como trunfo o fato de ter sido a primeira capital planejada da região. Fundada em 1590 pelos portugueses, a cidade de São Cristóvão foi erguida longe do litoral do Estado para evitar as invasões francesas. Em 1637, ela acabou sendo invadida e incendiada pelos holandeses, criando a necessidade de transferir a sede do governo para um povoado mais próximo aos portos. Surgiu, então, entre dunas e manguezais, a cidade de Aracaju.
Não é difícil se surpreender com as boas iniciativas que se acumulam por aqui. Ao chegar à orla de Atalaia, a praia mais conhecida, o visitante depara-se com a boa infraestrutura do calçadão. Parques infantis e quadras podem ser utilizados sem restrição de horário. As bicicletas, que se acumulam aos montes, podem ser alugadas e desbloqueadas pelo celular – uma iniciativa implementada em 2014 que deu tão certo que estuda-se uma possibilidade de ampliação. Além disso, impressiona a rede hoteleira e os grandes eventos que ocorrem ali durante o ano, como o Reveillón na Passarela do Caranguejo, o Projeto Verão, o Carnacaju e as festas de frevo. Não à toa, ela é marcada como ponto de encontro e concentra o melhor da noite da cidade.
Diferentemente da maior parte das cidades litorâneas que caracterizam o Nordeste, como Maceió e Fortaleza, o mar de Aracaju é turvo graças ao encontro de águas salgadas com a foz dos rios. Isso não impede que o turista se delicie com bons banhos ou que relaxe na areia branca e fina das praias.
Pratos com peixes e frutos do mar, sobretudo os caranguejos, são ofertados aos montes nos restaurantes e bares. Mas é na carne de sol com pirão de leite que se concentra a força gastronômica local.
Uma característica forte da cultura sergipana é a literatura de cordel. Em diversos pontos de Aracaju, como no Mercado Antônio Franco e no Centro de Arte e Cultura J. Inácio, é possível ver artistas versando alegremente, na tentativa de vender os livros pendurados em varais.
Dia 1
O foco aqui são as praias e um belo banho de mar! Acorde cedinho e aproveite a tranquilidade da manhã para visitar a Praia do Saco, localizada a cerca de 70 quilômetros ao sul de Aracaju. Cercada por coqueiros e dunas, ela tem um mar calmo e de tonalidade esverdeada que a caracterizam como uma das mais belas do estado, e boa infraestrutura de barracas de praia. Na foz do Rio Real, que divide o Sergipe e a Bahia, há piscinas naturais interessantes. Aproveite para fazer um passeio de bugue ou de lancha.
De lá, dirija até a Praia Mosqueiro, de clima tranquilo e com feiras populares aos sábados. Vale uma esticada até o entardecer. A essa altura, caminhe até o povoado do Mosqueiro para chegar até a Orla Pôr do Sol, que fica dentro da praia. De lá, o cenário é deslumbrante, com diversos barquinhos flutuando sob as águas, junto à foz do rio Vaza-Barris.
Depois de relaxar com o cenário, volte para o lado mais badalado de Aracaju e aproveite o anoitecer na praia mais famosa da cidade: Atalaia. A orla é a síntese da qualidade de vida proporcionada pela cidade, com quadras, parquinhos, ciclovias e até feirinhas de artesanato ao longo de seus 4 quilômetros.
Pare para tirar uma foto dos Arcos da Orla, portal de entrada e o mais belo cartão-postal do lugar, além de ser o marco do desenvolvimento da capital. Caminhe pela Passarela do Caranguejo e divirta-se com a estátua enorme do crustáceo que dá nome ao lugar.
Em seguida, prossiga para o Centro de Arte e Cultura J. Inácio. O caju enorme que ocupa sua entrada é só um dos mais de vinte que estão espalhados pela capital, sendo que cada um leva a pintura e assinatura de um artista diferente. Pare no local para fazer umas comprinhas nas lojinhas de artesanato e adquirir um livrinho de um dos melhores patrimônios culturais do estado: a literatura de cordel. Vale, ainda, escolher uma peça da delicada renda irlandesa que é comercializada por ali. Trazida há oitenta anos para Aracaju por duas irmãs religiosas, a renda, que é fabricada unicamente pelos sergipanos, é bordada a mão e tombada pelo Iphan.
Ao retornar pela orla, permita-se caminhar por sua extensão e observar as estátuas de bronze que se acumulam por ali. Há retratos de personalidades importantes tanto para o estado sergipano quanto para o próprio país, como Zumbi dos Palmares e Juscelino Kubitscheck. De lá, siga para o Oceanário, um atrativo perfeito para crianças.
Construído em 2002 no formato de uma tartaruga marinha e com 700 m² de área, o Oceanário foi o primeiro a ser erguido no Nordeste. Administrado pelo Projeto Tamar, ele guarda em seu interior diversas espécies de animais marinhos. Um de seus tanques é o lar da espécie tubarão lixa. Sob a supervisão dos biólogos, é possível, inclusive, alimentá-los e passar a mão nos animais. Na saída, observe os lagos artificiais que cercam o Oceanário. Se estiver com os pequenos, pare no Mundo Maravilhoso da Criança, na Orla de Atalaia, e deixe que se acabem nos parquinhos.
Dia 2
Pra começar o dia bem, vá até o Mirante 13 de Julho. Ele oferece uma bela visão panorâmica da cidade, além de abrigar uma maquete do estado, cercado por manguezais. A programação é interativa: cada época conta com uma exposição diferente, além das famosas feiras. Por aqui, também há um ponto de informações turísticas.
Saindo de lá, que tal conhecer a ponte mais emblemática da capital, que atravessa o Rio Sergipe? Inaugurada em setembro de 2006 pelo construtor civil João Alves, a Ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros tem 1820 metros de extensão e é considerada a maior ponte estaiada do Nordeste, e liga a cidade até a Barra dos Coqueiros. De lá, pare para observar o Edifício do Estado de Sergipe. Com 96 metros de altura, ele é o maior edifício construído na cidade – e leva o apelido de Maria Feliciana, que, com seus 2,25 m, já foi considerada a mulher mais alta do Brasil.
Nas proximidades, ficam três importantes mercados para a cidade: o Mercado Thales Ferraz, o Mercado Antônio Franco e o Mercado Albano Franco. Opte pelo Thales Ferraz primeiro. Inaugurado em 1942, ele comercializa peças de artesanato, queijos, tapiocas, rapaduras e castanhas de caju. Na passarela que o liga ao Mercado Governador Albano Franco, é possível avistar a Torre do Relógio e observar os poetas cordelistas da banquinha. Chegando ao Mercado Antônio Franco, aproveite para fazer umas comprinhas com seus artesanatos, bordados e rendas. De lá, dê um pulo no Albano Franco, ideal para comprar carnes, peixes, legumes e frutas regionais.
Em comum, todos esses mercados têm o fato de emprestarem sua área externa à festa do Forró Caju, uma dos mais importantes da cidade. Ela ocorre sempre em junho, em comemoração às festas de São João, e atraem em média 150 mil pessoas.
Em seguida, prepare-se para desbravar o lado mais cultural de Aracaju. No Centro de Turismo, a arquitetura chama a atenção e revela boas histórias. Aqui, já funcionou uma escola só para mulheres e uma Casa de Detenção Para Menores Infratores. Hoje, ela é um importante centro de comércio de artesanato e da emblemática renda irlandesa. De lá, visite a bela Catedral Metropolitana, datada de 1862.
Partindo da igreja, siga para o Museu Palácio Olímpio Campos. Antiga sede do governo, ele já serviu como residência de personalidades como o Governador Valadares. Suas salas guardam uma maquete do centro histórico da cidade, uma sala de jantar com doze pinturas, um quarto feminino com fotos das primeiras mulheres que ocuparam cargos políticos no país, mobiliários da década de 1950, escrivaninhas de 1920 e um piso de mais de 150 anos. Não à toa, os visitantes precisam entrar com um protetor nos pés. A visita é gratuita e pode ser estendida até a biblioteca, que funciona como um centro de pesquisa.
De lá, siga para o melhor museu da capital – e um dos melhores do Brasil. O Museu da Gente Sergipana leva a banca por ter um funcionamento interativo e 100% digital. No acervo fixo, é possível interagir com um feirante negociando produtos, ver um painel com expressões típicas sergipanas, visitar a Sala de Biomas, que mostra animais típicos da região dentro de um carrinho, e conhecer mais sobre pratos, ingredientes, agricultura e pecuária locais. Outras atrações interessantes são a Roda do Tempo, que mostra os principais eventos da história do estado, o Carrossel, que gira mostrando cenas da capital, e a Amarelinha, cujos dados mostram festas típicas.
Saindo do museu, vá até o Farol Marinha do Brasil, inaugurado em 1998 e marcado como um dos cartões-postais da cidade. Ao cair do entardecer, vá até a Praia Aruana tomar uma água de coco e relaxar na atmosfera tranquila proporcionada por ela.
Ao final da viagem, você com certeza vai ser acometido pela mesma sensação boa que me acompanhou: a de ser bem acolhido e de se sentir importante.
Se tiver mais um dia:
– Faça um passeio de barco pelos cânions do Rio São Francisco – uma das melhores atrações do estado.
– Estique até as cidades de Laranjeiras e São Cristóvão, que concentram atrações históricas.
– Aproveite para conhecer o Zoológico da cidade. Com 93 hectares de preservação ambiental, ele é uma boa pedida para crianças. Aqui, inclusive, funciona a hípica da polícia militar, que promove tratamento de crianças autistas e com síndrome de down com cavalos.
– Vá até o Morro do Urubu, que guarda uma imagem de 10 m de altura de N. S. da Conceição. Caminhando pela pequena trilha local, dá para chegar a um pico que oferece uma visão linda da cidade. É aqui que muitos turistas aventureiros aproveitam para praticar esportes de aventura, como saltar de pára-quedas.
– Do Morro do Urubu, se não tiver medo de altura, aproveite para fazer um passeio de teleférico, que passa pelo zoológico e por uma extensa área verde.
– Dê um pulo na Colina de Santo Antônio, onde a história da capital sergipana se iniciou, em 1855. O lugar guarda uma capela homônima.
Salve este mapa e leve o roteiro no seu celular:
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